ONLINE/OFFLINE


O SERVIÇO BIBLIOTECÁRIO EM 140 TOQUES

Há um novo modismo na onipresente Rede, é o Twitter. Uma ferramenta que permite o envio de mensagens instantâneas curtas e a formação de redes sociais. Bibliotecas e bibliotecários não podem ignorar o fenômeno cultural que cresce exponencialmente entre parcelas da sociedade usuária da Internet. No mundo, entre julho de 2008 a julho de 2009, o índice de crescimento foi de 1.600%, atingindo a marca de 51,6 milhões de pessoas, segundo a consultoria ComScore. E tudo em poucos anos, pois o Twitter foi criado em 2006, nos Estados Unidos, por Evan Willians e Jack Dorsey. Essa brincadeira inicial é hoje um modelo de negócio no valor de US$1 bilhão, segundo site de notícias tecnológicas TechCruch. À medida que se populariza e cresce, seu valor financeiro aumenta.

 

No Brasil, o microblog é utilizado por mais de 5 milhões de pessoas, segundo artigo de Evelin Ribeiro. Assim, a proporção de usuários em relação ao número de internautas brasileiros é o mais significativo entre outros países medidos. Ele tem por característica a velocidade e a concisão do texto comunicado – limitado a 140 caracteres. Para bibliotecários que lidam com as técnicas de indexação e resumo o limite não deve ser uma restrição na avaliação das possibilidades de aplicação ao serviço de informação. Entretanto, sempre paira a dúvida sobre como tal tecnologia pode ser relevante em um ambiente mais profissional de organização e tratamento da informação registrada.

 

A popularização da ferramenta apóia-se no interesse das pessoas em usar a Internet para relacionarem-se com outras, divulgarem e acessarem informações. Integra, portanto, o rol de possibilidades da comunicação e troca de informação, algo que é base do serviço bibliotecário. Assim, a exploração de uso colabora para que a biblioteca mantenha-se na vanguarda cultural e tecnológica, o que pode estimular ainda mais os usuários no interesse pelos serviços de informação prestados.

 

Um dos benefícios imediatos do microblog é a concentração de dados que podem interessar às pessoas. O desafio é separar o relevante do irrelevante. A biblioteca pode fazer a diferença ao explorar o potencial da ferramenta, pois o conceito envolvido é seguir e ser seguido por pessoas, que desta maneira formam grupos de interesse.

 

No universo da rede, se as pessoas optam por seguir pessoas e fontes certas, haverá em suas páginas um filtro excelente de informação e conhecimento. Sob esse aspecto, o microblog dá sinais de ser um sistema para se detectar e apoiar gatekeepers (agente de informações), além de poder auxiliar na revitalização de serviços tradicionais bibliotecários, repaginados para a web. Ademais, os usuários só recebem informações de quem desejam o que torna o microblog diferente do correio eletrônico, que é invadido por mensagens indesejadas – spam.

 

Mesmo um trabalho de disseminação seletiva da informação, pode ser pensado de forma colaborativa entre bibliotecas, no Twitter. Por meio do retweet uma maneira prática de reenviar mensagens para outras pessoas, recurso semelhante ao de reenvio do correio eletrônico. O procedimento é adotado no ambiente dos blogs, sendo familiar aos bibliotecários que fazem uso do recurso.

 

O Twitter já se tornou um mural de classificados. Empresas utilizam a ferramenta para divulgarem ofertas de emprego e estágio, bastando digitar no buscador do site termos como “emprego” ou “estágio”, por exemplo.  Além da ofertas de oportunidades profissionais, as empresas monitoram na rede social a opinião dos seus funcionários, e mesmo de clientes. Surgem em decorrência instituições estabelecendo código de conduta corporativo para essas redes. Tal cenário tecnológico deve influir nas mudanças até mesmo do código de ética do bibliotecário.

