ALÉM DAS BIBLIOTECAS


AURORA BOREAL: LUZES E DESENHOS LUMINOSOS NO CÉU

Viagem à Finlândia no auge do inverno, dezembro e janeiro, incluindo outros países nórdicos, como Noruega e Suécia, territórios também inóspitos por seu clima aterrorizante para quem vive no cantão ou quentão do Piauí, mas nações de extraordinária beleza natural com lugares marcantes e repletos de atividades. Dentre os sonhos acalentados por anos a fio, além da visão à aurora boreal, visita à casinha do Papai Noel na Lapônia finlandesa que, de casinha, não tem nada, pois o luxo e o comércio imperam e inibem. É um esplêndido casarão e lá está ele, nosso Papai Noel da infância e, quiçá, da adolescência sempre tardia!

 

 

                             Fonte: Acervo pessoal, 2024.

Aqui, um adendo! A Lapônia é uma região situada ao norte da Escandinávia, que abrange territórios de quatro países: Noruega, Suécia, Finlândia e Federação Russa (península de Kola). Corresponde à região onde habitam os samis (ou sámis), conhecidos, também, como lapões, povos nômades e praticantes da cultura do pastoreio, da pesca, da caça e da criação de majestosas renas. Aliás, nos instrumentos musicais dos samis, há ilustrações com as luzes da aurora boreal, e, na própria Bíblia (Apocalipse 12:3), ela aparece como metáfora para o amanhecer de uma nova era ou como símbolo necessário à renovação do ser humano. Por exemplo, Isaías 60:1-3 diz: “Levanta-te! Resplandece, porque vem a tua luz e a glória do Senhor vai nascendo sobre ti!”

 

 

 

             Fonte: Acervo pessoal, 2024.

Grupo de 22 pessoas de diferentes Estados, incluindo um dos guias portugueses e todos com o mesmo intuito: caça à aurora boreal. Dia após dia, o tema ia e vinha. Não desaparecia jamais. Como mulher caprichosa e geniosa, nenhuma previsão ou melhor, antevisões sempre muito incertas. Ao amanhecer, indagação aos guias – é hoje? E nada... Por fim, no dia 29 de dezembro, na charmosa cidade da Lapônia norueguesa, Kirkenes, à noite, por cerca de 20:00 horas, um corre-corre em meio ao gelo, um cai-cai de pessoas, incluindo gente de nosso grupo, coeso e risonho, em busca da aurora boreal.  

Era o momento mais esperado, até porque, a esta altura, um dos jovens da excursão, usando de seus conhecimentos tecnológicos – eles são quase sempre craques, no alto de seus 16 anos –, passara a pôr no grupo de WhatsApp pessoas isoladas engalanadas por auroras boreais fakes e muito, muito engraçadas. Chegou a colocar o grupo inteiro e por detrás, lá estava a aurora boreal fake como nunca e imponente como só ela!

Agora, o mais interessante e inusitado! Caçávamos a aurora boreal, mas poucos, muito poucos – estou entre eles – sabia explicar sua existência ou seu porquê, a não ser que se trata de fenômeno de origem óptica que acontece somente no Hemisfério Norte do planeta, caracterizado pela formação de luzes e desenhos luminosos no céu, com cores e formatos diversos, sempre no período noturno, numa altura mínima de 60 km, fruto da interação entre gases atmosféricos e energia solar. Isto é, sua ocorrência está atrelada à influência mútua entre ventos solares e elementos químicos, em especial, na camada da atmosfera chamada de termosfera. É ela silenciosa, embora possa ocupar milhares de quilômetros de comprimento e altura. Move-se alto, muito alto, mas, se nos perguntam onde está, não saberemos dizer com exatidão

 

 

          Fonte: Acervo pessoal, 2024.

 

Reforçamos que a aurora boreal ocorre somente em altas latitudes e sua denominação é, justamente, referência à sua localização, uma vez que o termo boreal é um dos muitos sinônimos utilizados para a palavra norte. Ainda que corram controvérsias aqui e ali, além dos países nórdicos antes citados, a aurora boreal acontece no Alasca (Estados Unidos da América); Canadá; Groenlândia (Dinamarca); Escócia, e Islândia, esta última matéria primorosa da TV Globo, no Programa Fantástico (21 / 01 / 2024). O Brasil “passa batido”, haja vista que está situado numa zona de baixas e médias latitudes, sobretudo, na faixa tropical do globo.

É bom lembrar que, como mulher caprichosa e imprevisível, a aurora boreal faz o que quer: pode ficar à vista entre cinco e 10 minutos ou por horas consecutivas. Suas mudanças de direção são súbitas ou delicadas, E mais, às vezes, some para frustração dos que a esperam, e logo após, depois de cerca de 30 minutos a uma hora, retorna faceira e risonha, sem oferecer riscos à população, apesar do disse me disse.

O certo é que os fortuitos momentos quando tivemos a graça de avistar no céu risonho o encanto da aurora boreal, nos trouxe, de supetão, a certeza de que é preciso curtir mais a natureza com sua inexorável beleza, enigmas e mistérios. Se a aurora boreal faz tanto sucesso mundo afora, é evidente que traz à tona o modo misterioso de Deus agir, por meio de aspectos simbólicos por ele criados. Papai Noel que nos perdoe, mas não podemos servir a dois senhores ao mesmo tempo ou com a mesma intensidade: ficamos com a mansidão, a grandeza e o esplendor da aurora boreal e a fantástica gama de suas cores, nem sempre claras ou indiscutíveis: vai do vermelho ao azul, passando por matizes de verde, violeta e branco. É impossível descrever essas tonalidades!  É impossível esquecer sua visão fugidia


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MARIA DAS GRAÇAS TARGINO

Vivo em Teresina, mas nasci em João Pessoa num dia que se faz longínquo: 20 de abril de 1948. Bibliotecária, docente, pesquisadora, jornalista, tenho muitas e muitas paixões: ler, escrever, ministrar aulas, fazer tapeçaria, caminhar e viajar. Caminhar e viajar me dão a dimensão de que não se pode parar enquanto ainda há vida! Mas há outras paixões: meus filhos, meus netos, meus poucos mas verdadeiros amigos. Ao longo da vida, fui feliz e infeliz. Sorri e chorei. Mas, sobretudo, vivi. Afinal, estou sempre lendo ou escrevendo alguma coisa. São nas palavras que escrevo que encontro a coragem para enfrentar as minhas inquietudes e os meus sonhos...Meus dois últimos livros de crônica: “Palavra de honra: palavra de graça”; “Ideias em retalhos: sem rodeios nem atalhos.”