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BIBLIOTECA ESCOLAR


  • Discussões, debates e reflexões sobre aspectos gerais e específicos da Biblioteca Escolar.

ACERVO ESCOLAR – BILIOTECA OU SALA DE LEITURA?

É... quanto mais eu leio, ouço, participo de palestras, e me debruço sobre artigos que tratam de bibliotecas, principalmente as escolares, acervos culturais escolares, leitura, projetos governamentais sobre livros, etc, mais eu fico irritada e indignada.

 

Ainda bem, pois enquanto nós nos indignarmos com algo é sinal que ainda temos “sangue nas veias”, estamos incomodados e que podemos fazer alguma coisa para alterar o “status quo” da situação vigente.

 

Por mais que eu me sinta, sempre, motivada a continuar e acreditar que poderemos chegar a um final feliz, ou pelo menos perto de, preciso confessar que algumas vezes penso em desistir, tamanho é o descaso de nossas autoridades públicas, em qualquer esfera, para com a educação no Brasil, de um modo geral. É impressionante poder verificar como a falta de sensibilidade, criticidade, e ainda o total desconhecimento das funções, objetivos, importância e possibilidades de uma biblioteca na escola e conseqüente papel/função do profissional bibliotecário, podem afetar uma população já tão carente de outros recursos básicos, como moradia, saúde, etc.

 

A questão Salas de Leitura é um soco no estômago de qualquer cidadão que tem um mínimo de clareza do que é uma coisa e outra.

 

Repetindo a colega desta coluna, a leitura pode e deve ser feita em qualquer local, até mesmo no banheiro, o que chega a ser até reconfortante. O que eles pretendem, na verdade, é desviar o foco do problema e minimizá-lo com ações sem cabimento e continuidade.

 

Por mais que eu pense e discuta, não consigo encontrar uma resposta plausível, a não ser a questão de verba, o que pode ser muito discutível, o que falta para o poder público criar, juntamente com tantos acervos distribuídos para as escolas, novos postos de trabalho para o bibliotecário cumprir sua função, por meio de abertura de concursos públicos?

 

Essa, sem dúvida alguma, deveria ser uma bela plataforma de governo, pois teríamos a dobradinha bibliotecário e professor, numa ação conjunta, necessidade premente, de acordo com o Manifesto da UNESCO para Bibliotecas Escolares.

 

Infelizmente não tenho condições, no momento, de citar cifras e nem mesmo a quantidade de livros que já foram distribuídos, pelo país afora, para diversas escolas, por meio de projetos de leitura, com diferentes nomes, perfis, mentores e objetivos. E o que vemos ainda, é falta de leitura por parte de nossos jovens na escola pública; é ainda a escola pública com sérios problemas de segurança, e não venham me dizer que segurança é de outra alçada, porque se as escolas tivessem, de fato, um trabalho de educação, um trabalho de leitura, de envolvimento, de respeito para com o outro e de comprometimento, muitos jovens estariam dentro das salas e não nos pátios e nem fora dos muros da escola.

 

A distribuição de livros por si só sinaliza quantidade de dinheiro público gasto e quantidade de livros que foram para uma determinada escola, nada mais.

 

Ainda não li nada a respeito, e aí, por favor, se alguém tiver a informação, me corrija, sobre como e onde essa distribuição afetou o modo de lecionar do professor, como ele disponibilizou esses livros para seus alunos e o resultado dessa leitura.

 

Há cerca de 3 anos, quando alguns desses projetos já eram realizados, o pai de uma aluna do colégio onde trabalho, que era professor de geografia da rede estadual de ensino, e que além de ser uma pessoa consciente, politizada e crítico das ações governamentais, freqüentava muito a minha biblioteca me disse o seguinte: “ontem a diretora da escola recebeu 6 caixas de livros para serem distribuídos para os alunos, mas como não vieram em número suficientes para todos e nem todos os professores estavam dispostos a separá-los e nem de acordo com o conteúdo daquele “acervo”, ela me pediu para pegar os que eram de geografia e deixar em meu armário, porque os demais seriam enviados para outro lugar.”

 

Falei de 2006 e não de 10 anos atrás. Será que atualmente mudou alguma coisa? Como a filha dele se formou, não tenho tido mais contato com ele para saber...

 

Outro fato que me ocorreu em fevereiro último foi o caso de uma professora nossa que, após 25 anos de colégio, pediu dispensa para ficar somente na escola pública e, para espanto de muitos, solicitou trabalhar na Sala de Leitura!!!

 

Ela, como professora de 5° ano, trabalhava muito em sintonia com a biblioteca, conhecia nossos serviços e por conta disso, nos telefonou pedindo ajuda para “formar” a tal sala de leitura, da escola onde foi trabalhar.       

