TINHA EU 24 ANOS DE IDADE

Tinha eu 24 anos de idade... Começando o texto assim, já interrompi, já vem música. Lembrei de Paulinho da Viola, na canção “14 anos”, que trata sobre a expectativa da família com relação às suas escolhas profissionais (“meu pai me chamou, perguntou se eu não queria estudar filosofia, medicina ou engenharia, tinha eu que ser doutor) e ele responde tão lindamente “mas a minha inspiração era ter um violão para me tornar sambista”. Dez anos me afastam de Paulinho no meu texto e de certo que meus dilemas de escolha começaram também na adolescência e na dificuldade de enquadrar minhas fontes de prazer (escrita, música, literatura, esporte) em um curso oferecido pelas Universidades.

Tinha eu 24 anos de idade quando virei uma estudante trabalhadora, fiz estágio durante toda graduação, experiências bem sucedidas e felizes. Amava todos os ambientes de atuação que a Biblioteconomia me proporcionou: bibliotecas especializadas, universitárias, escolares. Acordava cedo para uma rotina de estágio que incluía 10 horas de trabalho e aulas ao final do dia, que não me traziam murmuração, ao contrário, aprendizados, alegria e bons encontros.

Tinha eu 24 anos de idade quando lembrei que em meu teste vocacional, a primeira aptidão foi para a investigação. Na época não saberia enquadrar essa aptidão na Biblioteconomia como uma possibilidade. Que bom que aos 24 anos, depois de alguma caminhada entre outras áreas, cheguei na Biblioteconomia.

Ana Cláudia Perpétuo de Oliveira da Silva - Professora Universitária – Florianópolis / SC