LITERATURA INFANTOJUVENIL


FÉRIAS MUITO ESPECIAIS

Hoje é o meu último dia de férias, foram dias especiais, pois fiquei deitada 20 dias em uma cama em virtude de uma cirurgia de varizes.

 

Achei que seria uma grande chance de “sossegar” os macaquinhos existentes no meu sótão.

 

Triste ilusão!

 

Nesse período pensei muito na minha disciplina – “O Acesso a Informação e os Usuários com Necessidades Especiais” do Curso de Especialização Informação, Conhecimento e Sociedade. Li a monografia do Frederico Toti da Silva, um deficiente visual que está enfrentando barreiras e se preparando para uma prova de Mestrado. Assisti na TV uma entrevista com Sebastião Narciso em defesa do piso tátil nas calçadas londrinenses visando facilitar a vida dos deficientes visuais. Falei ao telefone com um amigo que hoje enfrenta a perda de mobilidade nas pernas, mas incansavelmente agenda palestras nas escolas na ânsia de estimular que as pessoas leiam Monteiro Lobato.

 

Entre tantas outras coisas, me re-encontrei com os meus livros infantis que, por excesso de trabalho, havia abandonado. Re-encontrei, em especial, com o livro - “Um menino muito especial” de Denise Milaré e Sylvia Maria Calipo. Ele faz parte da “Coleção Histórias de Pedro” e foi publicado pela Editora Scipione. Re-leio e ao lembrar que se trata de uma história verdadeira, me emociono. Emociono-me porque Pedro é uma criança que nasceu com deficiência múltipla. “Pedro tem um jeito muito especial de se comunicar com seus pais, sua irmã e as outras pessoas. Ele grita, balbucia, mexe o corpo todo, mas é principalmente fazendo caretas que ele consegue expressar o que quer e o que sente”.

 

Faz muitas caretas quando o pai faz cócegas em sua barriga, quando, em sua cadeira de rodas, os pais saem para passear no parque. Mas feliz mesmo ele fica quando ouve música. Aí sim as caretas se multiplicam e ele canta “não sente fome nem sede e nem sono”.

 

Paro e penso que os macaquinhos no sótão do Pedro devem ser muito especiais.

 

E os meus macaquinhos no sótão? Não sei o que eles andam aprontando, mas outro dia, encontrei um deles fazendo caretas no espelho, perguntei o que era aquilo e ele respondeu que estava indo encontrar o Pedro e queria ter com ele uma conversa muito especial. Que graça!

 

E o livro?

 

Sai. Fui até a Distribuidora da Scipione em Londrina para comprar os outros dois títulos da coleção – “Pedrão, o campeão” e “Pedro pé-de-valsa”, mas ganhei. Li e concluí que abordar um tema como este na literatura infantil, é difícil, pois o autor corre o risco de ser piedoso e preconceituoso. Não é o caso dessa coleção.

 

Assim, sonho que a coleção seja transcrita para o braile (braile só tem dois LL quando é sobrenome), que os leitores conheçam o Pedro, vibrem com ele e façam caretas...

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SUELI BORTOLIN

Doutora e Mestre em Ciência da Informação pela UNESP/ Marília. Professora do Departamento de Ciências da Informação do CECA/UEL - Ex-Presidente e Ex-Secretária da ONG Mundoquelê.