 

Tive um choque inicial muito grande, porém, depois, aos poucos fui tentando entendê-la e resolvi ajudá-la no que me fosse possível. Conversando pessoalmente, me deparei com um problema maior ainda, pois essa sala de leitura só tinha livros velhos, rasgados, desatualizados, de acordo com ela, e que além de um espaço bastante comprometido, não tinha ninguém para auxiliar e nem sabia por quanto tempo ficaria lá, uma vez que, caso algum outro professor se ausentasse, ela ocuparia o seu lugar. Ou seja, essa professora me disse que não há planejamento para a sala de leitura, pelo menos naquela escola. Sua diretora pediu-lhe que providenciasse esse “plano de trabalho” e verificasse o que necessitaria. Ela chegou com uma série de dúvidas; ficou entusiasmada com nossa conversa e acabou saindo meio desanimada, pois, como disse, apesar de ter tanta coisa que poderia fazer, não sabia por onde começar e nem se, caso ela saísse, o trabalho teria continuidade.

 

Não é para nos deixar atônitos????

 

Revendo minhas anotações, encontrei algo que me intrigou, pois apesar de ser de maio de 2006, está perfeitamente atualizado, infelizmente, pois se trata de uma constatação: que é preciso mudar o paradigma da Educação, de objetivo de ensinar para objetivo de aprendizagem.

 

Isso foi tema duma palestra em maio de 2006, pelo doutor em Ciências da Educação, Rui Canário, português, da Universidade de Lisboa, que profetiza também que a escola, tal como é concebida, até hoje, não chegará a lugares melhores, pois ela descarta a bagagem anterior do aluno, sua experiência de vida, sua história, e isso, segundo ele, é que realmente o “ensina” a viver.

 

Em seu livro – A escola tem futuro?, publicado pela Artmed, em 2006, ele coloca que existem alguns pontos fundamentais que a criança precisa alcançar para ter seu aprendizado:  aprender por si mesma; o aprender acompanha o ciclo vital; se aprende em todos os ambientes, com o chamado currículo oculto; a aprendizagem pressupõe um processo de socialização; os papéis de professor e aluno podem e devem ser trocados para haver uma maior aprendizagem, etc.

 

Em outros trechos ele cita mais: que a criança aprende com trabalho; que a aprendizagem tem um percurso individual, ou seja, cada um tem seu tempo e seu jeito; que a escola deve ser um local de hospitalidade, deve promover a aceitação de todo e qualquer aluno que venha se matricular. E para que a Escola possa mudar, é necessário que o educador “desaprenda” e se abra para uma nova forma de aprendizagem. Ele precisa recomeçar do zero, para que novas informações e novas formas de aprender sejam feitas.

 

Trouxe à tona essas citações para poder fazer uma ponte entre a Sala de Leitura, que, infelizmente e realmente, está substituindo a Biblioteca na escola.

 

Mais do que nunca, nossos jovens, principalmente os da periferia que povoam as escolas públicas, trazem em seu repertório de vida, muito mais vivência do que as crianças da rede particular. Isso é um fato consumado e não deve ser esquecido no momento de recebê-lo na sala de aula e sim aproveitar o que ele já sabe “da vida”, para que o professor possa transmitir-lhe todo o conteúdo pedagógico/pragmático traçado para a escola atual.

 

O aluno tem que ser protagonista de sua aprendizagem e não mero coadjuvante; precisa ter uma participação mais ativa e não somente ser um telespectador ouvinte.

 

Até onde pude perceber, numa Sala de Leitura, como já configurada em lei, o mediador será o professor readaptado, ou o professor que está com qualquer problema, ou de saúde ou com sua sala de aula, ou outro que o impeça de continuar sua função precípua, que é a de lecionar. Pois bem, sendo assim, com que ânimo, com que motivação, com que objetivos claros esse professor fará essa mediação? Se ele foi afastado por dificuldades de relacionamento com pares ou com alunos, como receberá o aluno-problema na Sala de Leitura? Como conquistará esse aluno que “dá trabalho” em sala de aula? Como ele se organizará para administrar o acervo e também possibilitar o encontro do aluno com a leitura prazerosa, lembrando de tudo o que Rui Canário recomenda, que é escutar, ouvir e respeitar a história de vida de cada aluno, não considerando que quem está sendo ensinado seja ignorante?   

 

A Biblioteca, por sua vez, dentro de sua especificação, com estrutura adequada, profissional adequado e as parcerias adequadas, tem tudo para ser o centro de socialização na escola; local para “conversar” e “discutir” idéias, pressupostos e opiniões. Ela se torna num momento, local para leitura e num outro, espaço democrático para os encontros coletivos.

 

Uma Biblioteca na Escola, dentro dos princípios básicos ditados pelo Manifesto da UNESCO, e seguindo as características de cada local onde estiver inserida, deverá oportunizar aos professores, alunos e familiares que se unam em torno da leitura; se coadunem na busca de soluções para os problemas cotidianos da comunidade; se interessem em lutar por melhoria de qualidade de vida, por meio do conhecimento adquirido em livros, jornais, revistas, qualquer outro suporte informacional ou ainda por meio de relações interpessoais.

 

Retomando textos de 2008, aqui postados, salientamos que é na faixa até os 5-7 anos que a criança é preparada para o mundo letrado. Ressaltamos também por isso, a necessidade e a importância da Biblioteca Escolar, não somente enquanto “servidora” e guardiã de recursos informacionais, mas sobretudo, como espaço democrático do saber, onde o aluno pode encontrar toda e qualquer informação que necessite ou apenas tenha interesse em conhecer.

