TEXTOS TEMPORÁRIOS


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15 POEMAS FAMOSOS PARA LER COM AS CRIANÇAS - 2

8. A Centopeia – Marina Colasanti

Quem foi que primeiro

teve a ideia

de contar um por um

os pés da centopeia?

 

Se uma pata você arranca

será que a bichinha manca?

 

E responda antes que eu esqueça

se existe o bicho de cem pés

 

será que existe algum de cem cabeças?

 

9. Canção para ninar dromedário – Sérgio Capparelli

Drome, drome

Dromedário

 

As areias

Do deserto

Sentem sono,

Estou certo.

 

Drome, drome

Dormedário

 

Fecha os olhos

O beduíno,

Fecha os olhos,

Está dormindo.

 

Drome, drome

Dromedário

 

O frio da noite

Foi-se embora,

Fecha os olhos

Dorme agora.

 

Drome, drome

Dromedário

 

Dorme, dorme,

A palmeira,

Dorme, dorme,

A noite inteira.

 

Drome, drome

Dromedário

 

Foi-se embora

O cansaço

E você dorme

No meu braço.

 

Drome, drome

Dromedário

 

Drome, drome

Dromedário

 

Drome, drome

Dromedário.

 

10. Convite – José Paulo Paes

Poesia

é brincar com palavras

como se brinca

com bola, papagaio, pião.

 

Só que

bola, papagaio, pião

de tanto brincar

se gastam.

 

As palavras não:

quanto mais se brinca

com elas

mais novas ficam.

 

Como a água do rio

que é água sempre nova.

 

Como cada dia

que é sempre um novo dia.

 

Vamos brincar de poesia?

 

11. Se – Paulo Leminsky

Se

Nem

for

terra

 

Se

Trans

For

mar.

 

12. A Canção dos tamanquinhos – Cecília Meireles

Troc… troc… troc… troc…

ligeirinhos, ligeirinhos,

troc… troc… troc… troc…

vão cantando os tamanquinhos…

 

Madrugada. Troc… troc…

pelas portas dos vizinhos

vão batendo, Troc… troc…

vão cantando os tamanquinhos…

 

Chove. Troc… troc… troc…

no silêncio dos caminhos

alagados, troc… troc…

vão cantando os tamanquinhos…

 

E até mesmo, troc… troc…

os que têm sedas e arminhos,

sonham, troc… troc… troc…

com seu par de tamanquinhos…

 

13. As borboletas – Vinicius de Moraes

Brancas

Azuis

Amarelas

E pretas

Brincam

Na luz

As belas

Borboletas.

 

Borboletas brancas

São alegres e francas.

 

Borboletas azuis

 

Gostam muito de luz.

 

As amarelinhas

São tão bonitinhas!

 

E as pretas, então…

Oh, que escuridão!

 

14. Meus oito anos – Casimiro de Abreu

Oh! que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!

 

Como são belos os dias

Do despontar da existência!

– Respira a alma inocência

Como perfumes a flor;

O mar é – lago sereno,

O céu – um manto azulado,

O mundo – um sonho dourado,

A vida – um hino d’amor!

 

Que aurora, que sol, que vida,

Que noites de melodia

Naquela doce alegria,

Naquele ingênuo folgar!

O céu bordado d’estrelas,

A terra de aromas cheia

As ondas beijando a areia

E a lua beijando o mar!

 

Oh! dias da minha infância!

Oh! meu céu de primavera!

Que doce a vida não era

Nessa risonha manhã!

Em vez das mágoas de agora,

Eu tinha nessas delícias

De minha mãe as carícias

E beijos de minha irmã!

 

Livre filho das montanhas,

Eu ia bem satisfeito,

Da camisa aberta o peito,

– Pés descalços, braços nus –

Correndo pelas campinas

A roda das cachoeiras,

Atrás das asas ligeiras

Das borboletas azuis!

 

Naqueles tempos ditosos

Ia colher as pitangas,

Trepava a tirar as mangas,

Brincava à beira do mar;

Rezava às Ave-Marias,

Achava o céu sempre lindo.

Adormecia sorrindo

E despertava a cantar!

 

Oh! que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

– Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

A sombra das bananeiras

Debaixo dos laranjais!

 

15. Ao pé de sua criança – Pablo Neruda

O pé da criança ainda não sabe que é pé,

e quer ser borboleta ou maçã.

 

Mas depois os vidros e as pedras,

as ruas, as escadas,

e os caminhos de terra dura

vão ensinando ao pé que não pode voar,

que não pode ser fruta redonda num ramo.

 

Então o pé da criança

foi derrotado, caiu

na batalha,

foi prisioneiro,

condenado a viver num sapato.

 

Pouco a pouco sem luz

foi conhecendo o mundo à sua maneira,

sem conhecer o outro pé, encerrado,

explorando a vida como um cego.

Autor: Gabriella Reis
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Seção Mantida por OSWALDO FRANCISCO DE ALMEIDA JÚNIOR

Professor associado do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/Marília. Doutor e Mestre em Ciência da Comunicação pela ECA/USP. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da UFCA- Cariri - Mantenedor do Site.