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GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISA EM MEDIAÇÃO E COMUNICAÇÃO DA INFORMAÇÃO (GEPEMCI)


  • O Grupo de Estudos e Pesquisa em Mediação e Comunicação da Informação (GEPEMCI), vinculado à Universidade Federal da Bahia (UFBA) e ao seu Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI), foi criado e certificado pelo CNPq no ano de 2006, sob a liderança das Profas. Henriette Ferreira Gomes e Raquel do Rosário Santos.

    Suas pesquisas focalizam a mediação e comunicação da informação; a mediação implícita e explícita; a mediação consciente; os dispositivos de mediação da informação; as ambiências informacionais; a mediação da leitura e da escrita; mediação e memória social; o papel, a atuação e a formação do mediador da informação; as mediações para o desenvolvimento de competência crítica em informação; mediação e cultura informacional; as novas relações entre sujeito e informação para o acesso, uso e apropriação da informação.

PRÁXIS INFORMACIONAL COMO DISPOSITIVO DE CUIDADO

Mirleno Livio Monteiro de Jesus

As reflexões elaboradas nesse texto emergem do contexto conceitual difundido pelos estudos e pelos escritos de Almeida Júnior (2015) ao apresentar a mediação da informação como, segundo sua concepção, o objeto de estudo da Ciência da Informação. A mediação da informação inaugura assim, esse campo do conhecimento, uma nova perspectiva de estudo e de práxis acadêmico-profissional. A partir desse movimento inaugural os processos informacionais passam a ser, portanto, compreendidos sob novos enfoques, a exemplo da categoria “ação” inserida no posicionamento epistemológico do pesquisador professor em foco.

Chama atenção a categoria “interferência” que Almeida Júnior (2015) sugere para a atividade compreensiva acerca das questões que envolvem o movimento articulado e, ao mesmo tempo, articulador entre o saber, o saberfazer, o saberser, o sabersentir, o saberdizer e o saberpensar no campo da informação. Vejamos como essa categoria é apresentada no contexto do conceito que o autor se propõe a abordar.

Segundo o autor em tela, mediação da informação é

Toda ação de interferência – realizada em um processo, por um profissional da informação e na ambiência de equipamentos informacionais –, direta ou indireta; consciente ou inconsciente; singular ou plural; individual ou coletiva; visando a apropriação de informação que satisfaça, parcialmente e de maneira momentânea, uma necessidade informacional, gerando conflitos e novas necessidades informacionais (ALMEIDA JÚNIOR, 2015, “não paginado”, grifo nosso).

O presente enfoque conceitual sinaliza para a impossibilidade de interferência (incompatível com a ideia de neutralidade, imparcialidade) fora de um contexto e, também, por ser impulsionado por ações. A/O profissional da informação não age sozinha/sozinho, em estado de independência. É nas relações, em espaços interativos, intersubjetivos e intercríticos, envolvidos por histórias, gestos, gostos, hábitos, fazeres, pensares e sentires que a ação situada e implicada de toda/todo profissional se realiza.

Como sinaliza Araújo (2017), em um texto onde reflete acerca de alguns enfoques voltados à compreensão dos estudos sobre prática informacional, “O ser humano não existe no mundo apenas constatando coisas, mas também agindo, se posicionando, o que implica decisão, escolha, intervenção na realidade.” Essa perspectiva baseada em ideias freireanas nos leva ao entendimento de que é na ação transformadora (práxis), sempre implicada e implicadora, que a prática se reveste da potência (re)criadora, (re)inventante.

A ação precisa se dar em processo de cooperação e interação (GOMES, 2022). É nesse sentido que o ato/atividade, segundo a concepção bakhtiniana, cria e postula. Isso nos conduz ao entendimento de que toda ação de interferência é sempre situada, não indiferente, acontece sempre com o outro e em relação. “A experiência no mundo humano é sempre mediada pelo agir situado e avaliativo do sujeito, ao qual ele confere sentido a partir do mundo como materialidade concreta.” (BAKHTIN, 1992; 2003 apud MACEDO, 2013). Cada ação humana é também uma interferência naquilo que nos condiciona (ARAÚJO, 2017). Essa perspectiva aponta para o movimento da práxis como vetor da apropriação de informação e, por isso, “[...] ação fundamental à categoria da mediação consciente da informação.” (GOMES, 2022, “não paginado”).

Chauí (1984, p.20) compreende que práxis

[...] é todo modo de agir, no qual o agente, sua ação e o produto da sua ação são termos intrinsecamente ligados e dependentes uns dos outros, não sendo possível separá-los. É o movimento mesmo por meio do qual os sujeitos agem no mundo e, como causa e também consequência dessa ação, constroem esse mesmo mundo.

É prerrogativa da/do mediadora/mediador reconhecer-se no processo de mediação, sobretudo quando a ação mediadora é consciente e, por isso, entretecida com o ato reflexivo. Práxis é o motor da mediação da informação, porque é responsiva e responsável (BAKHTIN, 1992) frente ao ato da interferência.

Gomes (2022) revela que a práxis consiste em ser uma ação que se pretende transformadora e capaz de interferir e revolucionar as relações sociais e institucionais nessa estrutura social vigente (estabelecida pelo sistema capitalista). É elaboração coletiva. Pressupõe um coletivo articulado.

A ideia de interferência, como conceito-dispositivo que pode ativar o processo de compreensão acerca da práxis informacional, como ação mediadora consciente na ambiência de equipamentos informacionais, é articuladora do movimento plural e, por isso, multirreferencial, intercrítico e intersubjetivo.