 

É na Biblioteca Escolar também que o professor pode e deve procurar adquirir e ampliar seus conhecimentos; deve se apropriar do acervo geral, para diversificar o trabalho com seus alunos; deve ter a consciência de que as atividades não devem ficar circunscritas somente à leitura, e sim, criar outras formas de aprendizado.

 

Um fato curioso (e diria cômico, se a situação não se mostrasse tão séria), é que estamos falando de poder público e, no caso específico de São Paulo, teremos bibliotecas sendo substituídas por Salas de Leitura. Na Revista Nova Escola deste mês, numa reportagem intitulada Recanto do Saber, o diretor de Políticas de Formação, Materiais Didáticos e de Tecnologias para a Educação Básica, do Ministério da Educação (MEC), portanto órgão federal, afirma: “A biblioteca escolar bem utilizada funciona como uma potente ferramenta para o desenvolvimento do aluno, de sua autonomia intelectual e também do processo de ensino e aprendizagem.” Em nenhum momento ele cita Salas de Leitura. Então pergunto: sendo do MEC, órgão federal, não teria o governo estadual que se submeter ou pelo menos indagar sobre o fechamento de bibliotecas? Essa Política de Formação, Materiais Didáticos e de Tecnologia para a Educação Básica, não se estende para todo o território brasileiro?

 

Só queria entender como funciona, já que quase não temos bibliotecas escolares na rede pública de ensino, no Estado de São Paulo, sendo um dos mais importantes estados do país, econômica e culturalmente falando, inclusive em número de escolas de biblioteconomia.  

 

Na Revista Língua Portuguesa, também de abril, em sua página 8, há um pequeno texto intitulado: GOVERNO QUER MAIS BIBLIOTECAS, sobre o desejo do MINC- Ministério da Cultura, de elevar o número de biblioteca no país e diminuir, ainda neste ano (claro, ano que vem teremos eleições) o número de municípios sem biblioteca pública. E, ainda que possa soar eleitoreiro, São Paulo, enquanto município e também como estado, fica na contramão desse programa, ou seja, fecha bibliotecas ou as substitui...  

 

Diante dessa postura do poder público, principalmente no Estado de São Paulo, que já tornou lei a questão das Salas de Leitura, devo concordar com uma amiga bibliotecária da área pública que quer levantar a questão da identidade das Bibliotecas Públicas e Escolares. Ela provoca que, frente a tantas crises atuais, essas Bibliotecas também estão vivendo uma, a existencial. Será tema, inclusive, de uma mesa redonda no próximo COLE, em Campinas.

 

Se formos analisar friamente, o poder público está, pouco a pouco, podando e minando as poucas iniciativas que existiam em Bibliotecas, tanto nas públicas, quanto nas escolares. Inclusive, ouso mencionar que é prático e mais fácil para o governo acabar com a Biblioteca na escola, criando apenas Sala de Leitura, pois dessa forma, fica desobrigado em ter o profissional bibliotecário, devidamente capacitado para assumí-la, como rege nossa legislação. Também, descobriu ser essa a forma mais rápida encontrada para destinar àquele recinto, professores sem “condições” de permanecerem em sala de aula.

 

Espero que mais pessoas tenham se contaminado pelo vírus da indignação lançado pela colega de coluna, no mês passado, para que assim façamos algo para restaurar a dignidade merecida pela Biblioteca Escolar na área pública.

 

Felizmente, ainda temos exemplos positivos de Bibliotecas Públicas, que ao fazer o papel da Escolar, o fazem bem feito, proporcionando a seus usuários, uma gama de serviços, oportunidades de aprendizado e crescimento. (MB)


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MARILUCIA BERNARDI

Formada pela PUCCampinas. Atualmente elabora projetos para formação de Biblioteca Particular (Pessoal), oferece apoio a Bibliotecas Escolares e é aluna da Faculdade da Terceira Idade, da UNIVAP, em Campos do Jordão. Ministrou aulas de Literatura e Comunicação, por dois anos, na Faculdade da Terceira Idade. Atuou na Escola Estadual Prof. Theodoro Corrêa Cintra, em Campos do Jordão, pela ONG AMECampos do Jordão. Trabalhou na Fundação Getúlio Vargas de São Paulo; na Metal Leve; chefiou a Biblioteca da Faculdade Anhembi-Morumbi e foi encarregada da biblioteca do Colégio Santa Maria. Possui textos publicados e ministrou diversas palestras sobre Biblioteca Escolar.?

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MARIA HELENA T. C. BARROS

Livre-docente em Disseminação da Informação (UNESP); Doutora em Ciências da Comunicação (USP); Mestre em Biblioteconomia (PUCCAMP); Especialista em Ação Cultural (USP); Formada em Biblioteconomia e Cultura Geral (Fac. Filosofia Sedes Sapientiae); Autora de livros e artigos científicos publicados no Brasil e no Exterior