CURITIBA AINDA É MODELO
Themys Cabral
Mesmo com um déficit tão grande de livros nos acervos públicos, Curitiba ainda é modelo para outras cidades brasileiras. “Embora esteja aquém do necessário, Curitiba é privilegiada. É a cidade que tem mais bibliotecas no país e melhor distribuídas geograficamente”, opina a presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia, Nêmora Rodrigues.
Para a Chefe da Divisão de Obras Gerais da Biblioteca Pública do Paraná (BPP), Sizuko Takemiya, o acervo de 400 mil volumes é considerado suficiente, levando em consideração a demanda – embora Curitiba tenha 1,8 milhão de habitantes, a BPP tem apenas 140 mil usuários cadastrados ativos. “Temos um acervo muito precioso à disposição do usuário. Somente os lançamentos mais procurados são insuficientes em número de exemplares”, afirma.
Para o antropólogo Felipe Lindoso, autor do livro O Brasil pode ser um país de leitores?, o Paraná tem um dos melhores sistema de bibliotecas do país – o último levantamento do Ministério da Cultura mostra que o estado tem 438 instituições públicas, número menor apenas que o de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Estar melhor, porém, não significa estar bem, lembra o escritor. “Não podemos nos conformar com a mediocridade”, opina.
A diretora de Departamento de Tecnologia e Fusão Educacional da Secretaria Municipal de Educação, Marilda Confortin Guiraud, diz que as aquisições aumentaram nos últimos anos – o acervo dos Faróis do Saber e bibliotecas públicas escolares passou de 300 mil para 700 mil em quatro anos –, mas ainda precisa aumentar mais. “Eu ainda não me conformo com a quantidade”, afirma. “Se os 1,8 milhão de habitantes fossem buscar um livro, iria faltar”, diz.
Qualidade
“Coleções grandes não são sinônimo de boas coleções, particularmente com o novo mundo digital”, lembra o estudo do britânico Philip Gil. De acordo com especialistas, é importante, sim, ter um acervo suficiente para atender a população, mas é preciso também ter qualidade.
De acordo com o estudo da Ifla, a relevância da coleção está mais relacionada com as necessidades da comunidade local do que com o seu tamanho. “É necessário termos autores nacionais, mas também um espaço reservado para