JORGE ZAHAR
“’Sempre fui um leitor voraz, tive gosto pela leitura muito cedo’, contava ele, que tinha aprendido o francês em que lia Balzac com a mãe, mas dela não herdara o hábito da leitura, estranho ao cotidiano da família. Sua vida de leitor foi forjada fora de casa, na biblioteca pública de Vitória e nos livros emprestados de estantes amigas – ele dizia ter devorado a biblioteca do pai de uma colega de escola. Era o que chamaria mais tarde de ‘fase do avestruz’: lia o que lhe caía nas mãos, dos clássicos Balzac e Zola – deste, tinha especial predileção por Germinal – aos autores populares da estirpe do francês Michel Zévacco, simplificado para ‘Zevaco’ nas capas folhetinescas de livros editados aqui, como A Ponte dos Suspiros, Os Pardaillans e O fanfarrão. A perseverança. Que define todo autodidata, era especialmente requerida em meio a tanta adversidade. ‘Eu sei bem até hoje o que é não ter dinheiro para comprar livros, é um problema comigo, porque eu sempre reluto, sempre acho caro’”. (p.31)