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SCRUM NA BIBLIOTECA

Pode ser que você já tenha escutado sobre metodologias ágeis e Scrum. As metodologias ágeis são utilizadas para contribuir com o aumento de produtividade, gerando resultados de forma mais rápida, alinhados às expectativas dos clientes. Ações, produtos, serviços etc., precisam ser desenvolvidos/implementados por um grupo de pessoas alinhados a um objetivo, dentro de um prazo curto, obtendo feedback dos clientes, proporcionando entregas rápidas. Em resumo, para alcançar objetivos definidos é necessário que ações sejam executadas corretamente, com uma equipe alinhada e com comunicação clara e direta estabelecida, reunindo esforços com foco no objetivo a ser conquistado.

As metodologias ágeis foram construídas com o estabelecimento de quatro pilares:

  1. Comunicação: pessoas e interações são mais relevantes que processos e ferramentas utilizadas;
  2. Praticidade: uma funcionalidade operante é mais importante que uma documentação abrangente;
  3. Colaboração: priorizar as expectativas e colaborações com os pares e clientes ao invés que negociações e contratos;
  4. Adaptabilidade: responder às mudanças e adequar os projetos ao invés de seguir fielmente os planos pré-estabelecidos.

Existem diversas ferramentas ágeis e o Scrum é uma das mais conhecidas. Mas existem outras como o Lean, Kanban, Smart, entre outros (VINAL, 2018).

A adoção de uma metodologia ágil demanda melhorar a comunicação e interação do time de colaboradores, investindo em melhorias de processos, focando as ações que devem ser desenvolvidas, com definição de prioridades. Com o time focado no que realmente deve ser feito, é possível evoluir de forma mais rápida, fazendo os ajustes de rota sempre que necessário, afinal estamos falando de ambientes dinâmicos e complexos, que mudam rapidamente.

As metodologias ágeis são geralmente empregadas no desenvolvimento de softwares, porém outras áreas podem adotá-las, alinhando equipes, cronogramas, expectativas e, principalmente, entregas de valor aos clientes.

O surgimento destas metodologias ocorreu em 2001, com o Manifesto Ágil (MANIFESTO, 2001), quando um grupo de desenvolvedores de softwares formou a Aliança Ágil, com uma declaração de doze princípios que norteavam como deveriam ser desenvolvidos os softwares:

  1. Prioridade é satisfazer o cliente com entrega contínua
  2. Mudanças nos requisitos são bem-vindas
  3. Entregar frequentemente software funcionando
  4. Pessoas de negócio e desenvolvedores estão juntos (e próximos) durante todo o projeto
  5. Projetos são construídos por pessoas motivadas
  6. Conversas face a face são a forma mais eficiente de transmitir informações entre a equipe
  7. Software funcionando é a medida primária de progresso
  8. Os processos ágeis promovem o desenvolvimento sustentável
  9. Atenção contínua à técnica e ao design aumenta a agilidade
  10. Simplicidade é essencial
  11. As melhores arquiteturas, requisitos e designs emergem de equipes auto-organizáveis
  12. A equipe reflete de forma regular sobre como se tornar mais eficaz, ajustando comportamentos.

Estes princípios, em resumo, estabelecem que para aumentar a produtividade e qualidade de entregas, a comunicação entre as pessoas envolvidas no projeto deve ser constante, buscando entregar valor (software funcionando), dentro de um prazo curto, interagindo com o usuário deste software. Não é o caso portanto de fazer uma enorme especificação técnica, ficar meses trabalhando nela e, ao final do processo, entregar um produto que pode não atender às expectativas do usuário ou até já estar obsoleto. É traçar uma rota que pode (e será!) alterada no decorrer do percurso, com feedback contínuo do cliente e ajustes dos próximos passos que devem ser dados para alcançar o objetivo definido entre os pares.

