BRITÂNICOS AVALIAM IMPACTO DE ‘DROGAS DO CONHECIMENTO’
Pallab Ghosh
Novos medicamentos aumentariam a concentração
O governo britânico está avaliando o impacto de uma nova geração de drogas que alegam tornar as pessoas mais inteligentes.
O Departamento de Saúde pediu à Academia de Ciências Médicas para avaliar as chamadas drogas de "aumento de conhecimento", incluindo algumas já usadas nos Estados Unidos.
Ao invés de desencadear uma nova cultura de drogas, como ocorreu nos anos 60, elas estão sendo usadas por pessoas que pensam que os comprimidos vão ajudar a melhorar o desempenho nos estudos e trabalho.
Uma destas drogas, Modafinil, foi desenvolvida para tratar pessoas que adormecem involuntariamente.
Efeito dramático
Danielle Turner, do Departamento de Neurociências Clínicas na Universidade de Cambridge, testou a droga em 60 voluntários saudáveis.
O comprimido não apenas manteve os voluntários acordados como teve efeitos mais surpreendentes no cérebro.
"Fizemos testes duas horas depois de receberem uma única dose de Modafinil e descobrimos muitas melhoras no desempenho. E o interessante, quando os problemas ficavam mais difíceis, o desempenho parecia melhorar", disse Turner.
"Com o Modafinil eles pareciam pensar por mais tempo e eram mais precisos", acrescentou a pesquisadora.
"Durante o teste, eu me senti muito alerta e pude me concentrar nos problemas. Não tive problemas em memorizar séries de números. Senti que estava na capacidade máxima", disse Bjorn Stenger, um dos voluntários que participou do teste.
Nos Estados Unidos, o uso do Modafinil é comum, principalmente no tratamento de distúrbios do sono. Mas relatos indicam que a droga também é usada por estudantes e profissionais para melhorar o desempenho do cérebro.
O professor Gary Lynch, da Universidade Irvine da Califórnia, ajudou a inventar uma outra classe destes remédios, chamada Ampakines, que alega aumentar a memória e o conhecimento.
Lynch diz que experiências com animais sugerem que a droga permite que o cérebro se reconecte ou faça conexões entre regiões cerebrais diferentes, que não ocorrem normalmente.
Isso levaria as pessoas a "construir pensamentos que vão um pouco além do cérebro normal".
O governo britânico pediu a avaliação pela Academia de Ciências Médicas que já realizou consultas públicas no país para descobrir a opinião da população.
O relatório da academia deve ser divulgado ainda em 2007 e vai ajudar o governo britânico a avaliar se esses novos comprimidos podem, ou devem, ser usados para melhorar as habilidades das pessoas ou se ameaçam a sociedade.