MINHAS MEMÓRIAS DE LOBATO
Quando comecei a colecionar artigos e reportagens a respeito de Monteiro Lobato não sei. Sei sim que fui influenciada pela minha mãe que guardou com muito cuidado um exemplar (hoje raro) do Almanaque Fontoura – Jeca Tatuzinho publicado em 1973.
Meu interesse por Lobato e pela sua obra foi crescendo aos poucos e isso acabou me aproximando de pessoas interessantíssimas, com algumas delas brinco ao cumprimentá-las com a expressão “congratulações lobatianas”
Por causa de Lobato conheci Dr. Leo Pires Ferreira que foi agrônomo na Embrapa/Soja em Londrina e que de tanto falar de Lobato o jornalista Paulo Briguet diz que ele “semeia Lobato”.
Conheci Neuza Ceciliato de Carvalho e Ivone Dias Ayres que foram docentes da Universidade Estadual de Londrina, Dona Hilda Junqueira Villela Merz que coordenava um museu de Monteiro Lobato dentro da Biblioteca Infantil e Juvenil Monteiro Lobato de São Paulo, várias bibliotecárias dessa biblioteca entre elas Sonia Bertonazzi e Kazue Matuda Miura.
Conheci também Ceres Maria Soares Pimentel que foi diretora da Biblioteca Infantil Monteiro Lobato de Salvador e que me contou maravilhas da bibliotecária Denise Tavares (idealizadora e “fiel escudeira” da obra de Lobato e dessa biblioteca).
Visitei as bibliotecas Monteiro Lobato de São Paulo e Salvador, o Museu Monteiro Lobato
Conheço algumas obras que falam de Lobato e quando encontro alguma publicação a respeito dele, não resisto e compro.
Remexer a memória e a papelada me fez re-encontrar algumas anotações em papéis amarelados e sem data e, antes que a tinta já anêmica esgote a sua energia, transcrevo aqui para você leitor.
1882 |
Nasce em Taubaté (SP) no dia 18 de abril. É batizado com o nome José Bento Monteiro Lobato, mas aos 11 anos ele muda para José Renato Monteiro Lobato para aproveitar a bengala de seu pai José Renato Marcondes Lobato com a inscrição JRML. |
1896 |
Foi reprovado em Português ao ingressar no curso preparatório de Direito. |
1905 |
Planeja fundar uma fábrica de geleia. |
1906 |
Foi empossado como promotor de Justiça em Taubaté. |
1907 |
Foi empossado como promotor de Justiça em Areias (SP). |
1908 |
Casa-se com Maria Pureza da Natividade. |
1909 |
Nasce sua filha Marta. Planeja abrir uma venda. |
1910 |
Nasce seu filho Edgar. Associa-se em um negócio de estrada de ferro. |
1911 |
Herda a fazenda Buquira. Abre um externato em Taubaté. |
1912 |
Nasce seu filho Guilherme. |
1913 |
Planeja explorar o Viaduto do Chá em São Paulo. |
1916 |
Nasce sua filha Ruth. |
1917 |
Vende a fazenda Buquira. Funda a revista Paraíba |
1918 |
Compra a Revista do Brasil. Publica o livro “Urupês”. Funda a editora Monteiro Lobato & Cia. |
1921 |
Lança o livro “Narizinho Arrebitado”. |
1922 |
Inscreve-se para uma vaga na Academia Brasileira de Letras, mas desiste de concorrer. |
1925 |
Vai à falência com a editora Monteiro Lobato & Cia e funda a Companhia e Editora Nacional. Muda-se para o Rio de Janeiro. |
1926 |
Concorre a uma vaga na Academia Brasileira de Letras, mas é derrotado. |
1927 |
Muda-se para Nova Iorque para ser adido comercial brasileiro. |
1928 |
Organiza uma empresa brasileira para exploração do aço. |
1929 |
Aplica na bolsa de valores e perde tudo que foi investido. |
1931 |
Funda a Companhia de Petróleo do Brasil. |
1934 |
Seu livro “Histórias do Mundo” começa a receber críticas por possuir conteúdo comunista. |
1936 |
Governo proíbe a leitura do livro “O escândalo do petróleo”. |
1938 |
Cria a União Jornalística Brasileira (empresa destinada a redigir e repassar notícias). |
1939 |
Morre seu filho Guilherme. |
1940 |
“Desacata” o presidente Getúlio Vargas, recusa a assumir o Ministério da Propaganda e é preso por isso em 1941. |
1942 |
Morre seu filho Edgar. |
1944 |
Recusa a indicação para a Academia Brasileira de Letras. |
1946 |
Muda-se para a Argentina. |
1947 |
Volta ao Brasil. |
1948 |
Morre |
Preciso dizer que não sei explicar porque escolhi, entre tantos dados biográficos, esses
Resgatei também alguns pensamentos de Monteiro Lobato que considero preciosos:
“Só teria prazer em retornar ao mundo se fosse para escrever mais histórias para as crianças.”
“Carta é conversa com um amigo, é um duo e é nos duos que está o mínimo de mentira humana.”
“Na propriedade da expressão está a maior beleza; dizer “chuva” quando chove – “sol” quando soleja. É a porca que entra exata na rosca do parafuso.”
“Ciência e arte nasceram para viver juntas, porque arte é harmonia e ciência é verdade. Quando se divorciam, a verdade fica desarmônica e a harmonia falsa.”
“Tenho curiosidade em verificar, pessoalmente, se a morte é vírgula, ponto e vírgula ou ponto final.”
Bom, acho que devo parar por aqui. Antes, porém, deixo algumas dicas de leitura:
AZEVEDO, Carmen Lucia; CAMARGOS, Márcia; SACCHETA, Vladimir. Monteiro Lobato: furacão na botocúndia. São Paulo: Editora SENAC, 1997.
CAMPEDELLI, Samira Youssef; ABDALA JUNIOR, Benjamin. Ziraldo. São Paulo: Abril Educação, 1982. (Literatura comentada).
CAVALHEIRO, Edgard. Monteiro Lobato: vida e obra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1955.
DUARTE, Lia Cupertino Lobato humorista: a construção do humor nas obras infantis de Monteiro Lobato. São Paulo: Ed.Unesp, 2006.
LAJOLO, Marisa. Monteiro Lobato. São Paulo: Brasiliense, 1985. (Coleção Encanto radical, n.72).
______. Monteiro Lobato: um brasileiro sob medida. São Paulo: Moderna, 2000.
LAJOLO, Marisa; CECCANTINI, João Luís (Orgs.). Monteiro Lobato, livro a livro: obra infantil. São Paulo: Ed. UNESP, 2008.
LOPES, Eliane Maria Teixeira de; GOUVÊA, Maria Cristina Soares de (Orgs.). Lendo e escrevendo Lobato. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
MURALHA, Sidônio. Um personagem chamado Pedrinho. 4.ed. Rio de Janeiro: Nórdica, 1970.
ROSA, Nereide Schilaro Santa. Biografias brasileiras: Monteiro Lobato. São Paulo: Callis, 2000.
SANDRONI, Luciana. Minhas memórias de Lobato: contadas por Emília, marquesa de rabicó e pelo visconde de sabugosa. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.