Aqui destaca-se a importância depositada na equipe, a verdadeira responsável pelo sucesso ou falha na entrega do produto. A equipe (ou time) precisa estar alinhada, com todos os participantes conhecendo as regras do negócio e detalhes do projeto, com o conhecimento compartilhado entre todos e as ideias (e não pessoas!) discutidas, ocorrendo ajustes de rotas sempre que necessário. A responsabilidade é compartilhada pelo time, sem definição de hierarquia, formando um grupo auto-organizado. Cada membro tem sua importância e assume responsabilidades no time. A vitória ou fracasso é do time e não de indivíduos específicos. Se um membro do time precisa de ajuda, o time vai socorrê-lo. Os talentos individuais são reconhecidos, mas as conquistas são coletivas e compartilhadas. Para muitos é uma filosofia e não apenas uma metodologia de trabalho.

Para realizar tarefas é necessário identificar o que precisa ser feito. Definem-se as tarefas que serão feitas em um prazo determinado, quando deve ocorrer uma entrega de valor. Atividades grandes devem ser quebradas para que caibam em estórias de usuários que serão trabalhadas neste prazo determinado, que pode ter uma duração de uma semana a até um mês, que conduzirão à evolução a ser criada. Antes, durante e após este prazo (chamado de Sprint no Scrum) o time se reúne e discute como está o andamento do trabalho, se existem dependências, impedimentos ou outras dificuldades, alinhando como superá-las. Após o fechamento de um ciclo o grupo se reúne para avaliar o que pode ser melhorado, inicia-se uma nova Sprint e um novo ciclo entra em ação.

Mas será que metodologias ágeis são aplicáveis em bibliotecas? Sim! Atividades podem ser realizadas na biblioteca usando os preceitos do Scrum. Pode ser de uma lista de aquisições, orientações aos usuários, contato com os usuários, geração de indicadores, catalogação, atualização de site da biblioteca, entre muitas outras coisas. Todos precisam saber o que está sendo trabalhado e o foco é o usuário, que dará um feedback sobre os produtos e serviços recebidos. A adoção de metodologias ágeis proporciona o entrosamento da equipe, compartilhando responsabilidades e estabelecendo comunicação direta e clara. Não raro observa-se amadurecimento da equipe, com motivação e senso de responsabilidade aflorados, a partir do momento que todos são responsáveis pela entrega de valor que é proporcionada aos usuários. Afinal, não basta ser eficiente, é necessário ser eficaz!

As bibliotecas podem beneficiar-se da adoção de metodologias ágeis como o Scrum. Se você utiliza o Scrum ou conhece alguém que o use, compartilhe esta informação! Esta metodologia não é exclusiva de desenvolvedores de softwares e pode contribuir com a qualidade e presteza dos serviços prestados pela biblioteca.

Referências

CANDAL, D. M.; COSTA, I.; GASPAR, M. A. Análise do relacionamento da gestão do conhecimento estruturada na implantação de métodos ágeis em empresa de desenvolvimento de software. Perspectivas em Gestão & Conhecimento, João Pessoa, v. 11, número especial, p. 146-163, mar. 2021. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/pgc/article/view/57313/33198. Acesso em: 01 dez. 2021.

MANIFESTO para desenvolvimento ágil de software. 2001. Disponível em: http://agilemanifesto.org/iso/ptbr/principles.html. Acesso em: 01 dez. 2021.

RAMOS JUNIOR, M. A. C.; CIANCONI, R. de B. O uso de ontologias no registro de lições aprendidas em projetos gerenciados com Scrum. Perspectivas em Gestão & Conhecimento, João Pessoa, v. 9, n. 1, p. 82-100, jan./abr. 2019. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/pgc/article/view/44206/22440. Acesso em: 03 dez. 2021.

VINAL, V. Metodologias ágeis: o que são, como implementar as 4 principais. 2018. Disponível em: https://rockcontent.com/br/blog/metodologias-ageis/. Acesso em: 3 dez. 2021.


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LILIANA GIUSTI SERRA

Postdoctoral Researcher Associate na University of Illinois at Urbana-Champaign (UIUC). Doutorado em Ciência da Informação pela Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquisa Filho (UNESP). Mestrado em Ciência da Informação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Profissional da informação dos softwares Sophia Biblioteca, Philos e Sophia Acervo.?