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BIBLIOTECA ESCOLAR


  • Discussões, debates e reflexões sobre aspectos gerais e específicos da Biblioteca Escolar.

O DESMONTE

Como ex-aluna da antiga Escola Modelo Caetano de Campos, em São Paulo, cuja missão era ser o ponto máximo em estratégias e procedimentos pedagógicos de vanguarda na/para a rede pública de ensino, fui introduzida na biblioteca escolar desde a classe do “jardim da infância”.

 

Na posição de escola pública de ponta, dispunha de uma biblioteca de qualidade para os alunos menores, além das outras, destinadas a outros públicos. A nossa era planejada e montada de forma compatível com os alunos usuários, em medidas reduzidas de mesas, cadeiras e estantes, de acordo com a idade e o tamanho da meninada.

 

Dona Iracema Silveira, a inesquecível bibliotecária que pude homenagear nas páginas iniciais de minha dissertação de mestrado, tanto tinha de sisudez quanto de sabedoria ao iniciar os talvez ainda analfabetos no universo dos livros e da leitura, despertando-lhes a curiosidade, o interesse e o prazer, tanto pela forma quanto pelo conteúdo de cada volume lá disponível. Ainda não era o tempo de multimídia, havia apenas textos impressos e ilustrados. Muitos textos.

 

A grade horária de crianças que tinham entre quatro e quase sete anos de idade previa a ida à biblioteca talvez umas duas vezes por semana (não lembro bem), quando lá ficávamos disputando os livrinhos que ela sugeria – ela no meio de nós –, sabendo muito bem o quê e porquê sugeria.

 

Sem grandes aparatos, ali se aprendia a gostar de ler, a partir do mero contato com os livros de história, pois poucos estavam alfabetizados então. Entretanto, a convivência com uma bibliotecária excepcional e um ambiente de leitura muito favorável possibilitou que daquela geração de alunos saíssem intelectuais do porte de um Oduvaldo Viana Filho (o Vianinha), do ator Jairo Arco e Flexa e do maestro Herlon Chaves, entre tantos outros.

 

Com esse exemplo, quero mostrar a importância da biblioteca escolar, pelo papel que representa na formação intelectual de cada um e na do leitor em particular.

 

Ressalte-se que, na escola pública estavam e estão alunos de todos os estratos sociais e que, portanto, a chamada democratização do conhecimento pode e precisa ser mais efetiva. Lembre-se ainda que, em trabalho acadêmico anterior, um pesquisador afirmou que o leitor brasileiro é “escolarizado”, na sua grande maioria; isto é, as condições de vida e as políticas públicas sacramentam que as oportunidades de ler e de avançar no conhecimento estão na escola, durante o período correspondente à escolaridade de cada um.

 

Ora, assim sendo, a escola – mormente a escola pública, tem que levar isso em consideração e reforçar a biblioteca como lugar privilegiado de formação de leitores, além de considerá-la como fonte de informação e de conhecimento para o professor poder atualizar-se em sala-de-aula, quanto ao conteúdo a ser tratado em cada tópico abordado.

 

Todavia, não é o que acontece no estado de São Paulo, desde a década de 90, quando a biblioteca escolar da rede pública de ensino entrou em crise.

 

Em trabalho de conclusão de curso, premiado pelo Conselho Regional de Biblioteconomia-8ª Região com o “Laura Russo” de 2001, Emanuela Fernandes Arantes analisa “A biblioteca escolar frente à política educacional no Estado de São Paulo (1991 a 1999)”, no período em que essa crise foi fortemente estabelecida, gerando a situação que temos até hoje no âmbito da educação paulista.

