Niembo Maria Daniel

Se considerarmos o conhecimento como base do desenvolvimento de um país, então, podemos afirmar que as Instituições de ensino superior podem propiciar este conhecimento, justamente por serem lugares onde existe a formação da massa crítica fundamental para a sociedade.

Como uma forma introdutória, busquei entender sobre a mediação, porém vários enfoques são levantados sobre a mediação, portanto, vale salientar os enfoques custodial, cultural, histórico, digital, pedagógico, da informação, da leitura, da literatura etc. (BORTOLIN e NETO, 2015). “A mediação da informação está presente tanto no discurso científico quanto no discurso prático dos profissionais da informação, e destaca-se que neste último em maior ocorrência, no entanto, em ambos aparece ainda com pouco aprofundamento”. (SANTOS NETO, 2018, p.36). Almeida Junior (2015), estudioso do tema ‘mediação da informação’, afirma que o profissional da informação medeia a necessidade informacional do usuário e a informação deste usuário. Pois, este é responsável por planejar, organizar, armazenar de maneira a selecionar o necessário para ser útil ao usuário, pois muita informação não é informação. No momento em que é preparada/produzida a informação o mediador a tem na forma implícita, já no ato da apropriação e do uso dela, o usuário a tem na forma explícita criando outras possibilidades para a construção de conhecimento. Esse processo de mediação possibilita uma inter-relação entre o conhecimento e informação gerando novo conhecimento.

Ora, se as Instituições de ensino superior se pautarem na geração do conhecimento a partir do envolvimento na pesquisa científica, visíveis no meio social, sabendo que os olhares da sociedade estão voltados para elas, será possível atraírem a atenção do governo, das empresas e outras instituições, propiciando conhecimentos inovadores. Daí que as inovações institucionais visam promover relações mais próximas entre faculdades e empresas, muitas vezes estimulado pelo governo. (ETZKOWITZ; LEYDESDORFF, 2000).

A  geração de conhecimento e consequentemente da inovação, não é uma tarefa exclusiva das instituições de ensino superior; é, pois uma tarefa que alberga um conjunto de instituições e pessoas com único objetivo de ver seu país a desenvolver.

O conhecimento produzido pelas universidades por meio da pesquisa científica, além de propiciar o desenvolvimento econômico e/ou social, possibilita que qualquer país se torne competitivo em nível internacional no que concerne à inovação. Nesse sentido, a possibilidade de a pesquisa científica gerar inovação, depende essencialmente do bom funcionamento do processo sistêmico de inovação. Neves e Neves (2011) mencionam que a inovação voltada ao desenvolvimento local por meio da pesquisa científica, contribui para o equacionamento de problemas sociais, mas é dependente de um diálogo entre os agentes envolvidos (universidades, institutos de pesquisa, empresas, governo). Para tanto, o governo tem papel fundamental na criação de políticas públicas que visam alavancar a pesquisa que propicia o desenvolvimento da sociedade, pois só podemos vivenciar a efetivação da pesquisa em algo significativo se o país estiver dotado de capital humano qualificado capaz de corresponder aos desafios do país. Silva e Valentim (2008) afirmam que a participação do Estado de forma mais efetiva contribui na boa preparação das universidades para melhor atender as necessidades/demandas das organizações. Cabe ao governo, na criação de políticas públicas que incentivem a prática da pesquisa científica em Instituições de ensino superior públicas e privadas, fundamentalmente o incentivo financeiro, deste modo, todas instituições darão a devida importância aos fazedores do conhecimento, levando o país à resolução dos problemas sociais na base da pesquisa científica.

Finalmente podemos salientar que, se a pesquisa é base para criação de uma sociedade de conhecimento, o conhecimento é base para o desenvolvimento de um país, logo as Instituições de ensino superior são consideradas mediadoras deste conhecimento e o governo sem dúvida, é responsável pelos incentivos financeiros e não só, para que de fato se efetive as necessidades sociais.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA JÚNIOR, O. F. Mediação da informação: um conceito atualizado. In: BORTOLIN, S.; SANTOS NETO, J. A.; SILVA, R. J. (org.). Mediação oral da informação e da leitura. Londrina: ABECIN, 2015. p. 9-34.

BORTOLIN, SuelI; NETO, João A. S; SILVA, Rovilson J. Mediação Oral da Informação e da Leitura. Londrina: Abecin, 2015, 278p.

ETZKOWITZ, H.; LEYDESDORFFR L. The dynamics of innovation: from National Systems and “Mode 2” to a Triple Helix of university–industry–government relations. Research Policy 29 2000 109–123 https://doi.org/10.1016/S0048-7333(99)00055-4

SANTOS NETO, João Arlindo dos. O Estado da arte da mediação da informação: uma análise histórica da constituição e desenvolvimento dos conceitos. 2019. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2019. Disponível em: https://www.marilia.unesp.br/Home/Pos-Graduacao/CienciadaInformacao/Dissertacoes/santos_neto_ja_do_mar.pdf . Acesso em 28 de jul.2022

SILVA, L. D.; VALENTIM, M. L. P. A interação universidade empresa como insumo para o processo de inteligência competitiva organizacional. In: VALENTIM, M. L. P. (org.). Gestão da informação e do conhecimento no âmbito da Ciência da Informação. São Paulo: Polis: Cultura Acadêmica, 2008. 272p.

Niembo Maria Daniel - Doutoranda do PPGCI – Programa de Pós Graduação em Ciência da Informação da UNESP – Universidade Estadual Paulista (Campus Marília). Integrante do grupo de pesquisa: Informação, Conhecimento e Inteligência Organizacional.