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EMIRADOS ÁRABES UNIDOS E DUBAI

É quando calçamos os chinelos que sonhamos com aventuras. Em plena aventura, temos saudade de nossos chinelos.

Thornton Wilder

 

EMIRADOS ÁRABES UNIDOS

 

A transcrição do escritor norte-americano Thornton Wilder tem, sim, um ponto de magia, de verdade e de encantamento. Mas visitar os Emirados Árabes Unidos (EAU), federação de monarquias absolutas hereditárias árabes, não nos traz saudades dos chinelos perdidos nos desvãos de nossa casinha. Há tanto para ver, sonhar, refletir, confrontar... Há tanto deslumbramento... Há tanta coerência e incoerência própria de qualquer nação, que é melhor esquecer os chinelos... E aproveitar...

 

A princípio, século XVIII até o início do século XX, os emirados que ocupam o sudeste da Península Arábica em região fronteiriça com Omã e Arábia Saudita, são designados de “Costa Pirata”, embora, ainda no século XIX, comece a entrar em vigor nova denominação, desta vez, “Estados da Trégua”, referência à suspensão temporária de hostilidades entre Reino Unido e importantes sheiks árabes. Isto porque, até os anos 70, os emirados são protetorados britânicos. Somente em 1971, são instituídos como Emirados Árabes Unidos, resultado da junção de sete principados.

 

Apesar de cada emirado manter autonomia sobre certas funções, como o gerenciamento de instalações locais, o sistema político dos EAU, regido pela Constituição de 1971, prevê a compartimentação de deliberações políticas, econômicas, jurídicas e militares, o que, pelo menos, em termos teóricos, não compromete a decantada liberdade de cada um. Em sua totalidade, os EAU ocupam a sétima posição no ranking dos países por reservas de petróleo, com 97,8 barris de petróleo (em bilhões). Possuem uma das economias mais sólidas em todo o Oriente Médio e, em esfera mundial, ocupam a posição de trigésima sexta maior economia, o que lhes confere status de um dos países mais ricos do mundo, mantendo elevados índices no que se refere ao PIB per capita e ao IDH.

 

A capital Abu Dhabi ou “Manhattan do Golfo” (por estar em pequena península cercada por um grupo de ilhas) figura como o segundo emirado de maior dimensão geográfica e no quesito populacional, além de deter maior riqueza, graças às reservas de petróleo. Chamada, também, de “Pérola da Arábia”, possui, dentre suas belezas históricas, a denominada Mesquita Branca. Depois da capital, destaca-se Dubai ou Dubayy. Eis o maior emirado e o mais populoso dentre eles, com cerca de três milhões de habitantes. Os dois são os únicos estados com poder de veto no caso de temas de importância nacional. Os outros cinco são: Ajman; Sharjah; Umm al-Quwain; Ras al-Khaimah; e Fujairah, todos com capitais homônimas.

 

Ao longo da permanência nos Emirados Árabes Unidos, além de Abu Dhabi, visitei Ajman, o menor dos sete principados e o “mais liberado”, com apenas 259 km² (0,3% da área do emirado), cuja longa avenida costeira favorece incrível panorama da enseada com hotéis, restaurantes e residências extremamente luxuosas ao longo das águas. Eis o caminho que leva à capital cultural do Mundo Árabe, Sharjah (sol nascente), título concedido pela UNESCO. Tal posição se deve, talvez, à formação intelectual do sheik, que detém três doutorados. Ainda que a educação seja obrigatória nos sete EAU, o nível de exigência se diferencia em cada um deles. Em Sharjah, registra-se cuidado para lá de especial com a educação, que comporta escolas públicas e privadas e a principal universidade do país. Sua atenção é tamanha, que, a cada ano, como mero detalhe, as famílias “locais” (nascidas nos emirados) recebem 50 livros.

