LITERATURA INFANTOJUVENIL


POESIA INFANTO-JUVENIL NO BRASIL

Um dia desses acordei com uma poesia infantil martelando minha cabeça, aproveitei que o Pedro, meu sobrinho que tem apenas 2 anos, estava em casa e declamei para ele, assim:

Uma estrelinha no céu piscando, piscando.
Parece que está me chamando.
Quando eu crescer e papai me comprar um avião.
Vou te buscar estrelinha.
Na palma da minha mão.

Nesse momento, me lembrei que já havia feito isso com minha amiga Mariana, quando também tinha 2 anos, e a reação foi a mesma. Os dois me pediram para repetir, repetir... e alguns dias depois, sabiam a poesia por inteiro e recitavam também, incluindo os gestos ensinados.

Maria da Glória Bordini em seu livro "Poesia Infantil", defende que "poesia é brinquedo de criança", e é isso que defendemos também. Ler ou ouvir poesia, tem que ser divertido, provocar emoção e dar prazer.

Porém, durante muito tempo, a poesia foi utilizada como um instrumento para ensinar "bons comportamentos" ou "deveres infantis".

"Um levantamento da poesia dirigida à criança e publicada no Brasil de 1965 a 1978 não inclui mais de trinta títulos acessíveis no mercado, dos quais somente oito são comentados favoravelmente pelos analistas [da Fundação Nacional do Livro Infantil e juvenil]" (BORDINI, 1986, p.56).

Da década de 80 para cá, houve um maior número de escritores que se dedicaram e se dedicam a poesia para crianças e jovens. Eles publicaram e estão publicando poesias criativas (como a que citei no começo desse texto) que não objetivam "fazer a cabeça do leitor", mas sim diverti-lo. Um modelo de poesia que tem musicalidade, compasso, e não obrigatoriamente rima.

Para quem não conhece, citarei os autores que mais gosto. Vou colocá-los em ordem alfabética, não por uma tendência bibliotecária, mas para respeitá-los em suas grandezas: Almir Correia, Angela Leite de Souza, Carlos Queiroz Telles, Cecília Meireles, Elias José, Hardy Guedes, José de Nicola, José Paulo Paes, Luís Camargo, Maria Dinorah, Roseana Murray, Rose Sordi, Sérgio Caparelli, Sidônio Muralha, Sylvia Orthof e Vinícius de Moraes.

Vocês devem estar pensando que esqueci o Mário Quintana, não esqueci não, só quero colocá-lo em destaque e em destaque colocar um poema dele que sei que as crianças gostam muito.

HAI-KAI
No meio da ossaria
Uma caveira piscava-me
Havia um vagalume dentro dela.


Sugestão de Leitura:

BORDINI, Maria da Glória. Poesia infantil. São Paulo: Atlas, 1986.

QUINTANA, Mário. Sapo amarelo. 3.ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986.


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SUELI BORTOLIN

Doutora e Mestre em Ciência da Informação pela UNESP/ Marília. Professora do Departamento de Ciências da Informação do CECA/UEL - Ex-Presidente e Ex-Secretária da ONG Mundoquelê.