GERAL


REPERCUSSÃO DE REVISTAS PREDATÓRIAS


Um trabalho divulgado na revista Scientometrics analisou o impacto de 10 periódicos da área de marketing ao contabilizar as citações que seus artigos receberam em outros títulos da disciplina. Não eram 10 revistas convencionais: todas elas figuravam em uma ou mais listas de periódicos predatórios, aqueles que aceitam artigos sem fazer uma revisão por pares genuína, bastando pagar uma taxa para publicá-los.

Assinado por Salim Moussa, professor de marketing do Instituto de Estudos Aplicados em Humanidades da Universidade de Gafsa, Tunísia, o estudo constatou que os 1.246 artigos publicados nessas 10 revistas predatórias receberam 10.935 citações, sendo que 11% foram citados 13 vezes ou mais. O paper de maior repercussão recebeu 217 citações, das quais 21 em periódicos indexados no Índice de Citação de Ciências Sociais da empresa Clarivate Analytics, responsável pela respeitada base de dados Web of Science.

Moussa não chegou a avaliar o conteúdo dos artigos muito citados e, no final do trabalho, sugere uma investigação aprofundada sobre a eventual existência de “conhecimento sobre marketing útil e genuíno” nessas publicações. Mas adverte que a literatura acadêmica da disciplina pode estar sendo contaminada por conhecimento de baixa qualidade. Ele também afirma que artigos de revistas predatórias têm mais influência na área de marketing do que em outras disciplinas. Cita pesquisas anteriores em que periódicos com práticas questionáveis de diversos campos do conhecimento receberam entre 10 e 394 citações cada um por seu conjunto de artigos. Entre as 10 revistas de marketing, esse índice foi consideravelmente maior, superando 732 citações em quatro delas.

O autor sugere uma série de medidas para enfrentar o problema. Uma delas é fornecer treinamento sobre integridade em publicações científicas para que estudantes e profissionais da área consigam identificar revistas predatórias e evitá-las. “Pesquisadores de marketing mais experientes poderiam ajudar os mais jovens não apenas na escolha de um periódico para divulgar seus achados, mas também contando suas experiências de publicação”, escreveu. Outra recomendação consiste em pressionar as escolas e os departamentos de marketing a desqualificarem artigos publicados em revistas predatórias em seus processos de avaliação e promoção. “Quantos recursos financeiros terão sido concedidos a pesquisadores de marketing fraudulentos, que infectaram seus currículos publicando principalmente em jornais predatórios?”, indagou Moussa no paper.


Fonte: Pesquisa FAPESP. Ano 21, n. 298, p. 10, dez. 2020

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OSWALDO FRANCISCO DE ALMEIDA JÚNIOR

Professor associado do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/Marília. Doutor e Mestre em Ciência da Comunicação pela ECA/USP. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da UFCA- Cariri - Mantenedor do Site.