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TAG CLOUD PARA BIBLIOTECÁRIOS TAGARELAS NA INDEXAÇÃO

Aplicação interessante, e normalmente encontrada em blogs, ou em recursos de compartilhamento de informações que caracterizam a Web 2.0, é o tag cloud (algo como nuvem de etiquetas ou de palavras). A aplicação também é conhecida como tag soup (algo como sopa de letrinha).

 

Em realidade, nos recursos de informação abastecidos e etiquetados pelos próprios usuários, o que se visualiza é uma “nuvem de palavras”. Palavras usadas para ligar conteúdos armazenados sobre um mesmo assunto. O processo é denominado tag cloud, uma representação da freqüência de palavras utilizadas para classificar determinado assunto. Permite rápida identificação dos temas mais destacados pelos usuários.

 

É uma aplicação popular pela praticidade na inserção de conteúdo e respectiva classificação. Pode-se observar o uso na consulta ou inclusão de material no You Tube;  Del.icio.us (bookmark social); Flickr (armazenamento de fotos digitais), entre outros vários recursos existentes na Web.

 

No ambiente da chamada blogsfera, o recurso tem se disseminado como alternativa visual para obtenção de idéia geral dos temas abordados de maneira recorrente em um blog.  A figura 01 ilustra uma aplicação em blog com o destaque de termos e indicação da quantidade de ocorrências sobre os mesmos.

 

 

 

 

Fig. 01 – Exemplo de um tag cloud

Fonte: Blog LSDR.net  - http://lsdr.net/blog/cloud/

 

O processo é chamado de tagging (rotulação ou etiquetagem). É a maneira de vincular palavras (linguagem natural) ao recurso (texto, imagem ou som) inserido. Desta forma se organiza o material em categorias para facilitar o acesso por outros usuários. O efeito colaborativo de milhares de usuários é um dos pontos centrais na utilização deste método. O uso de tagging é denominado, também, como Folksonomia. Cria-se uma distribuição classificada, ou taxonomia, de conteúdo na rede, reforçando sua utilidade, porém sem um controle terminológico eficiente. Aliás, todos esses conceitos há muito são conhecidos dos bibliotecários sob outros nomes e aplicações mais técnicas e melhor sistematizadas. Indexar e classificar é uma atividade comum realizada pelo bibliotecário para organizar e recuperar informações.

 

Assim, ao olharmos para o processo de etiquetagem utilizado na Web, seria o mesmo aplicável aos produtos bibliotecários, melhor sistematizados. Certamente que sim. Exemplos, neste sentido, são encontrados na Internet. O conceito pode ser observado na figura 02, em um serviço de catalogação de livros para leitores.

 


Fig. 02 – Aplicação do tag cloud em serviço de catalogação de livros

Fonte: LibraryThing - http://www.librarything.com/tagcloud.php

 

 

O LibraryThing é um catálogo on-line no qual o leitor cadastra suas leituras ou seu acervo pessoal de livros, e a semelhança de uma biblioteca de verdade constrói um catálogo pessoal ou de compartilhamento público. O recurso coloca o leitor em contato com outros interessados nas mesmas leituras ou assuntos. A aplicação do processo de rotulagem permite visualizar os temas de maior incidência. No processo, importa não só o rótulo de palavras, mas o tamanho, tipo e cor da fonte gráfica usada, para criar um destaque de percepção visual.

 

Aplicação específica em serviços bibliotecários pode ser visualizada na experiência da Biblioteca do Distrito de Ann Arbor, Estados Unidos (The Ann Arbor District Library - AADL). Sistema público composto de Biblioteca Central, e quatro bibliotecas ramais. O sistema fornece serviços gratuitos a todos os habitantes que residem dentro dos limites do distrito Ann Arbor. O Website da biblioteca apresenta o uso de tag cloud em catálogo bibliográfico. A figura 03 apresenta a estrutura da página.

 


Fig. 03 – Catálogo com pesquisa baseada em tag cloud

Fonte: Website Ann Arbor District Library - http://www.aadl.org/searchcloud/

 

O tag cloud é interessante por fornecer uma idéia geral dos assuntos dominantes do catálogo bibliográfico, funcionando bem para visualização geral do conteúdo. Uma alternativa para apresentar mais as tendências temáticas do que proporcionar uma navegação eficaz.

 

Outra experiência, neste sentido, é o catálogo da Danbury Library (Connecticut, Estados Unidos). Apesar do uso de rótulos temáticos, o usuário tem à disposição o procedimento tradicional de pesquisa no catálogo on-line. A figura 04 apresenta a estrutura de consulta do catálogo por tags (etiquetas).

 


 

Fig.04 – Catálogo – Danbury Library

Fonte:  http://cat.danburylibrary.org/record=1273140

 

Na pesquisa por etiquetas o usuário é remetido para uma página de rótulos e referências agregadas ao tema, conforme ilustra a figura 05. Por esta página de tad cloud, o usuário pode estabelecer uma navegação bibliográfica, por assuntos rotulados.

 


Fig. 05 Catálogo Danbury Library – navegação por tags

Fonte: http://cat.danburylibrary.org/record=1273140#LT_tag=economics

 

Na Internet é possível encontrar uma série de bons exemplos no uso de tag cloud em Websites de bibliotecas. Interessados em conhecer como desenvolver a aplicação de rotulagem, um ponto inicial de pesquisa é o Tutorial - Sistema de Tag Cloud Super Simples no PHP –  http://www.Web2ponto0.com.br/tutorial-sistema-de-tag-cloud-super-simples-no-php/.

 

Para os iniciantes que queiram exercitar o processo de etiquetar os arquivos armazenados em seu computador, ou no computador da biblioteca, estruturando uma biblioteca eletrônica local, pode usar o software tag2fid. Programa para ambiente Windows, disponível em http://www.tag2find.com/ .

 

Outras ferramentas para criação de etiquetas são encontradas em The Tagging Toolbox - http://mashable.com/2007/07/13/tagging-tools/.

 

Pode ser que alguns bibliotecários sintam-se reticentes no uso destas aplicações no serviço on-line da biblioteca. Entretanto, há uma expansiva geração de usuários que nasceu e cresce com a Internet. São chamados de “nativos da geração digital”, definidos assim por não conhecerem o mundo antes das redes eletrônicas. Uma geração para a qual não há separação entre o ambiente real e virtual. Além dos novos colonizados pela inclusão digital que rapidamente se adaptam aos novos recursos. Tais fatores, entre outros, obrigam aos bibliotecários redesenharem suas interfaces de comunicação com o novo e o velho público incluído na seara digital.

 

Indicação de leitura

 

Maria Elisabete Catarino e Ana Alice Baptista. Folksonomia: um novo conceito para a organização dos recursos digitais na Web. DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.8  n.3 jun/07. Disponível em: http://www.dgz.org.br/jun07/F_I_art.htm Acesso em: 01/08/2007.

 

Webology, vol. 4, no. 2, June 2007. Disponível em: http://www.webology.ir/2007/v4n2/toc.html. Acesso em: 10/08/2007. [Periódico eletrônico dedicado à temáticas da World Wide Web. Número abordando folksonomia, tag cloud e Web 2.0]


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FERNANDO MODESTO

Bibliotecário e Mestre pela PUC-Campinas, Doutor em Comunicações pela ECA/USP e Professor do departamento de Biblioteconomia e Documentação da ECA/USP.