MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO: UMA INTER-RELAÇÃO COM A DIVERSIDADE
Beatriz de Oliveira Benedito
Marcela Arantes Ribeiro
Na caminhada para a construção do conhecimento interagimos uns com os outros, impulsionamos trocas de experiências e potencializamos as afinidades. Nesse sentido, esse texto inter-relaciona as reflexões de duas pesquisas que se fundamentam na concepção social da informação por discorrer sobre as demandas da sociedade e compreender que as pessoas se relacionam e disseminam informações com suas concepções, crenças e ações pautadas pela diversidade dos indivíduos que compõem o coletivo social.
As discussões envoltas ao reconhecimento das marcas sociais e culturais, se estreitam nas abordagens e percepções sobre a diversidade no contexto de uma sociedade em que as diferenças, particularidades e especificidades fazem parte de um coletivo social cada vez mais globalizado. No mundo contemporâneo, as sociedades congregam um número crescente de diferentes grupos que interagem e coexistem no mesmo território. Em geral, fala-se sobre a diversidade de distintos povos, os quais são originários de diferentes culturas e etnias, bem como portadores de diversos costumes, tradições, línguas, vivências, orientações políticas etc.
Neste processo, é plausível afirmar que essa pluralidade de povos tão diferentes, que muitas vezes são representados por várias formas de organização social, se refere a uma marca característica da identidade cultural de vários países, um dos fatores que propicia trocas interculturais e a construção de espaços na sociedade de convergência e divergência, de diálogo, compartilhamento da informação, de conhecimento específico, de união, tradições, costumes, histórias etc.
De modo simples, argumenta-se que o assunto da diversidade tem estado em pauta nas últimas décadas nos mais variados espaços, sejam sociais, políticos ou organizacionais. Muitas são as concepções e representação sobre sua definição, uma vez que diversidade condiz com uma temática abrangente e multidimensional. Desta forma, a definição de diversidade pode representar discussões restritas, as quais perpassam pelas marcas de gênero, raça/etnia, classe etc., até os debates mais amplos que se associam à forma pela qual os indivíduos se distinguem entre si.
A exemplo disso, Thomas (1991, p. 10) tem como ponto de partida as características individuais que cada sujeito carrega consigo: história, idade, formação educacional, estilo de vida etc., isto é, para o autor todos são diversos e, portanto, diferentes entre si. Nesse sentido, a informação mediada por sujeitos sociais apresenta a diversidade do contexto de todos os indivíduos envolvidos no processo de mediação da informação, seja a pessoa que busca pela informação como aquela que medeia a informação, seja a informação explícita e construída por outra pessoa em outro contexto mediada no processo de interação em um determinado tempo e espaço transversalizado pelas diversidades e particularidades de cada sujeito.
Essas argumentações fundamentam-se em Almeida Júnior (2015) a destacar o constructo do conceito ampliado de Mediação da Informação
Toda ação de interferência – realizada em um processo, por um profissional da informação e na ambiência de equipamentos informacionais –, direta ou indireta; consciente ou inconsciente; singular ou plural; individual ou coletiva; visando a apropriação de informação que satisfaça, parcialmente e de maneira momentânea, uma necessidade informacional, gerando conflitos e novas necessidades informacionais (ALMEIDA JÚNIOR, 2015, p. 25)
Ao compreender a Mediação da Informação como uma ação realizada no universo social em que cada sujeito apresenta suas características delineando a diversidade envolta à informação a ser mediada tem-se, então, a relação contextualizada do sujeito, com base na sua experiência de vida, que permitirá a ação interpretativa da informação; há de se pontuar as individualidades nesse processo relacional que caracterizam os significados da informação em determinado tempo e espaço, assim, “a informação sempre foi e será um recurso básico para o desenvolvimento em qualquer campo do conhecimento e da atividade humana” (BELLUZZO; SANTOS; ALMEIDA JÚNIOR; 2014, p. 62).
A partir dessa afirmação e sob a perspectiva da diversidade para uma interpretação que vai além das representações sociais e culturais, deve-se registrar a reflexão de Fleury (2000, p. 20), que apresenta o conceito de diversidade a partir da dimensão cultural, como sendo um conjunto de pessoas com diferentes identidades e que coabitam no mesmo ambiente social. Nesse contexto, o processo de Mediação da Informação impulsiona a percepção da informação possibilitando ressaltar o agrupamento das diferentes identidades, conforme pontuado pela autora, ou seja, a informação é mediada por terceiros e apresentada ao usuário ou usuária que construíra, no processo de apropriação da informação, sua interpretação e apreensão desse mundo apresentado pelo olhar do outro (ALMEIDA JÚNIOR, 2015).
A complexidade temática apresentada permite adentrar na subjetividade das discussões, ampliar, fortalecer e potencializar a compreensão de informação nas múltiplas linguagens com base nas relações individuais e/ou coletivas.
Vale ressaltar que estas reflexões estão aptas a outras contribuições que possam somar com o campo teórico da Ciência da Informação no que tange a compreensão da informação, diversidade e mediação da informação no âmbito das questões socioculturais da sociedade contemporânea.
Referências
ALMEIDA JÚNIOR, O. F. de. Mediação da informação: um conceito atualizado. In: BORTOLIN, S.; SANTOS NETO, J. A dos.; SILVA, R. J. da (Orgs.). Mediação oral da informação e da leitura. Londrina: ABECIN, 2015.
BELLUZZO, R. C. B; SANTOS, C. A. dos; ALMEIDA JÚNIOR, O. F. de. A competência em informação e sua avaliação sob a ótica da mediação da informação: reflexões e aproximações teóricas. Inf. Inf., Londrina, v. 19, n. 2, p. 60 - 77, maio/ago. 2014. Disponível em: https://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/19995. Acesso em: 21 jun. 2022.
FLEURY, Maria Tereza Leme. Gerenciando a diversidade cultural: experiências de empresas brasileiras. RAE – Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 40, n. 3, p. 18-25, jul./set.2000. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rae/a/YqBJ94QnWgPFBRcD7FJHnQj/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 21 jun. 2022.
THOMAS JR, R. Roosevelt. Beyond race and gender: unleashing the power of your total work force by managing diversity. New York: Amacom, 1991.
Beatriz de Oliveira Benedito
Mestre em Ciência da Informação (UNESP). Integrante do grupo de pesquisa: Informação, Conhecimento e Inteligência Organizacional. Pesquisadora de Gênero e Informação nas organizações.
Marcela Arantes Ribeiro
Técnica em Assuntos Educacionais (UNIR). Doutoranda em Ciência da Informação (UNESP). Integrante do grupo de pesquisa: Informação: Mediação, Cultura, Leitura e Sociedade. Integrante do grupo de pesquisa: Informação, Conhecimento e Inteligência Organizacional.