GERAL


LIVROS PELO CAMINHO


Ana Paula Nascimento

 

Distribuição gratuita de livros no Calçadão e no Terminal Urbano surpreende transeuntes e usuários

 

Teve o rapaz que ao utilizar o telefone público nem percebeu a fita VHS de filme disponível. A moça que não deu atenção aos livros dispostos em cima do hidrante da esquina, enquanto seu cachorro fazia a avaliação do território e teve até quem desconfiou que um desastrado qualquer tivesse deixado tantos livros caídos pelo caminho. Os transeuntes que passaram pelo Calçadão no último sábado de manhã ficaram surpresos com tantos livros disponibilizados em locais públicos, como floreiras, bancos, orelhões e até mesmo no chão, perto de postes de sinalização. No Terminal Urbano, a reação de surpresa também não foi diferente.

 

A ação, denominada Abandono de Livros, foi a forma criativa que a ONG Mundoquelê encontrou de estimular o hábito da leitura e também divulgar a Londrix, festival de literatura que acontece de terça a domingo. Cerca de 250 livros, entre usados e novos - incluindo os publicados com o apoio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic) -, além de revistas e CDs de artistas locais foram distribuídos gratuitamente. Quem conseguiu superar o receio de estar pegando algo perdido ou se deixou levar pela premissa do ''que é achado não é roubado'', pôde voltar para casa com exemplares de literatura, história e música. Dentro da maioria dos livros, havia uma filipeta com a logomarca da ONG e do festival com a inscrição: ''Este livro é seu!''.

 

O engraxate Carlos Alberto da Silva, 17 anos, ficou contente ao receber o exemplar do livro ''Ouro Verde'', de Ernesto Ferreira de Oliveira. Aluno do primeiro colegial, contou que gosta de ler e aprovou a iniciativa: ''Trabalho há dois anos no Calçadão e é a primeira vez que vejo esse tipo de coisa aqui. Achei muito legal''. Ao seu lado, o representante comercial Augusto Rissi, 57 anos, segurava nas mãos uma versão atualizada do Código do Consumidor enquanto tinha os sapatos engraxados. ''As pessoas ficam desconfiadas e curiosas e acho que esse tipo de ação deveria ser permanente para estimular a leitura, principalmente entre os mais jovens'', sugere.

 

O gari Nilson Ribeiro da Rocha, 65 anos, pegou o livro ''Anayde Beiriz. Paixão e Morte na Revolução de 30'', de José Joffily. Com sete netos, disse que iria levar o livro para eles. Já Sueli Camargo Melhado sabia da ação e veio ao Calçadão pronta para a ''caça aos livros''. Ele pegou ''Minha Razão de Viver'', do jornalista Samuel Wainer. ''Meu filho faz jornalismo e acho que ele vai gostar'', comenta.

 

Como uma forma de também exercitar o olhar para aquilo que foge do usual, a iniciativa mostra o perigo da rotina e das convenções, quando simplesmente não enxergamos ou não nos interessamos por aquilo que é diferente.

 

Neuza Ceciliato, presidente da ONG Mundoquelê, explicou que essa brincadeira começou em Nova York e que é a quarta vez que eles realizam essa iniciativa em Londrina (e a primeira atrelada à divulgação do festival literário). ''Pretendemos ampliar e intensificar essas ações; é muito satisfatório ver o quanto as pessoas ficam felizes ao perceber que podem levar gratuitamente um livro para casa''.


Fonte: Folha de Londrina, 22/09/2009
Divulgado por Bel Aguiar – Enviado para Infohome em 22/09/2009

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OSWALDO FRANCISCO DE ALMEIDA JÚNIOR

Professor associado do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/Marília. Doutor e Mestre em Ciência da Comunicação pela ECA/USP. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da UFCA- Cariri - Mantenedor do Site.