GERAL


SONHO CONCRETO


Pablo Rebello

 

Centro cultural previsto por Oscar Niemeyer fica pronto este mês. Biblioteca terá
capacidade para 500 mil livros e desafio agora é a formação do acervo

 

Demorou 45 anos, mas no fim deste mês os dois projetos originais de Oscar
Niemeyer para o Plano Piloto ganharão vida. Os mais novos edifícios da
Esplanada dos Ministérios serão a Biblioteca Nacional Leonel de Moura Brizola
e o Museu Nacional Honestino Guimarães, que formam o Complexo Cultural
da República João Herculino. As obras levaram mais de dois anos para ficar
prontas e custaram aproximadamente R$ 80 milhões ao Governo do Distrito
Federal (GDF). A Secretaria de Infra-estrutura e Obras prometeu entregar o
complexo no dia 30 de março, quando os edifícios deverão ser inaugurados.
"Sem dúvida, são estruturas muito importantes para a cidade.
O próprio
Niemeyer achou estranho que Brasília tenha sido inaugurada sem a biblioteca
e
o museu", comentou o secretário Tadeu Filippelli. Ainda não foi acertado,
no entanto, quando os dois prédios começarão a funcionar. 


O complexo ocupa um espaço de 91,8 mil metros quadrados, dos quais 11,2 mil
metros quadrados são de área construída. A Biblioteca Nacional é o prédio mais
formal e fica próximo à Rodoviária do Plano Piloto. São cinco andares com salas
de leitura, estudos e trabalho. O local terá capacidade para um acervo de 500
mil volumes. "Trabalhamos para regulamentar a extensão do depósito legal,
que já existe na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, para Brasília. Só isso irá
garantir um fluxo de 50 a 70 mil livros e periódicos por ano para a nova
estrutura", afirmou o secretário de Cultura, Pedro Bório. Pelo depósito legal,
toda editora é obrigada a enviar para a Biblioteca Nacional pelo menos uma
cópia de todas as obras lançadas em território brasileiro. Parcerias com o
Arquivo Público do DF e com as bibliotecas da Câmara dos Deputados e do
Senado também deverão contribuir para a formação do acervo.

 

Além disso, está prevista a assinatura de um contrato de R$ 2 milhões com o
Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTEC), que fornecerá mais de 200
microcomputadores e outros equipamentos de última geração à biblioteca. "Não
iremos limitar a estrutura ao armazenamento de ivros. Com a inclusão denovas
tecnologias, teremos o poder de armazenar de forma digitalizada documentos
de todos os tipos", acrescentou Bório. Há também um contrato de mais de R$ 1
milhão entre o MCTEC e a Secretaria de Cultura, para instalação de telecentros
com até 10 computadores em 20 bibliotecas da cidade.

 

A Biblioteca Nacional será aberta ao público em geral. Segundo o secretário,
a idéia é transformar o local em um centro de referência. "Fizemos parcerias
com a Rede Nacional de Pesquisas (RNP) e com o Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). Queremos dar aos pesquisadores
todo o suporte necessário para que façam seu trabalho. Daqui eles poderão
saber onde se encontra o livro ou documento que procuram em outras
bibliotecas, que serão nossas parceiras por meio do acervo digital", explicou. A
Secretaria de Cultura já garantiu a guarda de diversos projetos de arquitetura
do DF e partituras de músicas, muitas inéditas, da Associação Cultural Cláudio
Santoro.

 

Na opinião de profissionais de biblioteconomia de Brasília, a inauguração do
complexo é importante para o desenvolvimento da cidade. "É fundamental não
só para Brasília, mas para todo o Brasil. Acredito que irá nos ajudar em relação
a recursos e à guarda de documentos preciosos", argumenta Maria Teresa,
chefe do Serviço de Auxílio ao Usuário da Biblioteca da Universidade de Brasília
(UnB). "Gostaria que fosse uma biblioteca que atendesse toda a comunidade.
Seria bom para dividir o serviço, pois não temos capacidade de atender todo o
público que nos procura", comentou Maria da Conceição Moreira Salles,
bibliotecária da Biblioteca Demonstrativa de Brasília.

 

Obra de arte

Dentro do complexo há uma redoma com passarelas flutuantes saídas dos
sonhos de Niemeyer. O Museu Nacional Honestino Guimarães será inaugurado
junto com a biblioteca e é, por si só, uma obra de arte. "Daria para colocar um
prédio de nove andares entre o piso de exposição e o teto do museu. O espaço
pode ser adaptado da forma que os expositores quiserem", conta o secretário
de Cultura do DF. Estava prevista uma exposição de trabalhos do arquiteto
Oscar Niemeyer na inauguração do complexo. Porém, devido à extensa obra
do arquiteto, que inclui desde desenhos até esculturas e mobiliário, o próprio
autor pediu mais tempo para definir quais peças farão parte da mostra.

 

Outras exposições, no entanto, já são cogitadas. "Confirmamos a vinda de uma
exposição internacional, que será anunciada em breve. Esperamos deixá-la
pronta para o público até o fim de abril", afirmou o secretário Pedro Bório. Além
dessa, a Secretaria de Cultura tem em vista uma coleção de arte
contemporânea européia, que inclui também obras brasileiras famosas. Em
novembro, o museu deve abrigar uma bienal de arquitetura. "Trabalhamos
com a idéia de que Brasília é uma vitrine para o Brasil. Com a abertura do
museu, esperamos colocar a cidade dentro do circuito nacional einternacional
de exposições", conclui Bório.

 

COMO SERÁ

 

Veja o que haverá no Complexo Cultural:

 

Biblioteca Nacional Leonel de Moura Brizola

 

- Cinco andares com salas de estudos, leitura e trabalhos

 

- Auditório para teleconferências e palestras

 

- Capacidade para mais de 500 mil volumes impressos

 

- 200 microcomputadores e diversos outros equipamentos de informática

 

- Arquivos digitais com documentos, filmes e músicas

 

- Conexão com acervos de outras bibliotecas

 

Museu Nacional Honestino Guimarães

 

- Espaço para mostras e exposições

 

- Oficinas de restauração de obras

 

- Laboratórios

 

- Sistema de climatização

 

- Dois auditórios

 

- Passarelas externas

 

- Três espelhos d'água

 

- Mezanino superior suspenso


Fonte: Correio Braziliense, 7/3/2006
Divulgado por Edilenice – Enviado para “bibliotecários” em 07/03/2006

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OSWALDO FRANCISCO DE ALMEIDA JÚNIOR

Professor associado do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/Marília. Doutor e Mestre em Ciência da Comunicação pela ECA/USP. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da UFCA- Cariri - Mantenedor do Site.