BIBLIOCONTOS


A INSEGURANÇA PÚBLICA NA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA

Ladrões, na atualidade, não respeitam nada e ninguém. Seria até contraditório se um ladrão respeitasse alguma coisa, esse não seria ladrão, mas vigia. Entretanto, em tempos passados, ladrão que fosse ladrão assaltava locais onde circulasse dinheiro ou materiais valiosos. Hoje, não há restrição de local para assalto, qualquer lugar é propício, até o ambiente das bibliotecas.

Pois não é que uma dupla de bandidos, em Aracaju (Sergipe), ouviu dizer que a biblioteca de uma universidade local havia recebido um verdadeiro tesouro, joias literárias.

A notícia despertou a cobiça desses marginais, e como biblioteca não oferece segurança ostensiva, assalta-la seria moleza. Os meliantes fizeram até planos com a divisão do roubo. Um iria para o interior da Bahia, comprar uma roça e ficar bem na vida. Outro iria curtir as praias de Natal, no Rio Grande do Norte.

Porém, um problema surgiu no plano dos dois assaltantes, se era um tesouro como seria levado. Não tinham veículo e nem sabiam dirigir, e colocar mais um comparsa na divisão iria atrapalhar os sonhados projetos de riqueza.

Decidiram então que o roubo seria de moto mesmo. Levariam uma caixa grande para colocar o material ou o que coubesse. Além disso, como a biblioteca estava localizada na Rua Lagarto, no Centro de Aracaju, o uso da moto tornaria a fuga mais fácil, caso a polícia chegasse ou o trânsito estivesse congestionado.

Ademais, o assalto ocorreria no início da tarde de uma quinta-feira, quando as pessoas estão saindo do trabalho e o movimento da biblioteca, na universidade, é esvaziado.

No horário combinado a dupla chegou de moto. Um ficou no volante da máquina e o outro adentra o campus universitário até a biblioteca. Testemunhas disseram que após a ação, o suspeito que assaltara a biblioteca teve a ajuda de um comparsa na fuga de moto.

Segundo informações passadas por funcionários da universidade, um homem armado chegou a recepção da biblioteca e anunciou o assalto. Ele queria todo o tesouro literário existente e que o mesmo fosse colocado na caixa.

Os bibliotecários surpreendidos pelo inusitado do assalto, informaram ao assaltante que o tesouro estava no setor técnico. Um profissional foi até o setor para buscar as obras. O marginal, quando olhou a pilha de livros ameaçou atirar, achou que estavam tirando uma com a cara dele.

Apontou a arma para uma funcionária e repetiu:

– Eu quero o tesouro literário!

Um bibliotecário retrucou:

– Mas o tesouro são estes livros, cuja série se chama tesouros da literatura. Aqui é uma biblioteca, cujo bens valiosos são os livros do seu acervo.

O ladrão reclamou:

– Eu quero lá saber de livros! Vou fazer o que com esse monte de papel velho se não sei ler! Quer saber, todo mundo aqui limpando os bolsos e bolsas e colocando na caixa.

Enquanto jogava os livros pelo chão. Acabou levando celulares de quatro estudantes e de um funcionário, além de alguns trocados, um pirulito e um sanduba. Fugiu na moto com o comparsa.

De acordo com a assessoria de comunicação universitária, apesar de se tratar de um problema de segurança pública, a universidade prestou imediato suporte às vítimas, acompanhou o registro da ocorrência na delegacia e cedeu as imagens das câmeras de segurança para a polícia.

Os bens acabaram recuperados e a dupla presa, portando uma arma de brinquedo. O tesouro literário foi preservado, enquanto outros dois sonhos foram desfeitos para o bem da cultura.

Fonte: http://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/estudantes-sao-assaltados-dentre-de-biblioteca-no-centro-de-aracaju.ghtml


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FERNANDO MODESTO

Bibliotecário e Mestre pela PUC-Campinas, Doutor em Comunicações pela ECA/USP e Professor do departamento de Biblioteconomia e Documentação da ECA/USP.