QUAL LIVRO INFANTIL VOCÊ CONSIDERA FUNDAMENTAL NA EDUCAÇÃO PARA DIVERSIDADE?
Finalizei a Coluna do mês passado com esta pergunta. Poderia ter consultado especialistas, sites que focam leitura para crianças, mas quis trazer a voz de alguns amigos que de uma maneira estiveram ou estão envolvidos com livros infantis. Dei um pouco de trabalho para eles, pois pedi qual livro ficaria no topo da listagem, isto é, qual escolheria em 1º. Lugar.
Percebi que a maioria teve dificuldade de apontar apenas um. Creio que isso é positivo, pois a literatura infantil de escritores brasileiros é riquíssima e o índice de obras de autores estrangeiros traduzidas e publicadas no Brasil nas últimas décadas, foi significativo.
Então vamos às sugestões coletadas. Aviso que apresentarei em ordem alfabética por sobrenomes dos amigos, talvez tenha aí um vício de bibliotecária.
Vamos em frente:
ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo F. de |
A menina bonita do laço de fita (Ana Maria Machado) |
ALVES, Rosemari P. dos S. |
A menina bonita do laço de fita |
BATISTA, Marcia |
O mundo no Black Power de Tayó |
BORGES, Silvia B. |
Bom dia todas as cores |
BORTOLIN, Solange |
Romeu e Julieta |
FARINA, Tatiane |
O menino marrom |
FREIRE, Flávio |
A bolsa amarela |
MARTINEZ, Marisa L. C. |
Romeu e Julieta |
OLIVEIRA, Emanuele de |
Cor da ternura |
PAGANINI, Marcia |
A terra dos meninos pelados |
PESTANA, Jaqueline |
A princesa e a ervilha |
PRATES, Dirce X. |
Menina bonita do laço de fita |
RIBEIRO, Odilia |
O animal mais feroz |
SOUZA, Tiago de |
Flicts |
TIO, Paulo S. |
Cacoete |
Não parei por aqui... para vocês perceberem como livro infantil CONTAMINA, a escritora Cássia Leslie me mandou pelo whatShapp fotos da capa de livros que na avaliação dela colaboram com a educação para diversidade, são eles: Coach! (Rodrigo Folgueira), Um nó na cabeça (Rosa Amanda Strausz), Do jeito que você é (Telma Guimarães), Gente de cor cor de gente (Mauricio Negro), O vestido da mamãe (Dani Umpi e Rodrigo Moraes), Maioria minoria (Tânia Alexandre Martinelli), Morango sardento e o valentão da escola (Julianne Moore). Não satisfeita, quando me encontrou levou estes livros e quis me emprestar. Respondi: “livros indicados por escritor... são livros que devem ser comprados”.
Caro leitor, não se assuste, não há na minha atitude nenhuma esnobação é que estávamos no último dia de um curso de especialização e sem prazo para devolvê-los me senti constrangida. Evidentemente que comprarei estes livros aos poucos, pois a condição de uma professora aposentada nesse país... (não é preciso dizer mais nada!)
