Warning: session_start(): open(/tmp/sess_92ea3cc6301c410841970bcb91320d7e, O_RDWR) failed: No space left on device (28) in /home/ofaj/public_html/pesquisa_conteudo.php on line 157

Warning: session_start(): Failed to read session data: files (path: /tmp) in /home/ofaj/public_html/pesquisa_conteudo.php on line 157

Warning: session_start(): open(/tmp/sess_8062e770122f3b6312a00523f00cb8de, O_RDWR) failed: No space left on device (28) in /home/ofaj/public_html/include_contador.php on line 4

Warning: session_start(): Failed to read session data: files (path: /tmp) in /home/ofaj/public_html/include_contador.php on line 4
-] INFOhome - GRUPOS DE PESQUISA - GEMINAS - GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM MEDIAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO E OS MARCADORES SOCIAIS DA DIFERENÇA - A 7A SEMANA NACIONAL DE ARQUIVOS E OS GRUPOS SUBALTERNIZADOS: UM ENFOQUE SOB O PRISMA DA MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO [-
GEMINAS - GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM MEDIAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO E OS MARCADORES SOCIAIS DA DIFERENÇA


  • O Grupo foi criado em 22/05/2020 e propõe-se a dinamizar estudos e pesquisas que focalizam a mediação, a representação e a apropriação da informação, em interface com os marcadores sociais da diferença. Objetiva-se, por meio do compartilhamento de saberes, contribuir para intersecção de estudos entre a mediação, a representação e a apropriação da informação na perspectiva do protagonismo social e o respeito à alteridade.

A 7A SEMANA NACIONAL DE ARQUIVOS E OS GRUPOS SUBALTERNIZADOS: UM ENFOQUE SOB O PRISMA DA MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Ana Isabel Ferreira Wanderley

Vitor Hugo Teixeira

Considerar a mediação da informação como um fundamento da Ciência da Informação em favor do protagonismo social (GOMES, 2020) permite transcender a ideia de uma apropriação de informações condicionada às demandas originadas pelos sujeitos e atendidas apenas no âmbito dos equipamentos informacionais. Antes, a necessidade de promover tal protagonismo instiga o indivíduo a adotar uma conduta mediacional que lhe resulta em um verdadeiro reposicionamento diante da vida. Isto é, observar a realidade a partir de uma ótica inclusiva, emancipatória e plural traduz cada situação ou processo numa oportunidade para interferências humanizadoras – dentro e fora dos respectivos equipamentos. Isso se torna mais evidente quando encaramos a interdisciplinaridade que envolve o objeto informacional, bem como a sua presença enquanto fenômeno em todo e qualquer contexto social. Desse modo,

[...] destaca-se o esforço do mediador em, na medida do possível, ser transigente, despindo-se de preconceitos e trabalhando para valorizar as diversidades, sejam elas de natureza cultural, social, religiosa, filosófica, política ou de gênero. Assim, ser mediador é tomar para si o compromisso de participar, de forma ética, da vida escolar, acadêmica, política e social, para que possa modificar a maneira de ser e estar no mundo. (SANTOS NETO; BORTOLIN, 2019, p. 4)

Neste sentido, por meio da atuação do Grupo de Estudos e Pesquisas em Mediação e Representação da Informação e os Marcadores Sociais da Diferença (GeMinas), que estabelece seu foco nos processos de empoderamento e protagonismo social de grupos historicamente subalternizados, encontramos, na programação da 7ª Semana Nacional de Arquivos (SNA), uma oportunidade singular para indicar como esses grupos têm sido evidenciados pela Arquivologia brasileira.

