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CINEMA


O CINEMA EM SERGIPE

Corria o ano de 2001 quando fui procurado por um aluno de graduação do Curso de História da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Tinha decidido escrever como tema da sua monografia de conclusão de curso sobre os programas culturais desenvolvidos e abandonados pela UFS. E para validar a sua fundamentação pensou no testemunho de pessoas que tinham vivenciado os eventos que não mais existiam no calendário cultural ufesiano. Assim, convidou pessoas da Universidade, que tinham trabalhado nos programas, para escrever textos que falassem de cada evento específico. Apenas uma lauda de texto para abrir cada capítulo referente ao tal episódio. Coube a mim escrever sobre os não mais existentes festivais de cinema de Sergipe. Eis abaixo a minha contribuição, e que está encartada na monografia.

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Os festivais de cinema em Sergipe

 

Chegou ao fim o cinema em Sergipe. E há de se perguntar por quê? Há de se perguntar também o que aconteceu por aqui em matéria de cinematografia? Qual a contribuição que a Universidade Federal de Sergipe (UFS) deu na área cinematográfica?

 

A UFS contribuiu de maneira inquestionável para a memória do fazer cinematográfico em Sergipe. Isso aconteceu através do Festival Nacional de Cinema de Sergipe, o Fenaca. Os Fenacas ocorreram de 1972 a 1981, contando sempre com as valorosas participações do Clube de Cinema de Sergipe e da Fundação Estadual de Cultura.

 

Muito embora os filmes apresentados fossem curtas-metragem, o ideário era profundo. Mostravam um Brasil conflitado entre o milagre econômico e a miséria absoluta. E não era um festival sergipano; apesar de ter o mérito de comunicar ao público sergipano uma época de ouro do cinema em Sergipe. Era um festival nacional e recebia aplausos do meio cinematográfico brasileiro. Em Sergipe desfilou um Brasil cinéfilo. Nos dias dos festivais se percorria o país, sem sair de uma sala escura cortada por um facho luminoso que nascia de uma Bell & Hall. Na época, um Brasil com muita repressão, mas também com muita disposição para mostrar o contraditório. Os dias dos festivais eram povoados por muitos discursos e muito debate, era a época de cineastas amadores com poucos recursos, mas muitas idéias. E disposição para documentar as idéias.

 

Nos Fenacas encontrávamos a hospitalidade sergipana ladeada pelo jeito mineiro de ser, o labor e orgulho paulista, a matreirice aguçada do baiano, a timidez piauiense, o colorido alagoano, o regionalismo gaúcho, a malandragem carioca, o nordestinismo pernambucano, a organicidade paranaense, o estilo refinado do maranhense, a opulência brasiliense, a radioatividade goiana e a ecologia amazonense. As diversas regiões do país convergindo para o menor estado da federação, com diversas imagens em movimento.

 

1981 é um ano de saudosa lembrança. Com ele foi-se o Fenaca. Já se vão quase 20 anos de abstinência da produção cinematográfica, lembrando que a existência dos festivais criou movimentos e grupos que gravitaram nos seus entornos. Com a inexistência do Fenaca veio a inexistência da produção cinematográfica em terras de El Rey; já não mais existia o canal de escoamento da produção.

 

Golpeado pela ausência de uma política cultural na Universidade Federal de Sergipe, mentora intelectual e executora do Festival Nacional de Cinema de Sergipe, no bojo de uma crise cultural que se anunciava no país e associada a um novo modelo tecnológico implantado com voracidade, o vídeo, o Fenaca desapareceu em 1982. De repente, os cineastas sergipanos viram-se mergulhados numa crise financeira, cultural e institucional. Não deu outra: a falência do modelo cinematográfico sergipano.

 

É possível ressuscitar aquele período do fazer cinematográfico sergipano? É possível alertar as autoridades culturais do Estado para a importância do evento Fenaca? É possível provocar as autoridades envolvidas com o fazer artístico e cultural na Universidade Federal de Sergipe?

 

O maior ciclo do cinema sergipano, vivido sob o signo do Fenaca, nos orgulhou da existência daqueles anos, apesar do regime de exceção. Os festivais permitiam mais que uma reflexão sobre o cinema que possuíamos, permitiam o intercâmbio cultural, social e político, permitiam a reflexão sobre o país que queríamos e a cidadania que procurávamos.


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JUSTINO ALVES LIMA

Bibliotecário aposentado pela Universidade Federal de Sergipe. Graduado e mestre em Biblioteconomia pela Universidade Federal da Paraíba. Doutor em Ciência da Informação pela Universidade de São Paulo