PRÁTICAS PROFISSIONAIS EM AMBIENTES DE INFORMAÇÃO


COMO O PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO PODE ATUAR COM A DISSEMINAÇÃO SELETIVA DA INFORMAÇÃO?

A disseminação seletiva da informação (DSI) ou serviço de disseminação seletiva da informação tem se configurado como prática estratégica para atuação do profissional da informação em bibliotecas, arquivos, museus e outros ambientes de informação.

 

No entanto, um esclarecimento inicial é que o profissional da informação deve ter muito cuidado para não confundir a acepção prático-ética, pois a DSI não é agir seletivamente, conforme às conveniências do profissional e da instituição em que atua, mas se constitui como o agir voltado para demandas e necessidades dos usuários, conforme às especificidades solicitadas. Por isso, é crucial para o desenvolvimento da DSI um diálogo continuado de cunho formal e informal com a comunidade de usuários, visando categorizar e compreender demandas específicas da comunidade para busca de uma efetiva satisfação dessa comunidade.

 

E como é possível para o profissional da informação atuar com a DSI? Há várias alternativas de atuação, sendo fundamentalmente relevante pensar a DSI como prática técnica, pedagógica e institucional de mediação da informação, isto é, o ato do profissional em intervir e interferir, via DSI, para a construção da informação pelos usuários.

 

Uma primeira alternativa de atuar com DSI é através das redes sociais. Por redes sociais como facebook, twitter, linkedin etc., é possível criar categorias específicas de grupos e muni-las com informações específicas. Por exemplo, em uma biblioteca universitária é possível categorizar a comunidade por área do conhecimento, por semestre e por disciplina, promovendo auxílio bibliográfico e a provisão de documentos aos grupos específicos agregados nas categorias. Os perfis de ambientes de informação em redes sociais devem apresentar um caráter eminentemente institucional e dialogar permanentemente com a comunidade a fim de mostrar que o ambiente de informação não está restrito a um espaço físico, mas que pode prover os usuários da informação em qualquer tempo e espaço.

 

Uma segunda alternativa é o ambiente de informação lidar com a newsletter. Neste caso é uma alternativa fazer um breve estudo de usuários perguntando sobre quais tipos de assuntos mais despertam interesse aos usuários e muni-los informacionalmente via e-mail, site/blog ou redes sociais. A newsletter, embora seja uma prática recorrente em qualquer organização, é pertinente para os ambientes de informação no sentido de conferir informação em tempo hábil para a comunidade. Por exemplo, newsletter para usuários de bibliotecas escolares, públicas e universitárias sobre as doenças mais recorrentes dos últimos tempos mostrando como preveni-las e evita-las ou informações sobre o atual momento político do Brasil mostrando as percepções diversas sobre a realidade e despertando o caráter crítico dos usuários para que possam construir suas próprias informações.

 

Uma terceira alternativa é a criação de produtos para estimular o uso efetivo da informação pela comunidade de usuários. Por exemplo, a elaboração de um aplicativo móvel para o ambiente de informação visando produzir o diálogo sobre os eventos diversos que ocorrem na instituição (escola, faculdade, município, estado etc.), visto que o usuário obteria informações correntes sobre o cotidiano que vivencia. Outro exemplo seria a elaboração de um guia informando sobre assuntos diversos pertinentes à comunidade de usuários e definindo públicos específicos de como este guia deve ser direcionado e acessível: se for uma biblioteca universitária, pública e/ou especializada pode ser um guia permanente sobre eventos e vagas de estágios/empregos.

 

Uma quarta alternativa é o ambiente de informação designar de forma presencial ou virtual (em seu próprio sistema de informação, site, blog ou rede social) um espaço para sugestões dos usuários sobre quais informações mais possuem interesse a fim de que o ambiente possa se preparar para prover informacionalmente as solicitações indicadas.

 

Uma quinta e tradicional alternativa é estabelecer criteriosa seleção do acervo do ambiente de informação e indicar aos usuários, conforme as demandas solicitadas facilitando o trânsito de informações no ambiente de informação – profissional da informação (mediador) – usuário. Neste momento é muito pertinente a valorização dos ambientes de informação por e-books, bases de dados, repositórios e outros meios digitais de acesso à informação, visando otimizar a listagem de publicações definidas pelo ambiente de informação em consonância com as sugestões dos usuários.

 

Diante do exposto, a DSI vem com a perspectiva de aproximar ambiente de informação e usuário através da mediação produzida pelo profissional da informação, visando promover acesso à informação em diversos tempos, espaços e ambientes, assim como otimizar este acesso dando mais comodidade, encontrabilidade e recuperabilidade da informação potencializando o caráter informativo da biblioteca.

 

Portanto, este pequeno texto busca apenas despertar que a DSI não deve ser visualizada como prática tendenciosa, mas de acesso estratégico a toda a comunidade, assim como que este acesso deve ser mais preciso e adequado aos desejos, demandas e necessidades de informação da comunidade, conforme particularidades de crença, escolaridade, gênero, posição política e outros atributos dos grupos que compõem a comunidade.


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JONATHAS LUIZ CARVALHO SILVA

Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Cariri (UFCA).