A SNA é uma iniciativa do Arquivo Nacional. Sua sétima edição, ocorrida entre os dias 2 e 9 de junho de 2023, abordou o tema “Arquivos: territórios de vidas”, cujo escopo estimula que o uso dos registros documentais se dê como instrumento de promoção de pertencimento, por meio do qual todas as pessoas tenham a oportunidade de se reconhecer e promover a outrem esse reconhecimento com base em valores democráticos. Para promover o tema, o Arquivo Nacional lançou as seguintes questões:

Os arquivos refletem a diversidade dos sujeitos e das culturas que dão forma à nossa sociedade e à nossa história? Quem tem e como se dá o acesso aos arquivos? Os conceitos e linguagens aplicados para descrever, contextualizar e organizar os documentos estão orientados à promoção da inclusão e da cidadania das/os brasileiras/os? O que nos cabe fazer para que os procedimentos arquivísticos estejam cada vez mais voltados à formação de arquivos plurais, capazes de estimular a desnaturalização de desigualdades? Como essas dimensões se relacionam com o papel gerencial e técnico dos arquivos para a administração pública? (ARQUIVO NACIONAL, 2023)

Nesse cenário, a 7ª SNA contou com uma ampla adesão das unidades federativas do país – com exceção de alguns estados da Região Norte apenas –, conquistando um recorde histórico no número de atividades e localidades envolvidas: 525 eventos (presenciais e remotos) organizados por 220 instituições espalhadas por 91 municípios (ARQUIVO NACIONAL, 2023). Ainda que se reconheça tamanha conquista, a forma descentralizada com que cada instituição idealizou seus eventos culminou numa abordagem de temas diversos, motivada por diferentes fatores que fogem ao nosso alcance, de modo que muitas atividades não contemplaram o seu tema geral (podemos citar, como exemplos, as necessidades e demandas locais preexistentes sobre outros assuntos relacionados aos arquivos e os interesses e finalidades de cada instituição organizadora).

Reconhecendo, também, que esse fator não deslegitima a iniciativa do Arquivo Nacional – pelo contrário, ela corresponde a uma demanda urgente da sociedade brasileira em tempos de reconstrução da democracia –, buscamos identificar, dentre essa vasta programação, os eventos que, de fato, atravessam a temática dos povos historicamente subalternizados, que delineiam os propósitos do GeMinas. Assim, com a expectativa de contribuir para reforçar os valores democráticos da sociedade, consideramos essa iniciativa como uma mediação consciente, uma vez que consiste em uma interferência pautada na (re)organização de informações de uma dada ambiência, visando a sua apropriação pelos/as leitores/as e à consequente geração de conflitos que, almejamos, ocasionarão novas necessidades e perspectivas de uso da informação (ALMEIDA JÚNIOR, 2015).

O levantamento em questão (detalhado no quadro ao final do texto) foi realizado por meio da seleção dos eventos que expuseram os assuntos de modo explícito no título e/ou na descrição, fazendo-nos chegar ao número de 55 atividades (aproximadamente 10% da programação total). Entre os aspectos abordados, destacamos:

  • A observação dos acervos sob um olhar crítico, enquanto registros informacionais que revelam cenários de conflitos, tensões, disputas, resistências contra processos de opressão e apagamento de grupos historicamente subalternizados (comunidades indígenas, negras, mulheres, trabalhadores/as).
  • A perspectiva interseccional se faz presente nas discussões (gênero, classe, raça/etnia).
  • Crítica ao pensamento de caráter hegemônico (como o anglo-saxão e o europeu) em seu traçado fomentador de racismos e preconceitos, mirando discussões de cunho decolonial.
  • As relações de poder que permeiam a composição e a difusão de acervos.
  • A não neutralidade no pensar e fazer arquivísticos.
  • O reconhecimento das desigualdades e proposição de ações, visando dirimir assimetrias sociais, de modo a reconhecer e congregar a pluralidade/diversidade de saberes – busca por equidade, inclusão.
  • A valorização da oralidade.

