MINIATURAS E PRESERVAÇÃO CULTURAL
Mikola Szjadrisztij: um homem singular. Trata-se de um artista ucraniano. Descobri-lo acentua em mim a certeza de que escritores, poetas e jornalistas têm uma bela missão: mais do que desvendar fatos, acontecimentos ou pessoas, desnudá-los para outros. Escrever é compartilhar. É recorrer às palavras para expressar experiências, sentimentos e impressões... É tentar ir além das palavras em si mesmas.
De fato, conhecer o mundo criado por Mikola é inesquecível: um universo de miniaturas. De tão diminutas e incríveis expõem a pequenez da linguagem. Não cabem
E há um porém: todas as obras de arte delicadas e de pequenas dimensões são feitas à mão mediante emprego de tecnologia única para cada uma delas. Não há repetição. Não há refrão. Tudo é milimetricamente planejado e construído. Tudo é extremamente cuidado, a tal ponto que segundo informações do artista propagadas na mídia, o trabalho é tão delicado que até a respiração e o ritmo cardíaco podem interferir no resultado, o que exige esforço quase sobre-humano para controlar respiração e batimento cardíaco. Tudo isto justifica a criação do termo – microminiatura – a partir da produção de Szjadrisztij, com inserção, hoje, nos dicionários e nas enciclopédias mais completas.
Nascido em 1937, Mikola Szjadrisztij vem se mostrando um homem incansável e, sobretudo, versátil, ao longo da vida. Além de se dedicar à arte micro há mais ou menos 40 anos, cultiva até hoje interesse os mais distintos. Com formação universitária em artes e em agronomia, foi um campeão também em esportes aquáticos e professor de deportes na antiga União Soviética (URSS). E ainda é escritor. Dois de seus livros (nenhum com tradução em português), na linha de divulgação científica, alcançaram sucesso editorial no continente europeu – É difícil para um sapato de pulgas? e Os segredos de microtécnica. Este último, inclusive, conquistou o primeiro lugar no concurso All8, também na URSS, no campo da ciência popular.
O trabalho desse incrível ucraniano pode ser visto fora de seu país natal ou da Hungria. Está em diferentes nações, em exposições permanentes ou itinerantes, tais como: Alemanha, Andorra, Argentina, Austrália, Áustria, Bulgária, Canadá, Chile, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia, Inglaterra, Japão, México, Polônia, República Tcheca, República da Macedônia, Rússia, Sérvia, Suécia, Suíça e Vietnam. Não é tão-somente uma menção. São indícios da maravilhosa arte de Mikola Szjadrisztij e sua busca incessante – como sua vida exemplar comprova – de preservar a cultura de uma nação como a sua, que pode ser considerada verdadeiramente renascentista. Renascentista numa concepção analógica de nação que há renascido muitas vezes em sua larga história de revoluções, invasões, conquistas e um longo regime comunista até conquistar, por fim, sua independência, depois da dissolução da antiga URSS, em 1991.