TRANSFORMAÇÃO E MARKETING DIGITAL


  • Esta coluna tem a proposta de convergir os temas tecnologias da informação e comunicação com o marketing digital, visando criar um novo momento de discussão para a inclusão sociodigital nas unidades de informação. Abordaremos temas como: mídias sociais, novas práticas de marketing, internet das coisas, big data, e muito mais em torno da evolução do usuário e do profissional na era digital?

PRESSUPOSTOS DA INCLUSÃO SOCIODIGITAL EM CONVERGÊNCIA COM O MARKETING DIGITAL EM UNIDADES DE INFORMAÇÃO

 

(Fonte: Pixabay)

Esta coluna pretende discutir dois temas relevantes frente as demandas educacionais. Foi com a intenção de observar o conceito de inclusão sociodigital, que surgiu o estímulo de se pesquisar sobre o marketing digital na educação e em unidades de informação. 

A pretensão é levantar discussões para elaborar um conceito que apresente o educador estrategista em mídias sociais, procurando abordar temáticas interessantes que cercam os estudos sobre inclusão digital no contexto da Educação e da Ciência da Informação. Convergir os temas inclusão digital e marketing digital é o grande desafio desta coluna, por entendermos como uma discussão com grande potencial para as instituições educacionais poderem dialogar com seu público alvo. 

Este primeiro artigo inicia a partir da noção que permeia, ou embasa, como o tema pode influenciar na defesa do debate que direciona o assunto no contexto do marketing digital como uma nova perspectiva no debate da inclusão sociodigital na educação e nas unidades de informação. Em mais de quinze anos estudando o tema inclusão digital tem sido possível perceber que há ainda um longo caminho para percorrer com relação aos discursos e práticas dos atores envolvidos. 

O termo convergência de recursos para inclusão digital em unidades de informação diz respeito à aplicação, de maneira simultânea, dos recursos digitais (linguagem e conteúdo), físicos (computadores e conectividade), humanos (letramento e educação) e sociais (comunidades e instituições). (1) 

Enquanto os termos exclusão digital e letramento digital estão entrando em uso comum, para as discussões articuladas por pesquisadores e formuladores de políticas a inclusão digital ainda é uma provocação. A inclusão digital é uma categoria muito mais ampla que aborda os outros dois (2)

É importante ressaltar que a "inclusão sociodigital" tem sido articulada no nível da categoria política, especificamente, para tratar de questões de oportunidade, acesso e habilidades. Considerando que a discussão em torno do ‘fosso digital’ tende a concentrar-se no acesso disponível aos indivíduos, a inclusão sociodigital é utilizada para sinalizar uma abordagem prática, orientada por políticas que abordam as necessidades das comunidades como um todo. Em suma, a inclusão sociodigital é um movimento, que tem seu entendimento mais beneficiado quando observado na categoria política, e um marco para a avaliação e prospecção, considerando a disposição das comunidades em seu movimento frente as variadas situações na era digital.

A compreensão de inclusão que respalda a concepção de inclusão sociodigital que será debatida está balizada no conceito de integração social (3), onde os indivíduos estão incluídos e excluídos simultaneamente no mundo, no sistema, etc., dependendo da perspectiva do objeto de desejo. Contudo, mesmo esses indivíduos à margem, pressionam e influenciam todo o sistema. 

Esse aspecto também encontra sustentação na discussão realizada por Pedro Demo (4), quando este observa o ‘charme’ conferido ao conceito exclusão social. Esse debate que envolve o par dialético “exclusão e inclusão” assim como a perspectiva de integração social tem sido de extrema importância na área das ciências sociais. Percebendo isso, entendo a relevância de discutir estes conceitos à luz de Sorj e Martuccelli (5). Quando necessário revisitar a teoria de sociedade em rede de Castells (1999 e 2000). 

Ainda que os mais humildes, aos poucos e muito devagar, passem a incluir-se no mundo digital, este acesso é da ordem do “trickle down” (a conta-gotas). A lógica do mercado, por uma parte, barateia o processo produtivo de artefatos digitais, o que certamente facilita a vida dos marginalizados. 

Mas a mesma lógica reserva implacavelmente as melhores chances para os que já as têm. Como dizem educadores críticos, o próprio sistema educacional público, se não for devidamente arrumado, tende avassaladoramente a melhorar ainda mais as chances já melhores de minorias (6).

Contudo, os sociólogos não constituem o eixo principal deste artigo, mas certamente, lubrificam as engrenagens da discussão dessa análise. Afinal, considero a premissa de que o marketing digital pode fornecer estratégias capazes de potencializar a interação de bibliotecários e usuários nas mídias sociais digitais como prerrogativa do acesso, da inserção ou emancipação desses sujeitos em um novo paradigma implementado por conta de inovações e tecnologias. Vale salientar que a perspectiva de marketing digital, abordado aqui, não estará voltada para o mercado, mas sim para a constituição de estratégias eficazes para proporcionar a presença digital de sujeitos e de instituições sem fins lucrativos na rede social. 

Notas

(1) WARSCHAUER, M. Laptops and literacy: learning in the wireless classroom. New York: Teaches College Press, 2007.

(2) MARYLAND. Institute Of Museum And Library Services. American Library Association (ALA) (Org.). What is Digital Inclusion: Digital inclusion has three broad facets. 2016. University of Maryland. Disponível em: . Acesso em: 13 maio 2017.

(3) CASTEL. R. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Trad. Iraci Poleti. Petrópolis: Vozes, 1998.

(4) DEMO, P. Charme da exclusão social. Campinas: Autores Associados, 2002.

(5) SORJ, B; MARTUCCELLI, D. O desafio latino-americano: coesão social e democracia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

(6) ARUM, R ; ROKSA, J. Academically Adrift :limited learning on college campuse. Chicago: The University of Chicago Press, 2011.


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BARBARA COELHO

Doutora em Educação, mestrado e pós-doutorado em Ciência da Informação. Professora e pesquisadora da UFBA, onde coordena o Laboratório de Tecnologias Informacionais e Inclusão Digital (LTI Digital). Palestrante e autora dos livros Tecnologia e Mediação: uma abordagem cognitiva para inclusão digital, e Marketing Digital para Instituições Educacionais e Sem Fins Lucrativos.