A tecnologia facilita o trabalho do catalogador. Recordo-me da história de um antigo colega que no inicio da sua carreira ocupou cargo de “catalogador júnior”. Fase na qual se passava horas catalogando manualmente diversos tipos de materiais bibliográficos, cujos dados transcritos a lápis em rascunho de papel era submetido ao catalogador “máster” ou “sênior”. Este catalogador era responsável pela conferência, correção e controle de qualidade. A atividade era rotineira, maçante e, também, estressante para um “júnior”, pois o catálogo era impresso, e não havia sistemas bibliográficos consultáveis remotamente para solução de dúvidas ou agilizar a descrição, como há nos dias atuais. Aliás, existia (como ainda existe) o Bibliodata/Calco e seus sistemas de microficha, mas sendo uma utilidade bibliográfica comercial, poucas bibliotecas dispunham do recurso orçamentário para filiação.

Mas o que tornava o trabalho de catalogação maçante era saber que o material bibliográfico já fora descrito por alguma outra agência, e não poder aproveitar o compartilhamento do mesmo.

Ademais, havia as picuinhas técnicas decorrentes da interpretação do código de catalogação ou da falta da sua melhor interpretação. Toda decisão ficava a cargo do catalogador-chefe; o senhor ou senhora da última palavra e da  interpretação  pessoal do código. Catalogador júnior era, também, conhecido como catalogador “marmita” por só levar “comida”.

Atualmente, o tratamento técnico é atividade realizada com base no uso de recursos tecnológicos. Catalogadores que optam por gastar horas de trabalho na elaboração da descrição bibliográfica do material a partir do zero, procedem de forma improdutiva.

Estamos em novos tempos. Na era dos catálogos on-line a descrição bibliográfica se constrói no uso de sistemas cooperativos de registros ou reuso de registros disponíveis online. Catalogador ocupa-se em adequar ou complementar os dados específicos.  Ele  se dedica ao conjunto das obras, debruçando-se nas mais complexas e sobre aquelas que são inexistentes em sua rede cooperativa ou em catálogos pesquisáveis. Define formatos e qualifica seus registros tornando-os migráveis entre padrões de metadados e repositórios.

Catalogadores estão, cada vez mais, adaptados ao ambiente digital fazendo uso de OPACs (catálogo online de acesso público) para visualizarem descrição ou de softwares específicos para vasculharem registros e importarem para seus sistemas. Este é o caso do MarcEdit, programa freeware utilizado por muitos catalogares como apoio ao tratamento técnico.

Segundo seu desenvolvedor, Terry Reese, o programa teve origem em 2000, como ferramenta de apoio na consistência do banco de dados bibliográfico desenvolvido pela Biblioteca da Oregon State University (Estados Unidos). A base de dados apresentava como problema, um grande número de registros baixados e cooperados do serviço bibliográfico Marcive, com números de chamada inválidos. Identificou-se o total de 45,000 registros com necessidades de correção. Com base nesta necessidade, desenvolveu-se um aplicativo que  corrigiu todos os registros em apenas algumas horas, e se feita manualmente levaria meses de trabalho.

Com o sucesso do projeto, o programa foi aperfeiçoado e disponibilizado para a comunidade bibliotecária. Acabou provado como ferramenta útil na realização de tarefas de desenvolvimento e manutenção de banco de dados bibliográfico.

A última versão do programa recebeu em apenas um dia (24/03/2010), acessos únicos de 2.351 usuários, oriundos de 59 países. Aspecto que indica a confiança que o produto angariou entre seus usuários. O próprio desenvolvedor salienta que o trabalho iniciado a 10 anos lhe proporcionou contatos com vários profissionais que destacaram a utilidade do produto para as bibliotecas.

A atual versão 5.2 adiciona alguns recursos interessantes:

§  Suporte para usuários corporativos (grandes organizações).

§  Capacidade de múltiplas consultas baseadas no protocolo Z39.50.

§  Tutoriais sobre uso do programa hospedados no site YouTube.

§  Melhoria da carga UTF-8 (como no mais rápido).

§  Adesão ao conceito ‡ biblios.net.

§  Multiplataforma: Windows, Mac e Linux.

Para detalhamento sobre o programa ou contato com o desenvolvedor, informações no endereço: http://people.oregonstate.edu/~reeset/marcedit/html/index.php

Há, também, uma lista de discussão criada para debater a evolução do software, acesso em: http://wiki.library.oregonstate.edu/confluence/pages/listpages-dirview.action?key=ME

Na página inicial do programa instalado, diversas ferramentas se apresentam ao catalogador para captura, alteração e exportação de registros MARC.

Figura 01 – Página inicial do Programa MarcEdit

Dois recursos de interesse especial:

§  Harvest OAI Records que inclui a capacidade de colheita de dados diretamente de uma fonte OAI (Open Archives Initiative) no MarcEditor. Esta ferramenta colhe os registros bibliográficos e os converte para MARC.

§  MarcEditZ39.50/SRU Client que baseado no protocolo cliente servidor de padrão internacional permite realizar pesquisa e recuperação de registros bibliográficos. O programa embute um sistema cliente no qual podem ser cadastrados servidores Z39.50. Para este fim, segue uma relação de servidores que oferecem pesquisas em bases de dados bibliográficas e podem ser cadastradas no programa.