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SUGESTÕES DE PROGRAMAS PARA A BIBLIOTECA SEM PROGRAMA PARA O FINAL DE SEMANA OU FERIADOS

O crescimento no número de usuários de celulares no Brasil é continuo. O mês de abril terminou com 264,551 milhões de linhas ativas na telefonia móvel, e segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), representa quase 500 mil novas habilitações no mês. Acrescente-se, também, a expansão dos tablets que teve um crescimento de 275% durante o ano de 2012, em relação ao mesmo período no ano anterior, segundo a pesquisa de mercado do IDC Brasil. Se o crescimento continuar acelerado, é estimado em 5,4 milhões as vendas no final de 2013.

 

Desconheço como as bibliotecas brasileiras estão definindo suas políticas de serviços e produtos baseados em tais equipamentos, e que não se limitam apenas ao correio eletrônico e página no Facebook acessíveis por qualquer tipo de equipamento móvel. Porém, a realidade é que em muitas bibliotecas os computadores de mesa são os equipamentos mais utilizados para o desenvolvimento das atividades, e nos objetivos dos produtos e serviços criados. Tanto como recursos disponíveis ao público, quanto como ferramenta de gestão, o ambiente de informação é ocupado pela configuração tradicional – CPU, Monitor, Mouse e Teclado. Isto quando a biblioteca só tem um único computador para realizar tudo, servir ao usuário e ao trabalho bibliotecário.

 

Entretanto, como o acervo bibliográfico necessita de uma política de gestão para sua organização, preservação e acesso, também os computadores precisam ser gerenciados com vistas a continuidade de seu funcionamento e manutenção, além de explorar recursos que podem ser instalados para a ampliação dos serviços realizados. Novas configurações ou design de máquinas precisam ornar o espaço da biblioteca. Porém, o tema do texto não é discutir design de computador, e sim aplicativos que possam contribuir para a gestão bibliotecária. Na essência, o que a biblioteca necessita é de um equipamento que minimamente funcione sem “trancos” e uma banda larga que opere estável um pouco acima da velocidade de uma lebre (algo difícil no Brasil). O resto é a criatividade do bibliotecário em contornar a falta de recursos financeiros.

 

Neste sentido, compilamos algumas indicações de programas e serviços web encontradas em publicações técnicas, e que podem merecer a atenção do Bibliotecário responsável pela gestão tecnológica no ambiente de informação.

 

Imaginemos as bibliotecas que tenham seus equipamentos espalhados por ramais ou setores espalhados física ou geograficamente. Podem utilizar o software gratuito SYNC que utiliza do protocolo BitTorrent para enviar ou trocar arquivos diretamente de um computador para outro. Os arquivos trocados são protegidos por um sistema de senhas, criados automaticamente no momento de compartilhamento dos arquivos. Por não existir um cliente web, os computadores precisam estar ligados para sincronização na troca dos arquivos. Desta forma a limitação de armazenamento é restrita a capacidade dos discos rígidos das máquinas.

 

Outro recurso, para acessar computadores remotamente é o Team Viewer.  O software permite acessar outros computadores que tenham o mesmo programa instalado, em qualquer de suas versões. Basta usar as informações fornecidas pelo próprio utilitário para abrir aplicativos em outros sistemas operacionais como: Windows, MAC ou Linux, mover arquivos e transferir dados.  O Programa possibilita conectar o computador com tablets e celulares – smartphones.

 

