EXCLUSÃO DIGITAL NO BRASIL
Flamínio Araripe
Exclusão digital predomina no país, com 21 milhões de habitantes sem acesso a Internet. 3% dos conectados ganham menos de R$ 500 e 53,4% ganham mais de R$ 1.800.
Os Impactos Sociais e Políticos das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICS) foram tema de mesa-redonda na Reunião Anual da SBPC, que teve como debatedores
"Entender o que é o problema do impacto político-social dessas tecnologias transcende muito o acesso a máquinas", disse
Dos 5.560 municípios no Brasil, 2.430 não contam com acesso local a Internet. Apenas 1.606 municípios tinham banda larga em 2005, e 2.440 municípios brasileiros permaneciam sem cobertura de serviços de telefonia celular. Cerca de 21 milhões de habitantes não têm acesso à Internet.
"Esse nível ainda primeiro de exclusão em relação a acesso a equipamentos demonstra a precariedade de infra-estrutura que a gente tem ainda hoje", sublinha Lúcia Melo. Para ela, o celular já é um equipamento de acesso às TICs, e será cada vez mais, embora às vezes reduzem o acesso às TICS a computador. A exclusão está relacionada ao acesso a computadores, a Internet, a redes, a equipamentos de TICs. Outro aspecto observado por
Existe uma assimetria nas oportunidades de acesso e uso das TICs, diagnostica Lúcia Melo. Numa estratificação por renda, na faixa dos que ganham menos de R$ 300, apenas 3% estão conectados, o mesmo para quem ganha até R$ 500. Na renda de R$
A chamada classe A lidera o acesso com 87% de conexão à rede, seguida pela classe B com 58% e pela classe C com 22%. O acesso nas classes D e E não passa de 7%. "Existem barreiras tecnológicas, educacionais, culturais sociais e econômicas que impedem o acesso e a interação", analisa Lúcia Melo. "Disponibilidade não é sinônimo de facilidade de uso e acesso universal. Acesso participativo é o desafio", afirma, ao apontar a necessidade de produção de conteúdo e mecanismos eficientes de armazenamento e recuperação, criação e disponibilização.
A pesquisa mostra que a grande empresa avançou mais na conectividade. Os estabelecimentos com mais de mil funcionários estão 100% na Rede. Na faixa entre
99 empregados, o acesso é de 98,9%; de 97,12% para aquelas com
Segundo a presidente do CGEE, a pesquisa trouxe a dimensão de se estar atento ao potencial de exclusão associada à participação do Brasil na geração de conhecimento avançado e na pesquisa global. "Este elemento, na maioria das análises e dos estudos não está sendo contemplado. Mas é de igual ou maior importância", ressalta. "Quais são os cenários possíveis e como se garante que o Brasil seja um partícipe ativo das pesquisas globais, pesquisa em clima, por exemplo?", indaga
A Mesa abordou dimensões técnicas, tecnológicas, sociológicas e outros aspectos. "Este tema cada vez mais precisa ser compreendido para que as discussões possam gerar subsídios apropriados para as políticas brasileiras, não só de ciência, tecnologia e inovação, mas entre as políticas de educação, saúde e entre as estratégias gerais de desenvolvimento", afirma.
O Mapa da Indústria para
"Cenários mais diversos são discutidos e corroborados para saber qual é o compromisso que a gente vai desenhar em termos de atendimento à base da pirâmide com serviços que sejam apropriadas para essa faixa que é bastante grande e que precisa se beneficiar dessas tecnologias", diz a expositora.
Para ela, a inserção do Brasil na teia global da produção de conhecimentos e serviços de tecnologias e produtos novos nessa área está relacionada à presença das empresas. Segundo