INFORMAÇÃO (EM VERSOS)
Por que não utilizar a linguagem da poesia para discutir determinados temas acadêmicos? O que nos impede? Muitos textos recorrem a metáforas, outros se valem de imagens, gráficos, tabelas.
Tenho na poesia uma forma pessoal de mostrar meu entendimento do mundo. Desde garoto. Ousei publicar alguns livros com minhas brincadeiras com as palavras, embora os tenha divulgado apenas entre amigos e alguns, poucos, interessados.
Arrisquei falar da informação usando essa linguagem.
INFORMAÇÃO
Ciência,
consciência,
demência.
Teo-ria.
como ser,
com o ser,
conhecer.
Informa,
infere o mundo
organizado,
caótico.
Interfere
no mundo,
no homem.
A informação é a
destruição,
o desastre e a
construção.
A informação é
dialógica,
ilógica,
representação do real (?),
irracional.
Informação e conhecimento
se mesclam e
formam um
amálgama indissolúvel;
a oposição
da oposição
água/óleo;
uma espécie de
café com leite,
alimento e
cotidiano.
A informação
se fantasia,
se mascara –
monstro –
em um baile,
um carnaval –
racional? –
apenas seus olhos
são percebidos –
burca –,
vistos e
reconhecidos;
conhecidos.
O que há
por trás?
A informação
é lúdica,
lúcida.
Bússola,
norteia;
balsa,
sustenta.
A informação
é livre,
libertária.
A informação é inabitável,
não se aluga,
não se vende.
A informação é bélica -
vannevariana -
e pacífica -
otleriana.
Pode ser processo,
mas não conhecimento,
e menos, coisa
(perdão, Buckland).
É fluida, translúcida,
nuvem.
Como neblina,
vem e se
dissolve.
Branca e preta.
Pérfida.
Tem pés de barro
que desaparecem,
derretidos,
nas águas
da interação.
Vive
num átimo.
Efêmera,
perece
nos segredos
do conhecimento.
Não é tácita
ou explícita:
simplesmente
é.
Manchada,
marcada,
não pura,
abre-se diferente
para diferentes
pessoas.
Carrega e
partilha
o conhecimento
de um,
de todos.
Coletiva.
Ínfima e
imensa,
faz e
desfaz
do homem.
Entanto,
o homem
é quem a
faz.