É muito comum encontrarmos o uso do termo “cuidado” fortemente associado às áreas da Enfermagem e da Medicina e com seu significado voltado à concepção de bem-estar físico, mental e social. O olhar de acolhimento a um estado de (possível) adoecimento desperta em profissionais da saúde a necessidade de interferir, direta ou indiretamente, no processo de cura do sujeito adoecido ou na preservação/conservação/vigilância de seu estado saudável. A ação de interferência que encontra morada na práxis médica é reveladora da potência transformadora do ato da cura, por exemplo.

No contexto da ambiência dos equipamentos informacionais, onde se insere o conceito de mediação da informação, a práxis torna-se fundamental para a formação, o desenvolvimento e o fortalecimento do projeto humanizador. É o encontro com a informação que possibilita a potente articulação reflexãoação e fazersaber num contexto de formação implicada e implicadora. É, portanto, a práxis informacional um conceito-dispositivo mobilizador desse encontro que se veste de cuidado e de preservação/resgate da dignidade humana comprometida com a formação de protagonistas sociais, como bem assinala Gomes (2020) em seus estudos acerca da mediação da informação e suas dimensões entretecidas ao desenvolvimento da protagonismo social.

A concepção do cuidado dialoga diretamente com a dimensão estética da mediação da informação (GOMES, 2020) quando a autora destaca a potência libertadora de sujeitos informacionais a partir da “[...] construção de uma ambiência de acolhimento e de conforto emocional para que todos possam sentir-se livres para pensar, interpelar, questionar e exercer a crítica no encontro com a informação.”

Como espaços discursivos, do exercício da intercrítica e da confluência de intersubjetividades, os equipamentos informacionais precisam ressignificar o olhar ao outro. Nesse sentido, mediadoras e mediadores de informação precisam dominar os dispositivos e as linguagens provocadores da transformação em ato (no processo e em interação).

A mediação explícita e a mediação implícita (ALMEIDA JUNIOR, 2015) são traduzidas em ações indispensáveis para a práxis informacional acolhedora, pois sujeitos informacionais apresentam demandas, sobretudo, de pertencimento; afetam e são afetados pelas informações e pelos saberes (experienciais, por exemplo) mobilizados por mediadoras e mediadores no desenvolvimento de ações de mediação. As ações explícitas e implícitas trazem em si a potência da expressão do encontro, do afeto, do acolhimento, do respeito e do amor que se manifestam nas necessidades de (in)formação. Estas não se restringem ao conteúdo (cognitivo) das perguntas, mas ampliam-se para a complexidade das histórias de vida, das percepções e modos de ser e de estar do outro, suas diferenças e idiossincrasias.

Equipamentos informacionais devem produzir ambiências porque não consideram o outro apenas um repositório de dados e informações, porque não consideram a transmissão ou transferência a razão de ser de sua práxis, porque não miram única e exclusivamente o uso da informação ou o comportamento informacional, porque não deve tratar seus “usuários” apenas como consumidores de ideias e teorias inquestionáveis, porque não põem no saber cognitivo o único pilar de formação. Eles assim deveriam ser porque compreendem e internalizam a potência do “ler com”, do “estar com”, do “ser com”, do “olhar com”. Equipamentos informacionais são espaços discursivos e, fundamentado nas concepções de Deleuze e Guattari (1995), posso afirmar que são espaços rizomáticos, devendo estar sempre abertos a processos implicados de interpretação e criação de realidades.

Compreendo que equipamentos informacionais são territórios potentes de formação e fortalecimento de vínculos, de confluência de diferenças, de práticas emancipadoras, formação de comunidades de aprendentes e de transformações humanizadoras e humanizantes. Estão abertas ao acolhimento, à prática do afeto e do amor. Nesse sentido, convém considerar a ênfase articulada e articuladora do cuidado como categoria da mediação da informação e sua força motriz no desenvolvimento da práxis informacional, fonte de ações de mediação consciente.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Mediação da informação: dimensões. INFOhome, São Paulo, nov. 2015. Disponível em: https://www.ofaj.com.br/colunas_conteudo.php?cod=939. Acesso em: 23 mar. 2023.

ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila. O que são “práticas informacionais”? Informação em Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, p. 217-236, out. 2017. Disponível em: http://www.periodicos.ufc.br/informacaoempauta/article/view/20655. Acesso em: 23 mar. 2023.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1984.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 1995.

GOMES, Henriette Ferreira. Mediação da Informação e suas Dimensões Dialógica, Estética, Formativa, Ética e Política: um fundamento da Ciência da Informação em favor do protagonismo social. Informação & Sociedade (UFPB. ONLINE),, João Pessoa, v. 30, n. 4, p. 1-23, out./dez. 2020. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/57047. Acesso em: 23 mar. 2023.

GOMES, Henriette Ferreira. Exercício da práxis e mediação consciente da informação. INFOhome, São Paulo, nov. 2022. Disponível em: https://www.ofaj.com.br/pesquisa_conteudo.php?cod=1421. Acesso em: 23 mar. 2023.

MACEDO, Roberto Sidnei. Atos de currículo, formação em ato? Para compreender, entender e problematizar currículo e formação. Ilhéus: Editus, 2011.

 

Mirleno Livio Monteiro de Jesus - Professor do Curso de Biblioteconomia da Universidade Estadual do Piauí (UESPI); Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UFBA; Orientando da Profa. Dra. Henriette Ferreira Gomes


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