 

Como esclarece a autora,

                       

Sofrendo as influências diretas das políticas para a educação dos governos estaduais, a biblioteca escolar foi reestruturada por diversas vezes: foi transformada em CIC (Centro de Informação e Criação), no governo de Luís Antônio Fleury (eleito pelo PMDB para a gestão 1991-1994), quando foi implantado no Estado de São Paulo o programa de reforma do ensino público paulista, denominado Reforma da Escola-padrão, que tinha o intuito de recuperar a escola pública quanto à melhoria da qualidade de ensino. Na gestão seguinte, governo Mário Covas (primeiro governo, 1994 a 1998), houve uma reestruturação da política voltada para o ensino; na gestão atual, visou-se a reorganização e racionalização dos equipamentos escolares, com o objetivo de fixar o corpo docente na escola, compondo adequadamente a jornada de trabalho, concentrando recursos materiais, didáticos e financeiros; principalmente instalando salas-ambiente diferenciadas. (ARANTES, 2000).

 

Entretanto, o trabalho de Arantes dá conta, à p.23, de duas situações surpreendentes: 1- “... a biblioteca escolar estava oficialmente/legalmente extinta, bem como o CIC que a substituiu”; 2- “Mesmo assim, a Secretária Rose Neubauer afirma, em seu discurso, que a biblioteca escolar atuaria conjuntamente com as salas-ambiente, evidenciando-se a paradoxalidade  da questão.”

 

Em trecho anterior do texto (ARANTES, 2000, p.21), é dito que as salas-ambiente elencariam “... livros didáticos, paradidáticos, livros de literatura infantil e juvenil, revistas, jornais, jogos, equipamentos e instrumentos, discos, CDs...”, que fazem parte e caracterizam as coleções de qualquer biblioteca moderna. Portanto, a indefinição conceitual – paradoxal – acabou quebrando a estrutura do acervo e mesmo a física da biblioteca escolar, nessa gestão estadual.

 

Se na época do governo Fleury, com o advento do CIC na escola-padrão, a biblioteca escolar já havia sofrido um primeiro golpe, a pressão do CRB-8, ao final daquela gestão, em que Fernando Moraes era o secretário da Educação, causou uma reviravolta no estado das coisas: o Secretário caiu e a biblioteca voltou à situação legal de antes; apenas no papel, já que o decreto foi publicado no Diário Oficial do Estado, mas não houve tempo hábil para a regulamentação, impossibilitando seu efeito.

 

De lá para cá, a rede pública de ensino não conta, oficial e efetivamente, com a biblioteca escolar, nem com a presença profissional do bibliotecário para organizá-la e geri-la. Como terra de ninguém, o que sobrou do acervo desaparecido das antigas bibliotecas escolares é o retrato da falta de zêlo com a coisa pública, do descaso com a educação e a cultura da criança e do jovem, que deveriam encontrar na escola fontes variadas de informação para o conhecimento, os estudos e a leitura de lazer, muitas vezes só lá possibilitados para eles, bem como para toda a comunidade escolar. (MHTCB)


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MARILUCIA BERNARDI

Formada pela PUCCampinas. Atualmente elabora projetos para formação de Biblioteca Particular (Pessoal), oferece apoio a Bibliotecas Escolares e é aluna da Faculdade da Terceira Idade, da UNIVAP, em Campos do Jordão. Ministrou aulas de Literatura e Comunicação, por dois anos, na Faculdade da Terceira Idade. Atuou na Escola Estadual Prof. Theodoro Corrêa Cintra, em Campos do Jordão, pela ONG AMECampos do Jordão. Trabalhou na Fundação Getúlio Vargas de São Paulo; na Metal Leve; chefiou a Biblioteca da Faculdade Anhembi-Morumbi e foi encarregada da biblioteca do Colégio Santa Maria. Possui textos publicados e ministrou diversas palestras sobre Biblioteca Escolar.?

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MARIA HELENA T. C. BARROS

Livre-docente em Disseminação da Informação (UNESP); Doutora em Ciências da Comunicação (USP); Mestre em Biblioteconomia (PUCCAMP); Especialista em Ação Cultural (USP); Formada em Biblioteconomia e Cultura Geral (Fac. Filosofia Sedes Sapientiae); Autora de livros e artigos científicos publicados no Brasil e no Exterior