Embalada nessa conversa que eu fui tecendo na rede de amigos, outros livros foram sugeridos e eu, mesmo correndo o risco de a Coluna ficar “listativa” passo a apresentá-los utilizando apenas o critério de ordem alfabética do primeiro nome do autor:
A cor de Coraline |
Alexandre Rampazo |
Obax |
André Neves |
O príncipe atrasado |
Cassia Leslie e Ricardo Dalai |
Felpo Filva |
Eva Furnari |
Drufs |
Eva Furnari |
A família gorgonzola |
Eva Furnari |
A fada que tinha ideias |
Fernanda Lopes de Almeida |
Olivia não quer ser princesa |
Ian Falconer |
Olivia tem dois papais |
Márcia Leite |
Ferdinando, o touro |
Munro Leaf |
Bulunga o rei azul |
Pedro Bloch |
Ninguém é igual a ninguém |
Regina Otero |
Você pode escolher |
Regina Otero |
A primavera da lagarta |
Ruth Rocha |
Marcelo, marmelo, martelo |
Ruth Rocha |
Dono da bola |
Ruth Rocha |
Maria-vai-com-as-outras |
Sylvia Orthof |
Guerra dos lápis |
Tainise Soares |
Diversidade |
Tatiana Belinky |
O livro dos sentimentos |
Todd Parr |
Tudo bem ser diferente |
Todd Parr |
O menino marrom |
Ziraldo |
Inicialmente minha intenção era arrolar os títulos e seus respectivos autores e pronto, missão cumprida. No entanto, alguns amigos fizeram comentários que é enriquecedor aproveitar:
O professor Flavio Freire disse que admira “Lygia Bojunga pela diversidade de pensamentos e postura em suas obras [...] ela é uma autora que me marcou muito e ainda me influencia”
A bibliotecária Marisa Luvizutti Coiado Martinez comentou que a minha pergunta a fez perceber, com felicidade, quanto que “Ruth Rocha contribui muito com essa temática”
O bibliotecário Tiago Souza ao indicar o livro Flicts (Ziraldo) comenta que: “o livro mostra que todos temos importância e um lugar nesse mundo. Literatura boa é assim, passa o tempo e se mantém atual, faz as crianças pensarem e se divertirem, pois texto e ilustração se completam.”
A escritora Márcia Paganini divulgou o link da Fundação Telefônica (http://fundacaotelefonica.org.br/noticias/10-livros-infantis-que-abordam-a-questao-da-diversidade/), onde há a indicação de 10 livros que abordam a diversidade, sendo eles: Olívia quer ser princesa (Ian Falconer), Do jeito que a gente é (Márcia Leite), Eugênia e os robôs (Janaina Tokitaka), Flicts (Ziraldo), Tudo bem ser diferente (Todd Par), O cabelo de Lelê (Valéria Belém), Rodrigo enxerga tudo (Markiano Charan Filho), Um outro país para Azzi (Sarah Garland), Minha família é colorida (Georgina Martin) e Meu amigo Jim (Kitty Crowther).
A professora Lucinea Aparecida Rezende, que, por muito tempo, manteve um programa na UEL/FM denominado Ler para Ser, responde: “a literatura infantil não é minha praia, mas adoro Patinho feio”. Ela acrescenta que o mundo do sítio do picapau amarelo em sua diversidade pode ser amplamente explorado. [...] ainda que haja a indicação de comentários preconceituosos.
A respeito desse assunto eu quero me posicionar: há sim na obra de Lobato, o que eu denomino de palavras doloridas, então, e até por isso, deve-se discutir na escola e na família sua obra.
Finalmente o professor Rovilson José da Silva, colunista do Infohome, não indicou nenhuma obra, pois acredita que não dá para apontar uma obra específica. O fundamental é que a criança tenha contato contínuo com diversos gêneros textuais: prosa, verso, imagem etc. e que conheçam diversas culturas, diversas épocas, diversas maneiras de ser, diversos pontos de vista, diversas famílias. É preciso oferecer desde os clássicos como Monteiro Lobato, Vinicius de Moraes, Cecilia Meireles e Mario Quintana; ou os mais atuais como Ziraldo, Ruth Rocha, Roseana Murray entre outros. Enfim, é necessário o leitor ter contato com as obras clássicas, mas também com contos tradicionais, fábulas, contos folclóricos.
O leitor deve estar pensando e você? Qual livro colocaria no topo da listagem? Teria muitas e muitas obras, mas no atual momento brasileiro responderia sem titubear: Ave alegria - Sylvia Orthof.
Peço bençãos (no sentido amplo sem apego a qualquer credo, religião, filosofia, ideologia...) a essa genial escritora e trago um trecho dessa obra:
Ave o rei negro
e o negro rei,
e a realeza de um judeu!
Ave o rei branco
e o branco rei!
Ave o rei homem,
ave a mulher,
sempre rainha!
Ave o índio,
a indiazinha!
Ave o amarelo
oriental!
Ave a igualdade racial!
Agora preciso avançar mais um pouco na idade... ao leitor infantojuvenil eu indicaria - Capitães da areia de Jorge Amado, mas paro por aqui, pois este é um assunto para próxima Coluna.