COTIDIANO INFORMACIONAL


DE LÁ PRA CÁ...

Olá! Depois de muito tempo sem escrever, eis que retorno à coluna. Vi que o último texto publicado aqui, de minha autoria, trata acerca de um fenômeno que tem sido muito caro a todos nós: a “desinformação”; e os dois anteriores discutem, de forma breve, claro, sobre ideologia e a eleição de Donald Trump, publicados ainda em meados de 2017 e início de 2018. De lá pra cá, percebo que algumas coisas mudaram no cenário político mundial, dentre as quais um leve recuo da extrema-direita a partir da vitória do democrata Joe Biden à presidência dos EUA. Além disso, o mundo também passou a lidar com os desafios da pandemia de COVID-19, contabilizando atualmente mais de quatro milhões de vidas perdidas, segundo dados disponíveis na plataforma Google News.

A propósito, por falar em Google, algumas coisas também mudaram quando o assunto é tecnologia. Cada vez mais, nossas vidas, em dados, estão nas nuvens. Tiraram o nosso chão, de fato. De lá pra cá, temos testemunhado o avanço avassalador do que alguns autores têm nomeado de “capitalismo de vigilância”, impulsionado pelo protagonismo dos algoritmos na mediação das nossas experiências cotidianas. De lá pra cá, termos como Big Data se tornaram muito populares, principalmente, pelo seu potencial não só de orientar hábitos de consumo, mas, também, de possibilitar a interferência em questões políticas, sendo as mais famosas delas a atuação da Cambridge Analytica na mineração de dados durante a campanha de “você-sabe-quem”, contribuindo também com o Brexit.

Já no Brasil, em 2018 começou o mandato do Sr. Jair, eleito, segundo certos “analistas políticos”, à época, como representante de uma agenda liberal a ser implementada no País. Agenda mal-ajambrada, porém que tinha o apoio de “economistas liberais” por contar com a participação do Sr. Paulo como ministro. Ministro esse que prometeu, ainda quando era assessor da campanha de Sr. Jair, medidas para sanar as contas públicas, com o delírio de zerar o déficit fiscal em um ano. De lá pra cá, o déficit (fiscal) não foi zerado, obviamente, mas outras promessas foram cumpridas, como as privatizações de estatais. De lá pra cá, também tem sido perseguido o objetivo de tornar o Brasil um país mais pobre que acumula milhões de desempregados e retorna ao doído mapa da fome.   

“Ah, mas a pandemia ‘atrapalhou’ o governo”, diria algum dos apoiadores remanescentes de Sr. Jair. Sim, a pandemia trouxe inúmeros prejuízos a todas as economias, mas, no caso do Brasil, segundo informe da ONU, publicado hoje (15/09), a economia brasileira deve crescer, em 2022, 1,8%, enquanto o resto do mundo pode crescer 3,6%, e boa parte disso se deve, segundo o informe global, à “atual” incerteza política. Incerteza essa que foi fortemente alimentada no último 07 de setembro.

Por alguns instantes, de lá pra cá, o impeachment do Sr. Jair até pareceu ser uma possibilidade, considerando os intensos ataques à democracia e a péssima gestão da pandemia. No entanto, as elites estão a rir do Sr. Jair em petit comité, tripudiando também do restante da população e da miséria. De mandatário de uma agenda liberal, tenho a impressão de que o Sr. Jair é visto como mero bufão pelos “donos do poder”. Enfim, esse é o mundo de lá pra cá, pelo menos sob a minha ótica. Quem sabe, num próximo encontro, a gente consiga conversar sobre como os “novos” regimes de informação têm fomentado esse novo “real”.


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JEFFERSON VERAS NUNES

Mestre em Sociologia pela UFC, doutor em Ciência da Informação pela UNESP e professor do Departamento de Ciência da Informação da UFC