Se para a biblioteca for interessante utilizar a internet sob o conceito das nuvens para a sincronização automática dos seus dados entre suas máquinas, ou aprimorar algum trabalho colaborativo ou, ainda, simplesmente se despreocupar em fazer atualização manualmente, para estas finalidades o Live Mesh pode ser a alternativa. Ao entrar no site do distribuidor, clicar no botão “Baixe agora” para fazer o download do pacote Live Essentials. O arquivo baixado é um instalador de produtos gratuitos. Avalie o que deseja instalar, mas certifique-se de que o Live Mesh esteja marcado na seleção de recursos a serem instalados. Após instalação abra o programa. Uma tela de login (semelhante ao finado Messenger) será apresentada. Se possuir alguma conta no Hotmail ou Outlook (ambos webmail) pode utilizar como Live ID (endereço de acesso); caso contrário, clique em inscreva-se para criar uma conta gratuita. Comece a sincronizar uma pasta, clicando no link “Sincronizar uma pasta”. O bibliotecário pode, por exemplo, indicar que pasta em seu computador deseja enviar para o servidor, ou criar uma pasta e pedir que o conteúdo seja compartilhado com outros computadores. Se optar por criar uma pasta para compartilhar com outros computadores da biblioteca, ou até para compartilhar conteúdo com os usuários da biblioteca, defina o nome da pasta e, com ela selecionada, clique em Sincronizar.

 

Como complemento, escolha o serviço Skydrive, que oferece um razoável espaço de armazenagem, para sincronizar a pasta de conteúdos compartilháveis. A partir de agora, quando um arquivo da biblioteca for salvo ali, será enviado para o servidor. Em outra máquina, instale e abra o Live Mesh e para conexão, digite o mesmo login e senha, anteriormente, criados. O aplicativo mostrará a pasta ou a lista de pastas definidas para sincronização. Na caixa aberta, repita os passos de criação de pasta, definindo o nome de pasta compatível com a criada na máquina de origem. Selecione a pasta e clique em sincronizar. Assim, tudo que for salvo em uma máquina será atualizado automaticamente em outra.

 

Se o bibliotecário constantemente faz uso do Windows Explorer para acessar as mesmas pastas, ou ir de uma pasta para outra no seu computador, o Q-Dir (ou Quad Explorer) pode ser útil. O sistema é um navegador de diretório, que se abre em quatro painéis dos quais três são configurados pelo próprio bibliotecário como sendo de acesso às pastas mais utilizadas, e ficando o último para navegação geral pelo interior do computador. Entre outros recursos, torna simples extrair detalhes do conteúdo de uma pasta do diretório para um arquivo de texto. O aplicativo é compacto e não requer complexidade de instalação, e a sua operação é intuitiva e de baixa complexidade.

 

Já, esta indicação é mais simplista. Há ocasiões, na atividade bibliotecária, que pode ser necessário medir o tempo de operação em máquina ou a apresentação de algum trabalho para evento ou reunião.  Nestes casos há o Timer 1.00 (temporizador ou cronometro) para computador. Uma ferramenta de ótima ajuda para tais situações, e principalmente por ser de simples operação – um clique para iniciar e para parar. O arquivo para download e instalação no computador é de apenas 7,5KB.

 

Vale lembrar, que computadores da biblioteca, normalmente, contém inúmeros arquivos armazenados, e que são resultados das atividades de pesquisa na internet, da coleta ou produção de documentos, ou recebidos de usuários. O sistema operacional Windows oferece recurso de pesquisa interna, porém muito limitado, e que indexa todo o conteúdo por padrão, consumindo tempo do processador e espaço no disco rígido. Se o bibliotecário precisa apenas pesquisar arquivos pelo nome, e não pelo conteúdo, o EveryHting 1.2.1.371 pode ser a melhor opção. A ferramenta usa o índice presente nos drives formatados em NTFS do disco. A ferramenta tem menos de 3 MB de tamanho, e exibe rapidamente os resultados da pesquisa realizada no computador. Na hora que aquele arquivo teima em se esconder, ou a memória não lembra a pasta no qual foi guardado, o aplicativo pode ser de grande ajuda.

 

Neste mesmo estilo, há uma ferramenta tradicional e de muitas qualidades, o Copernic Desktop Search. Esse programa realiza buscas em arquivos: e-mail, textos, músicas, fotos, vídeos, contatos, favoritos e históricos de navegação. As pesquisas em cada uma dessas categorias podem ser refinadas por diferentes critérios. Ao executar o Programa pela primeira vez, é criado um índice com todo o conteúdo armazenado no disco rígido, o que torna mais rápidas as buscas posteriores. O processo de indexação é atualizado sempre que novos arquivos e e-mails são recebidos. As pesquisas executadas com o Copernic podem ser salvas para consulta posterior. O programa roda com sistema Windows versões: 8, 7, Vista, e XP. É gratuito para uso não comercial. A desvantagem da ferramenta, como outros utilitários do gênero, é o fato de consumir recursos do computador. Por isso, sua instalação não é recomendada em computadores com pouca memória ou processador fraco.