 

Ainda em Sharjah, que abrigou o primeiro aeroporto do país, em 1932, a depender do gosto de cada visitante, muito há para se ver. Imponentes mesquitas rodeadas com maravilhosos jardins. Lagos artificiais plenos de beleza. A Heritage Area com o Museu da Civilização e Arte Islâmica. A Bait Al Naboodah, habitação de 1845, e, até hoje, representante máximo da tradicional arquitetura islâmica. Afora os souks, termo de difícil tradução para nossa realidade, mas que correspondem a bazares, feiras e / ou mercados permanentes, distribuídos segundo sua mercadoria, Sharjah mantém imenso complexo de lazer (Qanat Al Qasba), onde impera uma majestosa roda-gigante – Eye of The Emirates – que faz lembrar outras, como London Eye (Londres) e Singapore Flyer, Singapura. Aliás, esta parece ser uma das marcas dos EAU: o enaltecimento às coisas da terra. Nativos e residentes estão, invariavelmente, posicionando suas instalações ou realizações como as mais grandiosas do mundo.

 

DUBAI: DUTY FREE A CÉU ABERTO

 

Independentemente da beleza dos quatro emirados visitados, nossa atenção privilegia Dubai, pelo encantamento que suscita mundo afora, como o “reino encantado” adequado a luas de mel planejadas meses a fio. São arranha-céus, largas avenidas apinhadas de atrativos, incluindo compras, entretenimentos ímpares, como os passeios de balão na beleza dos céus ou a chance de literalmente “voar”. “De cara”, permite aos seus cidadãos – de diferentes nacionalidades e etnias – e aos visitantes que, de tantos, parecem transbordar de todas as esquinas da cidade, um mergulho no Golfo Pérsico, em águas límpidas, não tão profundas e de um azul para lá de esverdeado.

 

Como está sob o Trópico de Câncer, Dubai favorece um clima para quem está acostumado com as regiões brasileiras de zona tórrida e, às vezes, angustiante de tanto calor: no inverno, a média é de 24ºC; no verão, entre 40 e 50ºC. Em se tratando de gente e esquinas, é difícil conhecer pessoas nascidas e criadas por lá, os “locais.” Segundo dito popular, é mais fácil um camelo passar pela cabeça de uma agulha do que encontrar um verdadeiro nativo em Dubai, a quem se pode chamar de dubaiense ou dubaiano. Juntos, alcançam cifra em torno de 20% contra 80% de imigrantes, dentre os quais prevalecem os indianos, com quase 60%, seguidos de paquistaneses, filipinos e europeus em geral.

 

Como decorrência, os “locais” têm uma série de benefícios exclusivos, como seguridade social, luz, água, saúde e educação, além do direito de ocupar cargos públicos, vetados aos estrangeiros. Estes, por sinal, só trabalham mediante visto, de difícil obtenção, que só vale para os filhos até os 18 anos. São proibidos de casar com “locais”, os quais, por conta das vantagens recebidas, são sempre de classe média para lá. Diz-se ser possível encontrar em Dubai e / ou nos EAU, cerca de representantes de 200 nacionalidades. Exagero ou não, o fato é que essa convivência, sempre mesclada e salpicada por costumes alheios aos seus, faz com que o povo residente em Dubai seja habitualmente hospitaleiro e acolhedor.

 

Em 1958, se dá a descoberta de petróleo em Dubai. Em 1962, começa a exportação do produto. Nos anos 70, Dubai “nada” em petróleo, atraindo uma onda de imigrantes libaneses em fuga da guerra civil em seu país, com a instalação do porto de Jebel Ali, ano 1979, citado pelos dubaienses como o maior porto do mundo construído pelas mãos do homem (novamente a tendência de grandiosidade), em torno do qual se estabelece, em 1985, zona franca com o fim de atrair empresas estrangeiras graças às facilidades fiscais. No entanto, nos dias de hoje, devido ao esgotamento gradativo de suas reservas de petróleo – as receitas de petróleo e gás natural representam menos de 6% das receitas de Dubai – e graças à visão ampla e ao empreendedorismo do Sheik de Dubai, as receitas advindas da comercialização do petróleo e de seus derivados têm sido maciçamente investidas em infraestrutura visando ao avanço do turismo: hotéis, restaurantes e resorts luxuosos, alguns dos quais estão em pleno deserto.

