BIBLIOFILIA, ESSA PAIXÃO POR MANTER O LIVRO VIVO
“O livro exerce uma atração multiforme, que vai muito além da leitura, embora esta seja um ponto de partida fundamental. Em primeiro lugar, existe sempre a ilusão de que se vai conseguir ler mais do que na realidade se consegue. Depois vem o desejo de ter à mão o maior número possível de obras de um autor de quem se gosta – já é o começo de uma coleção. Conseguido o conjunto, que sempre se quer o mais completo possível, surge o interesse pelas primeiras edições, geralmente raras, e a atração pelo livro como objeto, e também como objeto de arte, em que entra a qualidade do projeto gráfico, a ilustração, a diagramação, o papel, a tipografia, a encadernação; e aí já surge a busca da raridade.” (José Mindlin). A citação segue em homenagem aos 80 anos da Biblioteca Guita e José Mindlin nesse
Vimos rapidamente, em texto de fevereiro de 2005, que o Brasil colonial teve suas academias literárias, cujas atividades reuniam os intelectuais da época. Essas academias tinham sempre um objetivo, fosse ele escrever história ou publicar livros de escritores de renome. Muitas delas remontam ao século XVIII, quando aumentou em muito o número de sociedades (ou academias científicas), surgidas no século XVII, marco da divulgação científica para a sociedade a partir do surgimento de novos conhecimentos. No século XIX, com a especialização, as sociedades se diversificaram, tanto nas ciências quanto nas ciências sociais e nas humanidades. Hoje, no terceiro milênio, academias (ou sociedades, confrarias ou associações) ainda reúnem intelectuais em torno do livro e do livro raro, esse objeto que é quase uma peça de museu, que existe enquanto objeto físico, algumas vezes independente de seu conteúdo.
Nos Estados Unidos, o Grolier Club é
No Brasil, no século XX, temos duas mais conhecidas sociedades de livros de arte: a Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil e a Confraria dos Bibliófilos do Brasil. Há, também, a Associação dos Bibliófilos do Brasil, não menos importante que realiza eventos periodicamente. A primeira, fundada em 1943, já editou 23 obras brasileiras desde o ano de sua fundação até 1969. A Sociedade publica 100 exemplares para os sócios. Raymundo Ottoni de Castro Maya (1894-1968) foi colecionador – hábito herdado de seu pai - por quase 50 anos de brasiliana, arte, azulejaria, mobiliário e prataria. Sua biblioteca possui hoje aproximadamente 8 mil títulos. Como sabemos, o contexto do aparecimento dessa coleção era o de um país efervecente em
A Confraria dos Bibliófilos do Brasil foi fundada em 1995 por
Essa é uma das maneiras de o livro que já nasce raro se manter vivo. É o livro-objeto de arte que insiste (graças a Deus e a almas abnegadas) na importância de sua presença num universo cada vez mais virtual.
Até a próxima!
Informações extraídas de:
Mindlin, José. Uma vida entre livros: reencontros com o tempo.
http://www.museuscastromaya.com.br/colecoes.htm