 

Da mesma família de sistemas, mas com a finalidade de pesquisa na internet, há o Copernic Agent Personal. Ele é um metabuscador que consulta vários mecanismos de busca (simultaneamente), e agrega os resultados de busca, removendo as informações em duplicatas. A ferramenta permite ao bibliotecário explorar mais profundamente a web e obter resultados relevantes agrupados em categorias. Pode ser uma experiência muito interessante para o serviço de referência. É gratuito para uso não comercial.

 

Mas ao gerenciar o conteúdo armazenado nos computadores da biblioteca pode acontecer de se apagar inadvertidamente um arquivo importante. Se o bibliotecário ou o técnico em biblioteconomia perceber o equívoco poderá vasculhar a pasta “lixeira” do sistema operacional e recuperá-lo. A aflição é quando só se descobre o ocorrido tempo depois. Pelo sim ou pelo não, é bom ter em mãos alguma ferramenta a qual se possa recorrer nestas situações. Existem várias, mas citamos duas:

 

  • WinUtilities que é um software útil para manutenção dos sistemas Windows. O programa apresenta recursos para: reparar e limpar arquivos, otimizar e melhorar o desempenho do sistema, aumentar a segurança e privacidade, proteger e trabalhar com arquivos e pastas, e, ainda, ajustar o registro e desfragmentar o disco e desinstalar programas.  O destaque é a sua função de encontrar dados duplicados no disco rígido, realizar backup completo do Registro do Windows, e recuperar arquivos apagados.  Neste aspecto, pode recuperar arquivos perdidos e pastas em volumes NTFS e FAT ou em qualquer dispositivo de armazenamento físico. Visualiza imagens e arquivos binários antes da recuperação. Recupera documentos apagados acidentalmente ou imagens a partir de um cartão de memória da câmera digital.

 

  • Pandora Recovery, uma versão para recuperar arquivos apagados em cartão de memória, disco rígido secundário ou outra unidade externa; e Pandora Mobile Recovery que é uma versão portátil para recuperar arquivos apagados no disco rígido do computador. Não requer nenhuma instalação e pode ser executado diretamente a partir da unidade USB. O aplicativo permite localizar e recuperar arquivos apagados recuperáveis desde volumes NTFS (New Technology File System) e FAT (File Allocation Table) formatados, independentemente do seu tipo. Pode recuperar fotos, músicas, filmes ou documentos. O programa analisa o disco rígido e cria um índice de arquivos e diretórios existentes e excluídos (pastas) em qualquer unidade lógica do computador. Apresenta uma interface intuitiva de fácil operação.

 

Mas, há situações que ao contrário, a biblioteca precisa eliminar arquivos de forma permanente. O gratuito File Shredder oferece opções de eliminação. Pelo sistema há três maneiras de montar uma lista de documentos que se deseja eliminar: usar o botão Add file, arrastar os arquivos para a janela principal ou, no Windows Explorer, acessar o atalho do File Shredder por meio do botão direito do mouse. O programa possui uma ferramenta para ganho de espaço em disco. A interface é intuitiva e não impõe muito dificuldade no uso.

 

Uma ferramenta essencial para estar no computador da biblioteca é o LibreOffice, um pacote de escritório multiplataforma que funciona como alternativa ao produto comercial Microsoft Office. O programa é open-source (código aberto), e conta com editor de texto (LibreOffice Writer), planilha (LibreOffice Calc), editor de slides (LibreOffice Impress), banco de dados (LibreOffice Base) e até ferramenta para desenho (LibreOffice Draw). A interface do sistema é bem simples e integrada com os seus aplicativos. Por meio de qualquer um deles é possível gerar um novo arquivo em qualquer formato, como, por exemplo, criar uma planilha a partir do editor de textos. Quem já utilizou dos pacotes de escritório da Microsoft ou OpenOffice não terá problemas para localizar as ferramentas de edição em sua interface. O sistema possui compatibilidade com vários formatos de arquivo, sendo possível abrir ou salvar qualquer arquivo do Office.