 

Enquanto desertos de areia e cascalho dominam significativa parte do sul de Dubai, ao leste, o sal em crosta de planícies costeiras (denominado sabkha) dá lugar a dunas. Adiante, a areia do deserto, composta de conchas e corais esmagados, faz surgir as montanhas ocidentais Hajar, que percorrem Dubai ao sudeste, na fronteira com o Sultanato de Omã, com sua paisagem infinitamente árida, irregular e quebrada. Safaris excitantes em jipes 4 x 4 em pleno deserto e dunas recordam o Rio Grande do Norte com os fantásticos bancos de areia de Genipabu. Há, ainda, a chance de posar em camelos preguiçosos. Imensos aterros ao longo da orla do Golfo Pérsico. Condomínios para lá de sofisticados. Praias maravilhosas. Aconchego junto a falcões submissos e silenciosos rememora a importância da falcoaria como atividade ancestral do Golfo, substituída, pouco a pouco, pelos esportes equestres. Agora, os falcões são mera atração turística em alguns sítios dos EAU, incluindo Dubai. Tende a acabar, tal como ocorre com as tatuagens de hena, que já não estão disponíveis tão facilmente, pelo menos para os viageiros.

 

E mais, fiel à expectativa de que Dubai é um paraíso para os afortunados, uma vez que constitui duty free a céu aberto, sem quaisquer taxas às mercadorias em circulação, o emirado faz a festa para os endinheirados e consumistas que deixam escoar o dirham, moeda local e preferencial, cotado em abril de 2015, a mais, ou menos USD$ 3,67. Afinal, é ele a segunda cidade mais cara da região e a vigésima, em esfera mundial. Os shopping centers constituem belo cartão postal da cidade, até porque, em golpe bem-sucedido de marketing, além de renomadas grifes, lojas estupendas de eletrônicos, brinquedos e produtos quase inimagináveis, os maiores centros comerciais oferecem, sempre, uma atração a mais. Exemplificando: o Mall of the Emirates mantém a maior pista artificial de esqui, com 400 metros. No Dubai Mall, o momento de êxtase supremo vem com a visita ao Dubai Aquarium. No caso do terceiro shopping (entre muitos outros), está o Ibn Battuta Mall, com pavilhões sobre temas distintos, como China, Tunísia, Andaluzia, Índia e Egito.

 

Em concorrência leal com os maiores shoppings, estão os mencionados souks. Além do Souk Madinat Jumeirah, versão luxuosa dos tradicionais mercados árabes, atrai maior atenção os souks populares. Além de outros artigos, são eles de especiarias (famosos também no Grande Bazar de Istambul, Turquia), tecidos, peixes e, em especial, ouro. Estes últimos são vigiados com mão de ferro pelos governantes para assegurar a qualidade do produto e não institucionalizar a “enganação” ao turista, que ainda busca, com certa ingenuidade, encontrar pérolas “a preço de banana”. As pérolas ficaram para trás, desde os anos 20, especificamente, ano 1929, que registra a maior crise econômica mundial do século 20, cujo início se atribui ao desequilíbrio da economia norte-americana. O interessante é que os souks são espaços que vão bem além da prática do regateio. São fóruns que preservam tradições e incitam discussões entre os nativos sobre temas variados, incluindo os mais perigosos nos EAU, como política e costumes. São ruelas ou vielas, com becos e mais becos, quase sempre impregnados de aromas que mesclam fortes suores com o cheiro das flores.

 

Além do turismo e do comércio, Dubai privilegia os serviços financeiros e o setor imobiliário e de construção civil, estes dois últimos responsáveis por cerca de 40% da economia. No entanto, ao tempo em que Dubai atrai por seus projetos imobiliários, há um tema correlato, quase proibido e cercado de mistérios e respostas evasivas. Sobram denúncias de maus-tratos atribuídos aos trabalhadores da construção civil. A maioria absoluta provém de nações, como Índia, Iêmen, Sri Lanka, Etiópia e outras mais, tais como Paquistão, Afeganistão e Filipinas. Além de mal remunerados e distantes das famílias, sobrevivem em situações sub-humanas no que diz respeito a alojamento, alimentação, transporte e jornadas pesadas de trabalho, em recintos, cujas temperaturas alcançam, às vezes, incríveis 50°C.

