GP - INFORMAÇÃO: MEDIAÇÃO, CULTURA, LEITURA E SOCIEDADE


  • Grupo de Pesquisa - Informação: Mediação, Cultura, Leitura e Sociedade - Textos elaborados por membros do Grupo, visando a divulgação de pesquisas específicas realizadas no seio do GP e a disseminação de discussões e reflexões desencadeadas pelos integrantes do grupo.

A DIMENSÃO POLÍTICA E SOCIAL DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO EM TEMPOS DE BOLSONARISMO

Wilson Roberto Veronez Junior

Partindo da premissa de que a informação é um direito de todos e todas resguardado pela Constituição Federal (CF/1988), especificamente em seu artigo 5º, é possível verificar que a informação é um elemento imprescindível ao desenvolvimento social, cultural, político e para a emancipação do sujeito informacional na sociedade (SENADO FEDERAL, 1988).

Em tempos de bolsonarismo - sendo este um fenômeno social que dialoga com ideologias e ações nazistas, fascistas, racistas e homofóbicas -, o direito à informação está sendo ameaçado, uma vez que o atual presidente, Jair Bolsonaro (Partido Liberal), insiste no retrocesso social e cultural da população, sobretudo em temas ligados à educação pública, acesso à informação e ao desenvolvimento de pesquisa e ciência - como a omissão do governo na compra das vacinas no período mais alarmante da pandemia. Por outro lado, na gestão do Partido dos Trabalhadores (PT), representados por Lula e Dilma Rousseff, entre os anos de 2003 à 2016, o fomento à educação foi marcado por processos históricos de inclusão social da classe trabalhadora no cenário nacional e internacional, com o ingresso desta em universidades públicas e de qualidade. Além disso, soma-se às políticas públicas de assistencialismo voltadas à população em vulnerabilidade econômica e social, como os casos do Bolsa Família e do Programa Fome Zero. Na contramão desse desenvolvimento social, Bolsonaro tem realizado ataques constantes à educação pública, seja de forma direta ou indireta. Questões relacionadas à falta de investimentos, orçamentos secretos, escolhas estratégicas de gestores desqualificados e os casos de corrupção no Ministério da Educação (MEC), entre outras ações, têm contribuído para a precarização da educação pública e das instituições culturais, o que impacta de forma prejudicial os anseios da classe trabalhadora.

Com relação à Ciência da Informação (CI) e suas dimensões, Saracevic (1995) afirma que é um campo interdisciplinar que estabelece diálogo com inúmeras áreas do conhecimento, como a Arquivologia, Biblioteconomia, Ciências Políticas, Documentação, História, Sociologia, entre outros. Para Araújo (2003), a CI é uma ciência social, abarcando estudos de usuários, disseminação da informação, mediação da informação, ações culturais e questões relacionadas a políticas de informação. Somado a isso, a CI desenvolve as suas ações com base em paradigmas científicos, isto é, o físico, o cognitivo e o social. Instituições culturais, como as unidades de informação (Arquivos, Bibliotecas, Centros de Documentação e Museus), refletem a produção e organização do conhecimento na sociedade. No que tange a dimensão política e social da CI em tempos de bolsonarismo, para os profissionais da informação que tratam de produção de conhecimento e educação pública, não se espera menos do que um posicionamento firme, assertivo e crítico contra os desmandos causados pela gestão de um presidente que se exime de mais de 678 mil mortes causadas por uma pandemia cruel e que foi minimizada por ele, que renegou a atual crise sanitária a uma “simples gripezinha”, no entanto, sabe-se que essa pandemia causou graves sequelas para o povo brasileiro, causando danos irreparáveis.

Esse posicionamento crítico deve ser feito com base em diálogos, lutas e resistências, e somente a partir da união das entidades representativas da CI - Associações de Arquivistas e de Bibliotecários, Conselhos Regionais de Biblioteconomia, ANCIB e outras - é que poderemos somar forças para enfrentarmos um governo tão destruidor e que insiste em sufocar a educação pública, classe trabalhadora, movimentos sociais, minorias e os partidos progressistas que entendem que uma sociedade ideal, justa e livre só pode ser construída com base em princípios democráticos.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila. A ciência da informação como ciência social. Ciência da Informação, v. 32, p. 21-27, 2003.

FEDERAL, Senado. Constituição. Brasília (DF), 1988.

SARACEVIC, Tefko. A natureza interdisciplinar da ciência da informação. Ciência da Informação, v. 24, n. 1, 1995.

 

Wilson Roberto Veronez Junior - Bacharel em Arquivologia, Mestre e Doutorando em Ciência da Informação (PPGCI-UNESP). Membro do Conselho Científico da Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília (RIPPMar) e do Journal of Sustainable Urban Mobility (JOSUM). Membro do Conselho do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação (PPGCI/UNESP) e da Comissão Gestora Recursos PROEX.


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