 

Diz-se que microblogs encurtam a distância entre pessoas, entre instituições e pessoas, entre governos e cidadãos. Como exemplo, cita-se o governo do Estado de São Paulo que liberou o uso das redes sociais entre servidores. Espera-se que a atitude possa afetar toda biblioteca (escolar, pública e universitária) localizada na esfera pública, encurtando sua comunicação com a sociedade, e atraindo a “geração net” para um ambiente de informação dinâmico. E que este potencial das redes estimule uma maior proximidade do bibliotecário com seus pares e suas entidades representativas. Afinal, quando bibliotecários não trabalham colaborativamente, usuários sofrem coletivamente; e quando bibliotecários não atuam cooperativamente, usuários têm limitados os acessos a informação.

 

Efetivamente, a biblioteca pode explorar várias possibilidades da ferramenta, desde a circulação da informação, à conexão com documentos disponíveis em fontes de livre acesso. Prospectar outras redes sociais como, por exemplo, Flickr e Youtube no que tenham de informações úteis. E mesmo avaliar alternativas que estimulem e enriqueçam os programas mantidos de competência informacional orientados aos usuários. Algumas sugestões de possibilidades encontradas destacam possibilidades da ferramenta como:

 

·        Manutenção de contatos com pares: saber o que os cursos, entidades, bibliotecas e bibliotecários estão fazendo ao redor do mundo. O Twitter torna mais fácil o compartilhamento e a colaboração em projetos profissionais no mundo todo.

 

·        Atualização sobre tecnologias mais recentes na área: mesmo que o bibliotecário não concorde que, por exemplo, o Twitter tenha possibilidade de contribuir com as necessidades da biblioteca, não significa que não tenha futuro. Mas pode também ser um canal para o profissional acompanhar outras tendências tecnológicas passíveis de aplicação no serviço de informação.

 

·        Acompanhar noticiário: importantes sites de imprensa mantêm canais no Twitter. Facilita ao bibliotecário acompanhar e identificar informações recentes de interesse de sua comunidade. Tem-se uma nova forma de elaborar o clipping e a hemeroteca digital.

 

·        Serviço de referência compartilhada: usuários de biblioteca podem obter ajuda online do bibliotecário por meio da ferramenta. Usuários podem enviar suas demandas específicas e obter respostas remotamente. Da mesma forma, bibliotecários podem identificar pessoas referências em determinados assuntos, ou outras bibliotecas que podem ser acionadas para apoiar a consulta.

 

·        Anunciar programas da biblioteca: lançamento de atividades ou publicação recebidas e divulgadas aos usuários. O twitter possibilita uma maneira fácil e simples ao usuário de poder obter tais informações divulgadas pelas bibliotecas que existam no seu entorno.

 

·        Envio de avisos de reservas ou empréstimos: usuários que tenham conta no Twitter podem optar por receber avisos da biblioteca sobre materiais solicitados, ao invés de carta, telefone ou mesmo e-mail, ou até conjuntamente.

 

A biblioteca ao criar seu perfil no microblog deve ter claro quais são seus objetivos de utilização. Caso não disponha de infra-estrutura humana para atender uma volumosa demanda de consultas ou comentários, o mecanismo pode ser configurado apenas como sistema de alerta, sem interatividade.

 

Empresas de forma crescente fazem uso do microblog para divulgar e comercializar produtos e serviços. Bibliotecas podem efetivamente divulgar informações e conhecimento e, principalmente, divulgar-se socialmente. Experiências de uso do Twitter em bibliotecas são citadas via o endereço: http://migre.me/7iOl. Consulta no Google ou no próprio Twitter também oferece um indicador de uso entre bibliotecas brasileiras.

 

A revista INFO exame (setembro de 2009), publica uma série de recursos para expandir o microblog. Selecionamos alguns que podem ser úteis ao bibliotecário responsável em coordenar a adoção do Twitter.