 

DUBAI: CINCO LETRINHAS E MUITAS SURPRESAS

 

Não é à toa que Dubai, na simplicidade de suas cinco letrinhas, suscita uma imensidão de surpresas. De início, aquela impressão quase imediata de que Dubai é sinônimo de riqueza, ostentação, glamour, reduto de milionários. Verdade absoluta. Terra de reis. Dinastias. Poderio de famílias que se legitimam no poder como guardiães fidedignas do islamismo, e, consequentemente, da salvação das almas. Segundo Qanta Ahmed, médica inglesa e porta-voz do Islã moderado, em depoimento à revista Veja, 4 de março de 2015, “a Arábia Saudita e os Emirados Árabes são monarquias que se legitimam sob o argumento de serem as guardiães da lei islâmica. Deixam o clero oprimir a população em nome do Islã para assim reforçar a própria autoridade”, embora, ironicamente, haja liberdade de imprensa. Talvez seja o momento de ressignificar a presença do monarca Mohammed bin Rashid Al Maktoum por todos os lugares, incluindo lojas, hotéis e restaurantes, residências, souvenires e outdoors.

 

Eis a explicação um tanto tardia – o acesso à internet, mesmo nos hotéis mais luxuosos, além de caro, é precário, confirmando a premissa de que a restrição à liberdade de expressão conduz ao totalitarismo, às vezes, disfarçado via estratégias que confundem os menos desavisados. Por exemplo, na orla marítima do Golfo Pérsico, há a opção recorrente e gratuita da prática do selfie com o envio instantâneo da foto para o e-mail antes selecionado. No dia a dia, haja sofrimento para acessar portais, sites e caixas de e-mails!

 

Quer dizer, por trás de aparatos tecnológicos de última geração, de edifícios gigantescos e grandiosos, como o prédio mais alto do mundo, o Burj Khalifa, sobrevivem ideologias extremistas, às vezes, cruéis e estarrecedoras. Oficialmente, como decorrência do hibridismo cultural e religioso, exceto o judaísmo, o islamismo mantém convivência harmoniosa com outras religiões, embora conserve regras rígidas. Em Dubai, existem comunidades de cristãos, hindus, sikhs e budistas. Eles estão livres para a prática de suas crenças e a construção de seus templos. Em contraposição, o Governo pune, com prisão ou deportação, o que chama de proselitismo (seja o que isto signifique para eles) e a distribuição de literatura religiosa. Mero paradoxo: por toda parte, há salas de orações para os muçulmanos.

 

 Ainda como resultado do caldeirão racial e cultural, o idioma oficial é o árabe, mas, se pratica, majoritariamente, o inglês, e se ouve, aqui e ali, uma multiplicidade de idiomas irreconhecíveis para nós, ocidentais. É o caso do hindi, urdu, persa, malaiala, bengali, tâmil, tagalo e chinês, além de outras línguas e / ou dialetos.

 

Ao manter a pena de morte, tal como o faz a Indonésia com suas controvertidas aplicações, recentemente, a brasileiros pegos em flagrante delito, além de inibir o tráfico de drogas e assassinatos, os EAU e, em particular, Dubai, recorrem a uma série de proibições, como bebidas alcoólicas liberadas apenas em hotéis e restaurantes. A maior parte desses estabelecimentos, no mês sagrado do Ramadã, nono mês do calendário muçulmano, mantém horários adaptados aos hábitos daquele período, quando os muçulmanos praticam jejum ritual, o quarto dos cinco pilares do islamismo. Os outros são: professar e aceitar o Testemunho de Fé; orar cinco vezes no decorrer de cada dia; pagar dádivas rituais; viajar em peregrinação à Meca, no mínimo, uma vez na vida.

