ÍNDICE DE ANALFABETOS CAI DE 12% PARA 7%. MAS ALFABETIZADOS PLENOS AINDA RESPONDEM POR APENAS 25% DA POPULAÇÃO
Renata Mariz
Indicador de Alfabetismo Nacional mostra melhora nos índices que classificam analfabetos totais e alfabetizados iniciantes, mas revela um dado preocupante: estagnação entre aqueles que são capazes de leituras e interpretações minimamente avançadas.
De cada 10 brasileiros entre 15 e 64 anos, não chegam a três aqueles que são capazes de ler textos longos, diferenciar fato de opinião, resolver um problema matemático envolvendo percentuais ou interpretar uma tabela. A habilidade em tais tarefas, teoricamente ao alcance de quem cursou ao menos a 8ª série, classifica esse contingente da população como alfabetizado pleno. O restante — 75% das pessoas na faixa etária estipulada — está entre analfabetos totais (7%), alfabetizados rudimentares (21%) e alfabetizados básicos (47%). Nessas três categorias, em que a capacidade de fazer contas ou interpretar um texto mais elaborado é muito limitada, houve melhoras significativas nos últimos oito anos. Entre os alfabetizados em nível pleno, porém, o percentual da população segue estável.
Os dados foram obtidos a partir do Indicador de Alfabetismo Nacional (Inaf), criado pelo
Para Vera, que reconhece a melhoria nos outros índices (analfabetos, alfabetizados rudimentares e básicos), a dificuldade de elevar o brasileiro à condição de alfabetizado pleno está em dois gargalos. “Temos um percentual grande de pessoas que não terminaram a 8ª série e, portanto, nem tiveram acesso a tais conteúdos. E há um outro contingente que frequentou
Internacionalmente, as medidas de alfabetização tomam por base os anos de estudo da população, considerando analfabetos funcionais aqueles que não completaram a 4ª série do ensino fundamental. Supostamente, depois dessa etapa, o aluno se torna um alfabetizado. Da mesma forma, concluindo a 8ª série (ou 9º ano na nova nomenclatura), ele estaria com habilidades plenas para uma inserção no mundo letrado. No Brasil, porém, não é bem assim. De acordo com o Inaf, 54% dos brasileiros de
Renovação do ensino em pauta
Motivo para comemorar e também para se preocupar. Com essa explicação aparentemente contraditória, André Lázaro, secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, disse como recebeu os dados do Indicador de Alfabetismo Nacional (Inaf), divulgados ontem pelo
“Precisamos ampliar as políticas que visam o acesso à educação técnico-profissional, superior e, sobretudo, renovar o ensino médio. Todas essas questões já começaram a ser enfrentadas no MEC. Prova é a melhoria dos outros índices. De forma geral, fiquei muito contente com os dados do indicador. As informações nos trazem grande preocupação em alguns aspectos, mas mostram que estamos no caminho certo”, destaca o secretário.