LIVRO ELETRÔNICO CHEGA AOS "IMORTAIS" DE SP
Vinícius Queiroz Galvão
Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé. Foi assim ontem na sede da Academia Paulista de Letras, onde, pela primeira vez, os imortais conheceram a versão eletrônica dos livros que os levaram a ter uma cadeira cativa ali.
Na conversa com o livreiro Pedro Herz, dono da Livraria Cultura, nenhum deles jamais havia ouvido aquele vocabulário antes: iPad, e-pub, Kindle, Adobe Content Server, e-books, tablet, arquivos PDF. "Hein?", retruca um.
A resistência era proporcional à curiosidade: se haverá mais escritores, como ficam os direitos autorais e qual a sensação de ler na tela eram algumas perguntas.
"Prefiro ler no papel", diz Herz, com um iPad revestido de capa de livro antigo.
"Não teremos mais edições esgotadas, isso é uma tremenda vantagem", completa o livreiro, que deixou a turma de escritores boquiaberta ao dizer que ganhara do filho uma máquina de datilografar, daquelas antigas, que se conecta a seu tablet.
"Nossa geração não tem essa capacidade, mas temos de acreditar no casamento do livro tradicional com o eletrônico", diz o acadêmico Paulo Nathanael Pereira de Souza.
"Quero continuar a ler meus livros em papel, corrigi-los, sou de outra formação", afirma o jurista e imortal José Cretella Júnior.
"Confesso que estou em estado de perplexidade com esse livro eletrônico, mas sou 'dos antigamente'", diz Lygia Fagundes Telles, também imortal da Academia Brasileira de Letras, que até hoje escreve romances à mão.
Os acadêmicos também se impressionaram com os milhares de livros armazenados nos leitores digitais. "Viajar com uma máquina dessas com 3.000 livros é mais fácil do que levá-los na mala", afirma o imortal Antonio Penteado Mendonça
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