QUAL SUA EXPERIÊNCIA COM LEITURA?


MARIA CRISTIANE BARBOSA GALVÃO


Na primeira infância, minha experiência com leitura foi muito reduzida. Alguém me presenteou com o livro Cinderela, livro que eu lia todos os dias. Por volta dos 4 anos, quando eu estava em ônibus coletivo, alguém me presenteou com uns gibis da Mônica e do Cebolinha que também viraram leituras diárias. Com o início da minha alfabetização comecei a ler os jornais que o meu pai trazia para casa diariamente, especialmente, a Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo. Já mais grandinha, ali pelos 10/12 anos ajudei a montar a biblioteca da escola onde eu estudava. Em seguida, com uns 14 anos, comecei a frequentar diariamente a biblioteca municipal da cidade onde eu morava. Na adolescência, resolvi ler todos os livros indicados pelo vestibular da Universidade de São Paulo. Foi uma época também que meu avô começou a trabalhar em uma gráfica e, então, me presenteou com livros clássicos de Camões, Machado de Assis, Jorge Amado. Quando adentrei à Universidade de São Paulo, acho que eu falava como o Machado de Assis porque ele era meu interlocutor mais próximo. Nessa época, descobri a biblioteca da Escola de Comunicações e Artes e me tornei uma leitora de música. Queria ouvir todas as sonoridades produzidas em diferentes países. Também, na Universidade, ao descobrir a obra de Paulo Freire fui alterando muito meus hábitos de leitura. Acho que o Paulo Freire me transformou em uma leitora do mundo. E o que é isso? Ser uma leitora do mundo é prestar atenção em tudo e aprender com tudo e todos. Ontem mesmo, quando fui trabalhar tive uns desses momentos de leitura do mundo. Observei três sacos de lixo em uma calçada e no meio dos sacos de lixo havia um ser humano dormindo, embrulhado em um cobertor vermelho. Fiquei perplexa. Emocionei-me. Refleti. Em seguida, chegando à Universidade, discuti a cena na sala de aula com alunos e com outros professores o que nos levou a um questionamento profundo sobre os conceitos de dignidade, de liberdade e de autodeterminação preconizados pelos direitos humanos. Então, hoje, minha experiência de leitura considera não apenas a leitura das palavras, mas a leitura de todos os contextos existenciais.

Maria Cristiane Barbosa Galvão - Professora universitária – Ribeirão Preto / SP



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OSWALDO FRANCISCO DE ALMEIDA JÚNIOR

Professor associado do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/Marília. Doutor e Mestre em Ciência da Comunicação pela ECA/USP. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da UFCA- Cariri - Mantenedor do Site.