PRÁTICAS PROFISSIONAIS EM AMBIENTES DE INFORMAÇÃO


O QUE É A INFORMAÇÃO COM A QUAL ATUA O PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO?

Certamente um dos termos mais mencionados e discutidos durante os séculos XX e XXI é a informação, ao passo que também vem se estabelecendo como um dos termos mais complexos e escorregadios da contemporaneidade, tanto do ponto de vista teórico-conceitual, que envolve estudos em diversas áreas do conhecimento, quanto das aplicações no cotidiano social, o que inclui as atividades humanas e organizacionais.

A efervescência do século XX, especialmente com o desenvolvimento técnico-científico e a chamada explosão informacional que geram a chamada Sociedade da Informação, circunscrevem a informação em um novo contexto de relevância em que a ideia de difusão e transmissão conquistam ainda mais espaço, mas acrescido de um processo fulcral de mediação e apropriação que transformam sensivelmente as teorias, métodos e técnicas de construção da informação.

Neste sentido, a informação se amplia em relação a noção de dado (conjunto de conteúdos com carga potencial de significação) e mensagem (oferecimento de sentidos), constituindo-se como um processo de seleção de sentidos que é marcado pela capacidade perceptiva e interpretativa do sujeito de compreender os procedimentos que congrega dados e conhecimentos prévios empreendidos via mensagem.

Toda essa carga histórico-epistemológica da informação é determinante para constituição de novos embasamentos que compõem o desenvolvimento da Ciência da Informação, Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia que é percebida nos contextos acadêmico (inerente ao ensino, pesquisa, extensão e construção pedagógico-curricular), profissional (atividades no contexto organizacional realizadas por cientistas da informação, bibliotecários, arquivistas, museólogos e documentalistas, assim como atividades empreendidas por profissionais autônomos) e político (atividades desenvolvidas pelos órgãos de classe que contempla a participação de sujeitos das dimensões acadêmica e profissional).

No entanto, há diferenças acerca de uma teoria, conceito ou questão, incluindo da informação, que é incorporada historicamente entre comunidade científica e o senso comum de uma determinada área do conhecimento, sendo que um dos fatores que caracterizam essa diferença é um distanciamento dialógico entre as dimensões acadêmica, profissional e política. É preciso conciliar discursos-práticas acadêmicos, profissionais e políticos a fim de que estejam alinhados na compreensão sobre os impactos que a informação traz para o campo da informação.

É precisamente na articulação entre as dimensões acadêmica, profissional e política que a informação conquista centralidade nas áreas da Ciência da Informação, Biblioteconomia, Arquivologia, Museologia. Essa confluência informacional entre as dimensões acadêmica, profissional e política reconfigura o campo de atuação de bibliotecários, arquivistas e museólogos, conferindo novas perspectivas aplicadas aos ambientes de informação (bibliotecas, arquivos, museus, centros de documentação, cultura e educação em geral), em especial, no que se refere as práticas tecnológico-digitais.

Desse modo, a efervescência da informação na Ciência da Informação, Biblioteconomia, Arquivologia, Museologia não pode ser uma mera retórica, mas uma contextualização teórico-prática entre as dimensões acadêmica, profissional e política, bem como uma contextualização com as diversas demandas contemporâneas da informação, precipuamente no que tange a atuação com as tecnologias digitais.

Sem essa contextualização a ideia de um profissional da informação seria difusa e descontextualizada da realidade, pois serviria muito mais como uma roupagem estética do que propriamente embasada epistemologicamente. O profissional da informação não é uma causa, mas efeito de todo o desenvolvimento científico-tecnológico que exige profissionais com perfil dinâmico em termos de competências e habilidades humanas, metodológicas, processuais, gerenciais e tecnológicas.

O profissional da informação não é um profissional em si, mas um conjunto de profissionais que, em caráter estrito, contempla a atuação de bibliotecários, arquivistas e museólogos e, em caráter amplo, agrega também jornalistas, publicitários e profissionais que atuam com a área de comunicação e gestão em geral. Neste caso, o termo pluralizado “profissionais da informação” soa mais adequado para conceber os múltiplos profissionais e múltiplas possibilidades de atuação com a informação.

Todavia, os profissionais da informação não devem ser vistos de uma forma natural, mas a partir de uma construção intelectual que contempla a formação acadêmica e as competências demonstradas nas práticas organizacionais, ou seja, não é por ser bibliotecário ou arquivista que necessariamente atuará como profissional da informação e sim através do desenvolvimento de um conjunto de competências e habilidades que permita a esses profissionais compreenderem os diversos mecanismos de atuação no âmbito da informação.

E quais seriam os diversos mecanismos de atuação no âmbito da informação que compreende as atividades dos profissionais da informação? O quadro que segue indica os mecanismos de atuação do profissional da informação.

 

Quadro 1 – Mecanismos de atuação dos profissionais da informação

 

Fonte: elaboração própria

A informação que congrega as atividades do profissional da informação não possui apenas um viés simbólico definido por uma abstração intelectual, mas principalmente está fincada em formulações-implementações isoladas ou concatenadas entre gestão, processos, tecnologias, serviços-produtos e políticas de informação, além da informação científica e tecnológica, relações entre informação e memória e dinamização do acervo que possui o usuário da informação como centralidade participativa desses mecanismos.

Isto significa que a informação não é apenas uma retórica a ser utilizada para favorecer terminologicamente a afirmação de que cientistas da informação, bibliotecários, arquivistas e museólogos atuam com informação, mas que esta informação possui um conjunto de mecanismos que norteiam uma conduta do profissional da informação, com vistas a resolução de problemas organizacionais, promoção de novas construções de conhecimento, geração de novos processos comunicacionais, formação de competências e habilidades, aprimoramento da aprendizagem, favorecimento das tomadas de decisão e satisfação dos desejos/demandas/necessidades organizacionais e da comunidade de usuários.

Portanto, a informação com a qual atua o profissional da informação é aquela que se estabelece como construtora de sentidos por meio de mecanismos de gestão, processos, tecnologias, serviços-produtos e políticas de informação, além da informação científica e tecnológica, relações entre informação e memória e dinamização do acervo, considerando esses mecanismos como interlocutores entre as demandas das organizações e os desejos/demandas/necessidades da comunidade de usuários.


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Setembro/2020



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JONATHAS LUIZ CARVALHO SILVA

Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Cariri (UFCA).