BIBLIOCONTOS


A PEGADINHA DO BIBLIOTECÁRIO

Rubens é um bibliotecário gozador que nunca perde uma oportunidade de provocar uma brincadeira ou gozação, na biblioteca. Justamente, em um ambiente que presa pela austeridade no tratado dos materiais e no atendimento das pessoas. Já fora chamado a atenção, mas não se redimia e as pessoas até se acostumaram.

Mesmo em família costumava aprontar. No final do ano aprontou mais uma. Quando o celular tocou, atendeu do outro lado da linha seu cunhado – Marcelo, marido de Magaly, irmã de sua esposa Eliane Maria.

- Oi, Rubens, tudo bem! Você está onde?

- Cara! Estou na praia. – Respondeu ao cunhado, já com má intenção planejada.

- Praia!? Fazendo o quê?

- Fim de ano! Vim pular sete ondas, tomar banho de água salgada para lavar a inhaca.

Neste intermeio, Magaly interfere na conversa, interrogando o cunhado:

- Você está onde? Na praia? Não vai para o interior passar as festas em reunião da família?

- Não vou! Decidi fazer outra programação. – Já rindo do espanto da cunhada.

- Não acredito que vai passar o ano-novo longe da esposa? Não quer fazer um bate volta até o interior? Nós estamos indo.

- Não quero! Vou passar na capital sozinho mesmo.

Neste instante, Ruth a outra irmã de Eliane Maria, sua esposa, instruída por Rubens fala ao lado do aparelho celular:

- Ru! Ru vem logo! Deliga o celular, amor!

Do outro lado da linha, Magaly questiona:

- Quem está aí com você?

- Ninguém, por quê?

- Eu escutei alguém te chamando!

- Não era eu não! Estou na praia e tem pessoas conversando.

- Mas eu ouvi voz de mulher!

- Você está se confundindo. Depois conversamos. Tchau!

Pronto a confusão estava armada. Magaly interrogou o marido sobre a atitude de Rubens:

- Estranho ele ir pra praia?

- Ele foi passear, relaxar um pouco! – Responde Marcelo.

- Passear!? Ele está com alguma mulher. A minha irmã coitada, triste e sozinha no interior e este canalha passando o ano-novo na praia com uma vagabunda.

- Você deve estar enganada! – Justifica Marcelo.

- Enganada nada! E para de defender este pilantra. Eu ouvi muito bem que ele está com uma piranha. Não posso acreditar! Estou passando mal, pega um copo de água. Aquele miserável!

- Calma! Você está nervosa à toa.

- E não é para ficar? E você cala a boca, para de defender este idiota.

Já, no interior, os fatos aconteceram de forma diferente. Rubens e Ruth riem imaginando a irritação de Magaly e do desenrolar da história. Voltando algumas horas antes do telefonema, Rubens chegara de surpresa na casa da sogra, no interior. Surpreendera a sua esposa que partiu da capital entristecida com Rubens que resolveu permanecer na cidade. Aquelas brincadeiras para quebrar a rotina do casal.

Ocorre que a sogra de Rubens estava no cabelereiro e desconhecia da chegada e da surpresa de Rubens.

Retornando ao contínuo da história, Magaly liga para o celular de sua mãe para relatar o ocorrido. A mãe que iniciava o tratamento estético, interrompe de imediato para condenar a morte por eletrochoque, guilhotina e fuzilamento; e tudo ao mesmo tempo, o seu genro. Estando no salão de beleza, o voto foi unânime dos presentes pelo esquartejamento. Tão logo pode se dirigiu para casa afim de consolar sua filha. No caminho ainda passou na casa de uma comadre para apanhar algumas ervas para fazer um chá.

Entrando na casa, foi logo pregando discurso de condenação do genro para as filhas que estavam sentadas na sala de estar. Na cozinha o genro comia tranquilamente, quando a sogra adentra praguejando condenação divina sobre o bibliotecário.

Rubens responde que isso é coisa da maledicência humana, chamado fake news. Para a sogra era falta de caráter que ele podia ir embora, pois não colocara filha no mundo para sofrer.

A história só foi esclarecida tempo depois com a chegada da Magaly. Entretanto para a sogra, não era brincadeira não, quem lá estava era um clone do genro, pois a ciência estava avançada, ela acompanhava isso na novela.

Autor: Fernando Modesto

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FERNANDO MODESTO

Bibliotecário e Mestre pela PUC-Campinas, Doutor em Comunicações pela ECA/USP e Professor do departamento de Biblioteconomia e Documentação da ECA/USP.