PRÁTICA PROFISSIONAL E ÉTICA: ABORDAGEM DA ÉTICA NA FORMAÇÃO DE BIBLIOTECÁRIOS NO BRASIL
Há um fato, mais corriqueiro do que pode parecer, que se manifesta no distanciamento que se percebe do tratamento dado à temática (no ambiente de formação acadêmica do bacharel
A revelação sobre isso, sobre esse significativamente forte desinteresse no tratamento curricular da temática em torno da ética e ética profissional, constitui o conteúdo de texto escrito pelas professoras
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O texto resultou de uma pesquisa junto aos cursos do campo da Biblioteconomia e afins. Assim, atingiu a um total de 37 instituições de ensino, onde se desenvolvem tais currículos, sendo a maioria constituída por instituições vinculadas ao setor público. Em 34 destas Instituições, os cursos têm a designação
As autoras identificaram a modalidade em que os conteúdos da temática ética são inseridos e apresentados nesses Cursos. Sua constatação é de que há três modalidades: a) como disciplina própria; b) como parte ou unidade dentro de outra disciplina e c) como conteúdo transversal, isto é, sem uma inserção disciplinar específica. Como disciplina própria, essa temática está inserida no projeto pedagógico de nove cursos, sendo que em sete tem caráter obrigatório, em um curso o caráter é eletivo e em outro o caráter é optativo. Na maioria, isto é, em cinco cursos, a carga horária está na faixa das 30 horas, em dois na faixa das 60 horas, em um na faixa das 70 horas. No último, a carga está na faixa das 80 horas.
As autoras afirmam: “Se considerarmos que o universo da pesquisa atingiu 37 cursos [constata-se] que 75% deles não têm apresentado uma dimensão mais ampla à discussão de Ética, haja vista que nesses cursos os conteúdos de Ética ou Ética Profissional estão inseridos
Ora, esses são os dados e deles se produz a análise cuja síntese confirma desinteresse, despreocupação, desconhecimento, distância que a Educação
Trata-se de uma distância, por pragmatismo ou por ignorância, que revela, já no ensino de bacharelado
Todo o discurso que se acentuou nos últimos anos, enviesado pelo apelo superficial do Moderno Profissional da Informação dos anos da década encerrada com o ano 2000, simplesmente mais agravou o deslocamento das questões éticas no âmbito das práticas profissionais bibliotecárias brasileiras.
De outro lado, esse texto acima comentado, pode estar a apontar que o estiramento dessa corda já foi ao seu ponto máximo. É preciso que se realize profundas reflexões sobre a responsabilidade social e moral do ensino de bacharelado em Biblioteconomia neste país. As instituições onde são ministrados os Cursos de bacharelado em Biblioteconomia, assim como os seus dirigentes, docentes, discentes, mais do que em qualquer outra época – principalmente em face da fragmentação e da celeridade que marca o momento atual – necessitam discutir o futuro que o Brasil, no âmbito das práticas bibliotecárias, pode ter, deve ter, deve querer ter.
Cabe a eles, mas também cabe a toda a categoria bibliotecária, especialmente, pela mobilização de suas Associações, de seus pesquisadores, da Federação de Associações e das Associações de Ensino e de Pesquisa, enfrentar urgentemente essa questão.