De modo geral, identificar como o tema “Arquivos: territórios de vidas” se desdobrou no transcurso da 7ª SNA possibilitou observar que discutir o papel social dos arquivos, de modo crítico, é uma ação necessária cujas questões se encontram intrinsecamente relacionadas aos marcadores sociais da diferença. A discussão acerca da função social da qual se revestem os arquivos no momento atual nos remete a Delmas (2010), o qual assinala que as funções e os valores dos arquivos adquirem novos matizes em conformidade com as diversas transformações ocorridas na sociedade. O autor acrescenta que, quando emerge a necessidade informacional, os arquivos se tornam essenciais, independentemente do valor/utilidade do qual se revelem, posto que acompanham “todos os momentos e todos os aspectos de nossas vidas individuais e coletivas” (DELMAS, 2010, p. 53). Mirando a acentuada “presença” desses registros informacionais, Delmas (2010) assevera que os arquivos se configuram como um desafio político: “[...] disso decorre o seu poder e a necessidade de conservá-los, como também a sua rejeição, até sua destruição por parte daqueles que não querem que a verdade seja conhecida” (DELMAS, 2010, p. 53). Tal reflexão nos dirige à temática deste ano – “Arquivos: territórios de vidas” –, visto que reflete justamente as transformações atuais da sociedade e a necessidade de o campo arquivístico estar em consonância com as demandas que se fazem presentes no que diz respeito ao reconhecimento e à inclusão das múltiplas vozes que compõem a sociedade brasileira – perceber os arquivos enquanto terreno de tensões, de conflitos, de poder –, de modo a não incorrer em destruição de narrativas, como pontua Delmas (2010).

É muito comum ouvirmos a expressão “arquivo morto” quando os documentos já cumpriram suas funções em conformidade com a razão de sua criação. “Trata-se de papéis velhos, sem importância”, dizem os que desconhecem o seu valor. Assim, admitir os arquivos como territórios de vidas nos impele a seguir um caminho diametralmente oposto – refletirmos sobre a eloquência dos arquivos em sua pluralidade de significações e usos, contemplando as necessidades informacionais de todas/es/os.

Semear esses territórios arquivísticos implica considerar as dimensões políticas, econômicas, sociais e culturais que envolvem a constituição e o acesso aos arquivos. De igual modo, inclui o cultivo de ações de enfrentamento de todas as formas de preconceito e discriminação social, racial e de gênero, vislumbrando o fortalecimento de uma sociedade mais equitativa e democrática. A tarefa nos parece demasiada complexa e desafiadora, entretanto, a SNA, em sua 7ª e histórica edição, concede-nos reflexões significativas quanto à análise crítica da responsabilidade social dos arquivos – deslindar as intencionalidades na produção/aquisição e tratamento dos acervos. Num país extenso e diverso como o Brasil, promover a colaboração por meio de eventos como a SNA inspira que os grupos subalternizados estejam cada vez mais presentes, seja qual for a temática geral escolhida.

Arquivo morto ou territórios de vidas? O intento é buscar aproximações, suscitar a dialogia entre acervos/instituições arquivísticas e a sociedade como um todo – em suas diversas expressões –, numa prática mediadora consciente, para que cada sujeito/comunidade se aproprie de sua própria história.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA JÚNIOR, O. F. Mediação da informação: um conceito atualizado. In: BORTOLIN, S.; SANTOS NETO, J. A.; SILVA, R. J. (org.). Mediação oral da informação e da leitura. Londrina: Abecin, 2015. p.9-32.

ARQUIVO NACIONAL. 7ª Semana Nacional de Arquivos: “ARQUIVOS - TERRITÓRIOS DE VIDAS”. Disponível em: https://www.gov.br/conarq/pt-br/assuntos/eventos-1/7a-semana-nacional-de-arquivos-201carquivos-territorios-de-vidas201d. Acesso em: 10 jun. 2023.

DELMAS, Bruno. Arquivos para que: textos escolhidos. São Paulo: Instituto Fernando Henrique Cardoso, 2010.

GOMES, H. F. Mediação da informação e suas dimensões dialógica, estética, formativa, ética e política: um fundamento da Ciência da Informação em favor do protagonismo social. Informação & Sociedade: Estudos, v. 30, n. 4, p. 1-23, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/57047/32518. Acesso em: 10 jun. 2023.

