LITERATURA INFANTOJUVENIL


BICHOS LEITORES!

Ao pensar no título desse texto comecei a rir sozinha, pois fiz uma revisão das inúmeras ações que realizei durante mais de 30 anos de profissão com o objetivo de formar leitores. Gosto tanto de ler e de narrar histórias que, duvidem, lembro-me nitidamente de rostos e reações de crianças e adultos nas minhas diferentes ocupações literárias.

 

Como resolvi falar de bichos leitores, fiquei me imaginando formando bichos-leitores numa roda de histórias, rodeada de gatos, cachorros e passarinhos, pelos menos esses animais de maior convivência com o humano. Ops! Ando vendo reportagens de pessoas que fazem coleção de cobras e lagartos (isso é pior que dizer cobras e lagartos!)

 

Prefiro a minha coleção! Prefiro falar da minha coleção! Eu e a Ana Esmeralda Carelli que trabalha comigo na Universidade Estadual de Londrina, colecionamos livros que tratam de livros, bibliotecas e leitura. Outro dia ela me deu de presente um livro. Um livro encantador! Seu título é “Os fantásticos livros voadores de Modesto Máximo” escrito por William Joyce, ilustrado por William Joyce e Joe Bluhm. Talvez você leitor não conheça o livro, mas pode ter assistido o filme a respeito dele veiculado no youtube cujo título é “Os fantásticos livros voadores do Senhor Lessmore”. Se ainda não viu, lá vai o endereço: http://www.youtube.com/watch?v=k6sW5A5zroU.

 

Fiquei tão feliz com o presente que tirei da minha biblioteca outros livros e os levei para a Ana Esmeralda verificar se ela já conhecia. Alguns sim outros não.

 

O fato é que, nessa mediação literária, anotei alguns para comprar e ela também. Isso tudo me encheu a boca d’água e numa vontade animal, comecei a buscar livros com bichos leitores e descobri, talvez (re)descobri, que eles são muitos. Na minha estante tenho alguns e é deles que quero falar agora.

 

Vou começar pelo morcego-leitor porque geralmente as pessoas têm nojo de morcegos; eu tinha um pouco de medo, mas uma vez fiz pesquisas e descobri que são importantes para a natureza, então passei a olhá-los (de longe) com outros olhos.

 

O meu morcego-leitor, isto é, meus morcegos estão no livro “Morcegos na biblioteca” que tem texto e ilustrações fantásticas de Brian Lies. Veja como eles resolvem acabar com o tédio que estavam sentindo numa noite fria:

 

Já chegou outra noite escura

com ar frio e céu azulado.

Já comemos, voamos e brincamos,

mas ainda estamos entediados!

Esta monotonia dá uma tristeza!

Para nos alegrar, só algo muito divertido,

bem melhor do que qualquer soneca...

Será possível? Que grande ideia!

Vamos passear na biblioteca! (LIES, 2009, p.1-3).

 

Nessa biblioteca aconteceu, entre outras atividades, a narrativa de histórias para os bebês-morcegos que se espalharam pela biblioteca e ficavam da forma que desejavam, incluindo a posição dependurada de cabeça para baixo nas mesas e estantes.

 

Outro livro que tenho é “Dewey um gato entre livros” da escritora norte-americana Vicki Myron com a colaboração de Bret Witter, mas, por não ser infantil, quero falar do “O gato da biblioteca” que foi escrito por Kenji Miyakawa, carioca que mora no Japão há mais de 40 anos e ilustrado por Goroh Tabata. Ele narra a história de um gato que mora numa biblioteca com sua família e nela lê muito livros, principalmente os leves e menores, pois os “enormes” ele tem medo que caiam em cima dele esmagando-o. Um dia de tanto sonhar em se aventurar pelo mundo, embarca clandestinamente no caminhão, e de repente, vai parar numa editora e nela passa a residir, pois ali conseguiu um dono que, além de cuidar dele com carinho, viajava muito, e estava aí a oportunidade de conhecer o mundo. Pensando nisso, ele pergunta: “Não é mesmo um sucesso!”

 

Tenho também o livro “O monstro que adorava ler”. Esse monstro é um misto de gente com bicho que adorava assustar as crianças entre árvores frondosas. Um dia urra para assustar uma menina bem pequena, porém ela estava tão compenetrada lendo que não se assusta. O monstro irado dá um urro muito forte que a menina foge assustada, esquecendo o livro. Ele curioso para saber por que aquela menina estava tão fascinada, começa a tentar entender o que era aquele objeto. A avó Dragão não se conformando dele não saber o que é um livro começa a alfabetizá-lo... depois disso a mania de leitura se espalhou entre os outros monstros. O monstro em gratidão sente vontade de reencontrar aquela menina.

 

Assim, o grande monstro deixou o livro da menina perto da pedra onde o encontrara; Em seguida, colocou ali uma outra pedra, menor e achatada, em forma de coração... Talvez seu desejo se realize, quem sabe?

 

Caro leitor se o monstro encontrou a menina a autora não contou, mas na última página, após a biografia da autora e do ilustrador, há uma imagem dos dois juntos. Então fica para o leitor decidir... Essa liberdade é fundamental para amar o livro e a leitura, pense nisso mediador!

 

Sugestões de leitura

 

CHARTRAND, Lili. O monstro que adorava ler. São Paulo: Comboio de Corda, 2009.

 

LIES, Brian. Morcegos na biblioteca. São Paulo: Globo, 2009.

 

MIYAKAWA, Kenji. O gato da biblioteca. [s.l.], Shinseken, 2001.


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SUELI BORTOLIN

Doutora e Mestre em Ciência da Informação pela UNESP/ Marília. Professora do Departamento de Ciências da Informação do CECA/UEL - Ex-Presidente e Ex-Secretária da ONG Mundoquelê.