LITERATURA INFANTOJUVENIL


OS TALISMÃS NA LITERATURA INFANTIL UNIVERSAL

Muitos são os objetos mágicos existentes na literatura infantil, entre eles podemos citar: varinhas de condão, vassouras, correntes, lâmpadas, luzes azuis, barrete vermelho. Estes objetos são os talismãs dos personagens.

 

O que é um talismã? O Dicionário Aurélio define talismã como – “objeto de formas e dimensões variadas, ao qual se atribuem poderes extraordinários de magia ativa, possibilitando a realização de aspirações ou desejos”.

 

Entre os personagens que usam esses talismãs causando tanto encantamento estão as fadas, bruxas, fantasmas e sacis...

 

A fada é entidade fantástica do gênero feminino dotada de poderes sobrenaturais que nunca se separa de sua varinha de condão e com ela pratica, em geral, atos bondosos, realizando sonhos ou desmanchando atos de maldade.

 

Em volta das bruxas há muita lenda, o folclore goiano, por exemplo, afirma que bruxa é a “última das sete filhas de um mesmo casal que não foi batizada pela irmã mais velha, virando coruja, e, à noite, entra pelo telhado e pelas janelas para chupar o sangue de crianças, bebe cachaça e pia forte, voando e soltando gargalhadas". Gargalhadas finas e escandalosas. Todas, ou quase todas, não dispensam suas vassouras que nem sempre são usadas apenas como meio de transporte. Na literatura infantil há muitas bruxas, mas nem todas são más.

 

Não? Como assim? Bruxa que é bruxa é ruim! Pois é. Na atualidade, as bruxas não são tão más como nos textos clássicos. Elas estão presentes, por exemplo, nos livros de E.Larreula e R. Capdevila (da coleção da Bruxa Onilda pela Editora Scipione) e nos da Eva Furnari (bruxa Zelda, bruxa Encantada, bruxinha, Sorumbática e outras). Muitas dessas bruxas não têm uma personalidade maligna, usam os seus talismãs para consertar as maldades de outras bruxas, algumas delas são tão atrapalhadas que conseguem se confundir ao cozinhar em seus caldeirões borbulhantes...

 

O gênero masculino é representado pelo mago ou feiticeiro que além de enfeitiçar pessoas produz efeitos tanto benéficos como maléfícos. A principal característica no vestuário do mago é o chapéu que, em sua maioria, é pontiagudo e repleto de estrelas e embaixo deles são guardados muitos segredos.

 

O grilhão, ou seja, as correntes e as algemas, também é uma espécie de talismã. E os barulhos sinistros delas sendo arrastadas pelos cômodos sombrios de uma casa mal-(ou bem)assombrada, deixam os leitores “enlouquecidos” só de imaginar. O suposto reaparecimento de um defunto ou de uma alma penada (fantasma) assusta, mas por outro lado “seduzem” os leitores/ouvintes de todas as idades.

 

E o barrete vermelho do Saci Pererê? Dizem que os índios brasileiros “já conheciam um passarinho chamado Iaci Iaterê! Era um passarinho preto, que pulava de árvore em árvore, e posava nos galhos com uma perna só! Ele tinha a cabeça vermelhinha e era ventríloquo! (dava para ouvir de longe), assim ele fazia os índios se perderem na floresta... e com isso, o índio não conseguia caçar direito! [...] Daí vieram os escravos negros... e aí, quando aprenderam as histórias da terra misturaram tudo... e transformaram o pássaro num negrinho de uma perna só! E sua cabecinha vermelha, numa cabeça de fogo! E já tinham recriado o Iaci Iaterê com seu jeito, o velho escravo contador de histórias botou um pito igual ao seu na boquinha dele!”[1]. Voltemos a pergunta: e o barrete vermelho do Saci Pererê? O barrete é a fonte de seus poderes mágicos, pois sem ele o saci fica sem ação e se acovarda.

 

E o Pirata? Será que tem talismã? Será que o talismã do Pirata é o gancho? Ou será que é o papagaio? Isso eu não sei responder, pois os piratas são homens terrivelmente terríveis e deles, eu quero distância.

 

E por falar em pirata-homem, você conhece alguma pirata-mulher? Nunca viram uma? Fiquem tranqüilos, prometo que na nossa próxima conversa vou apresentar a minha prima Ambrosina.



[1] SILVA, Keli Cristina da. A mediação de leitura por meio de Histórias em Quadrinhos. 2005. 42f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biblioteconomia) – Universidade Estadual de Londrina, 2005.


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SUELI BORTOLIN

Doutora e Mestre em Ciência da Informação pela UNESP/ Marília. Professora do Departamento de Ciências da Informação do CECA/UEL - Ex-Presidente e Ex-Secretária da ONG Mundoquelê.