 

Mas, não só de softwares a biblioteca pode se beneficiar atualmente, com a internet diversos recursos estão disponíveis. Muitos de uso gratuito ou com liberação por período de experimentação. Para o bibliotecário de referência o beePDF pode ser um instrumento de apoio. Trata-se de um buscador especializado em conteúdo no formato PDF (Portable Document Format). Dá a opção de ler o conteúdo encontrado diretamente na página de consulta dispensando a necessidade de baixar o arquivo.

 

Para aquele bibliotecário que necessita buscar material para seus usuários, mas quer evitar usar o e-mail da biblioteca ou seu próprio, pode se valer de alguns serviços gratuitos de e-mails temporários. Pode escolher entre aqueles que espiram em alguns minutos ou meses, período no qual as mensagens podem ser acessadas, lidas e enviadas; ou adotar um de uso permanente, ocultando o e-mail real para desviar os spams. Neste estilo temos: 10 Minute Mail, Guerrilla Mail, MailExpire, Jetable, Mail Eater.

 

Se o e-mail temporário não for a melhor solução, o bibliotecário pode utilizar um serviço que é uma espécie de detetive para verificar se o site a ser consultado não oferece riscos. Online Link Scan pode ajudar ao verificar a existência de vírus, malware, spyware e trojans. Basta informar o endereço de acesso.

 

Já, se o problema da biblioteca é administrar as várias contas de e-mail pode experimentar o GMX. É um serviço de webmail interessante e com vários atrativos, além de gratuito. O serviço pode, por exemplo, agregar diversas contas de forma simples, toda operação pode ser realizada por uma assistente de tutorial. O serviço integra, ainda, agenda de compromisso, capacidade ilimitada de armazenamento de mensagens, 2 GB de espaço para arquivos variados. Integra um corretor ortográfico em português, e as mensagens trocadas pelo GMX podem ter até 50 MB de tamanho ou arquivos anexos.

 

Outro recurso interessante é o Down For Everyone Or Just Me. É um serviço que auxilia o bibliotecário que necessita saber se determinado site saiu do ar ou está indisponível. Basta inserir o endereço no centro da tela para ter uma rápida resposta.

 

Certamente, a tecnologia caminha para um futuro que está cada vez mais presente, e que não importará mais a preocupação com a capacidade do disco rígido e a configuração do computador. A razão é que os conteúdos e os softwares usados para criá-los e editá-los estarão em nuvem. Os serviços da biblioteca tendem a ser, em sua totalidade, realizados online. O computador como ainda o percebemos deixa de ser o centro de nossa vida informacional digital. Equipamentos (computadores, smartphones, tablets, aparelhos de TV, e outros) irão acessar os serviços bibliotecários existentes em nuvens – a nebulosa bibliotecária, no universo da internet, terá um brilho estelar de conhecimento e informação.

 

Mas, enquanto a nossa Star Trek do saber se desenha, exploramos o máximo a tecnologia atual que se esgota. Que se esgota? Uma tendência crescente no ambiente tecnológico destaca que à medida que nossas vidas vão se tornando hiperconectadas em todos seus aspectos algumas pessoas na vanguarda da tecnologia vêm se esforçando para escapar um pouco dela. As pessoas têm guardado seus celulares no bolso, desligam o Wi-Fi de suas residências à noite, e nos finais de semana optam pela leitura de livros impressos e não de pixels. Enfim, todas as tendências são expressões acolhidas pela biblioteca.


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FERNANDO MODESTO

Bibliotecário e Mestre pela PUC-Campinas, Doutor em Comunicações pela ECA/USP e Professor do departamento de Biblioteconomia e Documentação da ECA/USP.