 

§        TwitDir – http://twitdir.com/, diretório contendo a base de dados do Twitter.  Qualquer pessoa pode consultar o site e buscar informações de perfis. É destacada a capacidade de gerar pontuação do tipo: usuários com mais updates ou seguidores. Serve como fonte para a biblioteca identificar formadores de opinião ou temas populares.

 

§        Tweetmondo - http://www.tweetmondo.com/, informado o nome do local (cidade, país) em que se encontra, é retornado quem são os usuários do Twitter próximos. Um interessante recurso de prospecção sobre a comunidade usuária existente no entorno da biblioteca.

 

§        Twoquick - http://www.twoquick.com/, na tela é mostrado os resultados de pesquisa no Google e no Twitter. Permite visualizar indicações relacionadas a um assunto ao mesmo tempo em que se encontram links para as buscas. Uma ferramenta de apoio ao serviço de referência.

 

§        Twitter Search - http://search.twitter.com/, semelhante ao anterior, é um mecanismo de busca útil para navegar por milhares de mensagens do Twitter.

 

§        Twazzup - http://www.twazzup.com/, é um termômetro sobre a popularidade de termos e palavras-chave. Ao pesquisar uma palavra é retornado as notícias e tweets (mensagens do Twitter) relacionados. Pode ser explorado pelos serviços de tratamento técnico e indexação.

 

§        Twittermap - http://twittermap.tv/, localizar o twitter da biblioteca em um mapa para visualizar onde estão localizados os usuários seguidores da mesma.

 

§        Twitter Analyzer - http://www.twitteranalyzer.com/, um serviço para análise de mensagens enviadas. O sistema identifica as palavras mais utilizadas, quais os dias que as mensagens foram mais citadas ou quais links indicados. Apresenta resultado acompanhado de data, horário e outros detalhes. A restrição é que são mostrados dados do mês anterior ao consultado.

 

§        TweetDeck - http://tweetdeck.com/beta/, com versões para populares sistemas operacionais, é um browser para uso do Twitter. Ideal para gerenciar listas de seguidores e visualizar perfis de uma só vez. Insere buscador de mensagens e de localização de termos discutido pelos contatos.

 

Diversos sites apresentam ferramentas para Twitter e Mashups, é o caso do Bloggers Blog onde se encontra interessantes recursos. Da mesma forma o Top 10 Twitter Apps, um índice publicado por diversos blogs sobre os aplicativos considerados mais populares para o Twitter. Pode ser que nessas fontes encontre algum recurso útil para as necessidades da biblioteca.

 

O uso criativo do Twitter ou de outra ferramenta semelhante é algo em constante transformação, e basicamente por iniciativa dos próprios usuários. Assim, o melhor uso da ferramenta na biblioteca dependerá do próprio bibliotecário.  O que teve início com a pergunta “O que você está fazendo?”, mudou para vários outros significados, quem sabe incluindo até: “consultando na biblioteca!”.

 

------------------

Indicação de consulta:

 

ComScore - http://blog.comscore.com/

 

Erick Schonfeld. Twitter’s Internal Strategy Laid Bare: To Be “The Pulse Of The Planet”. TechCrunch, 16 de julho de 2009. Disponível em: http://migre.me/7eyP

 

Evelin Ribeiro. Participação do Twitter no Brasil atinge 15% em junho, informa Ibope. IDG Now!, 13 de julho de 2009. Disponível em: http://migre.me/7eAC

 

Renata Leal; Juliano Barreto. Twitter: o que você ganha com ele. INFO exame, n. 283, p.30-42, set. 2009.

 

Twitter. DicasInfo Exame, edição 67.


   578 Leituras


Saiba Mais





Próximo Ítem

author image
BOND, JAMES BOND! MARC, FORMATO MARC!
Outubro/2009

Ítem Anterior

author image
A BIBLIOTECA NAS NUVENS
Agosto/2009



author image
FERNANDO MODESTO

Bibliotecário e Mestre pela PUC-Campinas, Doutor em Comunicações pela ECA/USP e Professor do departamento de Biblioteconomia e Documentação da ECA/USP.