 

Retomando a rigidez do sistema vigente de Dubai, sustentado pela dinastia Al Maktoum, desde 1833, cujo governante, o citado sheik Mohammed exerce a dupla função de Primeiro-Ministro e Vice-Presidente dos EAU, a aplicação de multas é recorrente para quem joga lixo em ruas, avenidas e vielas; para quem faz xixi em local público; para quem masca chiclete ou come em transporte público. Acesso a sites de pornografia ou a qualquer tipo de radioamador, nem pensar. Prostituição, somente se muito, muito bem disfarçada. Homossexualismo está entre os delitos mais graves. Jogos de azar representam a encarnação do mal. Tal como ocorre no mundo árabe em geral, os israelenses são proibidos de circular nos EAU. Há mais: é aconselhável que, independentemente do calor de verão, as mulheres mantenham-se com os ombros e cabelos cobertos, o que equivale à utilização de echarpes, roupas bem-comportadas, de preferência, com mangas longas. No caso das turistas, é recomendável o uso de biquínis e maiôs, como também, de shorts mais curtos e blusas regatas tão somente na intimidade de “seus” hotéis. 

 

Em se tratando das nativas, as vestimentas do dia a dia incluem, peças usualmente em cor negra. A primeira, abaya, constitui vestimenta para mulheres que cobre todo o corpo, em geral, um vestido longo de mangas compridas, às vezes, a depender da ocasião ou da situação econômica da mulher, com bastante pedraria, bordados ou variados aviamentos. Há diferentes tipos de véus, incluindo a burca, a qual cobre por completo a cabeça e o corpo da muçulmana, mantendo somente uma rede sobre os olhos que lhe permite visão do mundo exterior. Em Dubai, é usual a shayla, véu mais longo sobre os cabelos ou o hijab, véu mais curto, que esconde cabelos, orelhas e pescoço, deixando a descoberto o rosto. Outra opção de véu é o niqab, que cobre o rosto e só revela os olhos, com a chance de cobri-los, também, com tecido transparente. Algumas mulheres portam óculos escuros e luvas. O preto, apesar do calor dos EAU, se justifica porque, antes, o tecido disponível era tão somente a tela negra, tonalidade que oculta melhor o corpo feminino e serve como bloqueador solar.

 

Os homens, porém, se vestem de forma bem mais confortável. Usam a cor branca, podendo variar para o azul marinho, marrom e / ou bege, tonalidades mais amenas e sempre portam sandálias. Para as orações diárias, elas facilitam a entrada nas mesquitas, onde não é permitido qualquer calçado. Tal como as mulheres, os muçulmanos devem cobrir a área entre umbigo e joelhos na frente de qualquer pessoa, que não seja seu cônjuge. Assim, recorrem a uma túnica comprida sobre camiseta e anágua, mas sem cueca: é a dishdasha ou kandurah. A proteção da cabeça se chama guthra e o cordão que a segura na cabeça é o agal.

 

Devido à mescla de etnias e nacionalidades, Dubai está repleto de restaurantes que servem cardápios de diferentes países, com opções de fast food e de comida local de preço acessível, como quibes e esfirras. Porém, para quem ama se arriscar em culinária dos recantos por onde caminha, o que de um modo ou de outro, é uma forma de se aproximar da população local, há muito com que se deliciar no emirado... Sobretudo, há as tâmaras. Ah, as tâmaras! Enlouquecem qualquer mortal! Dizem haver quase 100 tipos de tâmaras de diferentes procedências e preparadas de formas bem originais. E mais, as tamareiras em profusão embelezam avenidas e jardins, cercadas por mistérios e uma quantidade grande de lendas.

 

DUBAI – MUITO A VER E CURTIR

 

Tal como se dá em grandes capitais de países em desenvolvimento, o sistema de transportes públicos de Dubai é visivelmente deficitário. Em confronto com a riqueza do país e dos pontos de ônibus luxuosamente climatizados, o metrô (duas únicas linhas), os ônibus públicos, o monotrilho e os abras (pequenos barcos para a travessia do Estuário de Dubai) são insuficientes para suprir a demanda da população residente e dos turistas em visita. Resta a extensa frota de 7.500 táxis de empresas públicas e privadas, os quais conduzem o indivíduo em meio à riqueza de opções da cidade, mas a um custo relativamente elevado, porquanto o emirado é planejado para a circulação de automóveis e suas avenidas largas e quadras excessivamente extensas dificultam a caminhada.