SANTOS NETO, João Arlindo dos; BORTOLIN, Sueli. Mediação da informação no campo da Arquivologia. Transinformação, v. 31, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tinf/a/X9xTMN3DDwYCvVRb3HfvwQb/?format=pdf&lang=p. Acesso em: 10 jun. 2023.

NOTA:

1 - Disponível em: https://www.gov.br/arquivonacional/pt-br/sites_eventos/SNA/sna-2023/tema

Temas presentes na 7ª Semana Nacional de Arquivos envolvendo grupos subalternizados:

 

 

 

 

Fonte: Elaborado pelos/as autores/as a partir da programação oficial da 7ª Semana Nacional de Arquivos (Arquivo Nacional). Disponível em: https://www.gov.br/arquivonacional/pt-br/sites_eventos/SNA/sna-2023/programacao.

 

Ana Isabel Ferreira Wanderley é doutoranda em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mestra em Ciência da Informação pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e bacharela em Arquivologia, pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). É membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Mediação da Informação, Representação e Marcadores Sociais da Diferença (GeMinas). Atualmente é arquivista na Universidade Federal do Ceará (UFC). Participou como membro titular do Comitê de Patrimônio Cultural da UFC (CPAC/UFC), da Comissão Permanente de Avaliação de Documentos (CPAD), da Comissão para Operacionalização e Acompanhamento do Sistema Eletrônico de Informações (CGASEI) e do Grupo de Trabalho para a Criação do Quadro de Arranjo Arquivístico da UFC. Temas de interesse: Ciência da informação, com ênfase em arquivologia; organização e representação da informação e do conhecimento; usos e usuários da informação; arquivos pessoais; arquivos institucionais; diplomática; descrição arquivística; gestão da informação arquivística.

Contato: anaisabelfw@gmail.com

 

Vitor Hugo Teixeira é mestrando em Ciência da Informação no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), na linha de pesquisa de Organização, Representação e Tecnologias da Informação, com pesquisa financiada pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq-PB). Graduado em Arquivologia pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) (2019). Atua como Coordenador de Comunicação da Associação de Arquivistas da Paraíba (AAPB) (2022-2025) e como revisor ad hoc do periódico Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação e Biblioteconomia (PBCIB). É membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Mediação e Representação da Informação e os Marcadores Sociais da Diferença (GeMinas). Tem interesse pelos seguintes temas: Ciência da Informação e Arquivologia, com ênfase em Políticas Arquivísticas e suas relações com: Organização e Representação da Informação e do Conhecimento (ORIC); Mediação; Difusão; Apropriação; Competência/Letramento; Democratização; Emancipação; Desinformação; Justiça e Inclusão Social; Memória e Patrimônio; Linguagem e Discurso; Cognição, Metacognição e Sociocognição.

Contato: vitorhugo-teixeira@hotmail.com


   500 Leituras


Saiba Mais





Próximo Ítem

author image
UM BREVE HISTÓRICO DO PROTAGONISMO SOCIAL DAS MULHERES NA CIÊNCIA E NA BIBLIOTECONOMIA
Agosto/2023

Ítem Anterior

author image
A UNIVERSIDADE LIVRE FEMINISTA: MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO E EMPODERAMENTO DAS MULHERES
Maio/2023



author image
GEMINAS - GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM MEDIAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO E OS MARCADORES SOCIAIS DA DIFERENÇA

O Grupo foi criado em 22/05/2020 e propõe-se a dinamizar estudos e pesquisas que focalizam a mediação, a representação e a apropriação da informação, em interface com os marcadores sociais da diferença. Objetiva-se, por meio do compartilhamento de saberes, contribuir para intersecção de estudos entre a mediação, a representação e a apropriação da informação na perspectiva do protagonismo social e o respeito à alteridade.