 

E há muito que se ver em Dubai. Além da imensidão do deserto com seu pôr de sol estonteante; da diversidade de shoppings e souks; da imponência de sua arquitetura e de residências majestosas que atraem estrangeiros famosos, como o jogador inglês David Robert Joseph Beckham e dizem, brasileiros, como Pelé e Paulo Coelho; há uma infinidade de pontos turísticos que precisam ser visitados. Destaque para o citado Burj Khalifa, antes conhecido como Burj Dubai, com seus 828 metros de altura e para o Burj Al Arab, formato de barco a vela, considerado o mais luxuoso e o mais caro, além do segundo mais alto hotel do mundo, com 60 andares e 320 metros (45 dos quais, abaixo do nível do mar), cujas paredes são revestidas de ouro 24 quilates.

 

Nas proximidades do Burj Khalifa, a cada noite, a oportunidade de assistir ao show das águas (Dubai Fountain). Em confronto com outros, a exemplo do de Singapura e de Barcelona, é um tanto quanto decepcionante, tanto pela rapidez com que tudo acontece quanto pela beleza contida dos panoramas. O mesmo se passa com aqueles jantares oferecidos, sistematicamente, com danças folclóricas para “turista ver!”

 

Imperdível, também, conhecer o projeto Palm Islands (Palm Jumeirah, Palm Jebel Ali, Palm Deira), que prevê a construção de três gigantescos aterros, ou seja, arquipélagos artificiais em forma de palmeiras, com edifícios e condomínios residenciais, centros de entretenimento e hotéis de luxo. Na orla marítima de Palm Jumeirah, o único já pronto, está o Atlantis Resort & Hotel, cujas suítes e recepção possuem aquários ao fundo, mas sua atração maior é o parque aquático onde o turista pode mergulhar ao lado de golfinhos.

 

O trajeto ao longo do Dubai Creek, braço do mar que divide o emirado ao meio, além de permitir a visão do centro histórico da cidade e, simultaneamente, da parte moderna, conduz aos fascinantes Golden Souk e Spice Souk. E o que dizer do bairro histórico de Al Bastakiya? Contrapõe-se ao Dubai Marina, bairro novo construído ao redor de um canal artificial num trecho de cerca de três quilômetros ao longo da costa do Golfo Pérsico. Também vale a pena visitar o Dubai Museum, localizado no Forte Al Fahidi, construído por volta de 1787 ou 1799 (a depender da fonte de consulta), possivelmente a mais antiga construção do emirado.

 

Para os turistas mais descolados, há alternativas de passeio mais futuristas. Eis a chance de um passeio panorâmico de hidroavião ou helicóptero para visualizar a magnitude da obra do homem em Dubai e nos emirados mais próximos. Também vale a pena permanecer por todo um dia no universo da Ferrari, onde o mais difícil é selecionar o que se pode ver. Trata-se de gigantesco parque de diversões próximo ao circuito de Fórmula 1 de Abu Dhabi, incluindo a montanha-russa mais rápida do mundo, com a velocidade de 240 km / h. Mas, o auge, em minha opinião, foi encontrar coragem para “literalmente voar”, graças a uma série de inovações tecnológicas. Estou me referindo à atração “I fly / Eu voo”, que está no shopping Mirdif City Centre! Loucura total e a certeza de que é preciso enfrentar o medo para vivenciar a imensidão de surpresas que ainda estão por aí...


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MARIA DAS GRAÇAS TARGINO

Vivo em Teresina, mas nasci em João Pessoa num dia que se faz longínquo: 20 de abril de 1948. Bibliotecária, docente, pesquisadora, jornalista, tenho muitas e muitas paixões: ler, escrever, ministrar aulas, fazer tapeçaria, caminhar e viajar. Caminhar e viajar me dão a dimensão de que não se pode parar enquanto ainda há vida! Mas há outras paixões: meus filhos, meus netos, meus poucos mas verdadeiros amigos. Ao longo da vida, fui feliz e infeliz. Sorri e chorei. Mas, sobretudo, vivi. Afinal, estou sempre lendo ou escrevendo alguma coisa. São nas palavras que escrevo que encontro a coragem para enfrentar as minhas inquietudes e os meus sonhos...Meus dois últimos livros de crônica: “Palavra de honra: palavra de graça”; “Ideias em retalhos: sem rodeios nem atalhos.”